Descoberta a mais distante galáxia no Universo
2013-10-24
Esta imagem do levantamento CANDELS do Telescópio Espacial Hubble destaca a galáxia z8_GND_5296, a mais longínqua, com distância medida, do Universo. A cor vermelha da galáxia alertou os astrónomos para a possibilidade de ela estar extremamente longe, vista tal como era em algum momento logo após o Big Bang. Os astrónomos mediram a distância exacta usando o novo espectrógrafo do telescópio Keck I e descobriram que ela remonta a 700 milhões de anos após o Big Bang, quando o Universo tinha apenas 5% da idade actual. Crédito: V. Tilvi (Texas A&M), S. Finkelstein (UT Austin), the CANDELS team, and HST/NASA.
galáxia
Um vasto conjunto de estrelas, nebulosas, gás e poeira interestelar gravitacionalmente ligados. As galáxias classificam-se em três categorias principais: espirais, elípticas e irregulares.
mais distante até agora descoberta!". Se é verdade que os astrónomos, graças ao aperfeiçoamento dos instrumentos, têm conseguido observar cada vez mais atrás no tempo, há desafios que são fundamentais tanto para a observação como para a medição das distâncias das primeiras galáxias do Universo.
Um vasto conjunto de estrelas, nebulosas, gás e poeira interestelar gravitacionalmente ligados. As galáxias classificam-se em três categorias principais: espirais, elípticas e irregulares.
É por isso que a recente observação de uma galáxia tal como era há cerca de 13 mil milhões de anos, ou cerca de 700 milhões de anos após o Big Bang, é significativa. Foram já identificadas dezenas de galáxias que se formaram na mesma época, mas os astrónomos apenas haviam medido distâncias precisas para cinco delas. Esta galáxia é a sexta cuja distancia foi medida e é a mais longínqua do grupo.
O novo estudo, publicado na revista Nature, é um esforço conjunto da Universidade do Texas em Austin e da Universidade Texas A & M, com a colaboração de dez outras instituições internacionais, da Califórnia ao Massachusetts e de Itália a Israel. É o resultado de dados extraídos de um levantamento do Hubble Space Telescope
Hubble Space Telescope (HST)
O Telescópio Espacial Hubble é um telescópio espacial que foi colocado em órbita da Terra em 1990 pela NASA, em colaboração com a ESA. A sua posição acima da atmosfera terrestre permite-lhe observar os objectos astronómicos com uma qualidade ímpar.
chamado CANDELS (Cosmic Assembly Near-infrared Deep Extragalactic Legacy Survey). Usando esses dados, a equipa tinha 43 potenciais galáxias para tentar confirmar as suas distâncias.
O Telescópio Espacial Hubble é um telescópio espacial que foi colocado em órbita da Terra em 1990 pela NASA, em colaboração com a ESA. A sua posição acima da atmosfera terrestre permite-lhe observar os objectos astronómicos com uma qualidade ímpar.
O artigo descreve a medição do redshift
desvio para o vermelho (z)
Designa-se por desvio para o vermelho (em inglês, redshift) o desvio do espectro de um objecto para comprimentos de onda mais longos. O desvio para o vermelho pode dever-se ao movimento do objecto a afastar-se do observador (desvio de Doppler), ou à expansão do Universo (desvio para o vermelho cósmico, ou gravitacional). O desvio para o vermelho cósmico permite estimar a distância a que o objecto se encontra: quanto maior o desvio, mais distante o objecto. O desvio de Doppler permite calcular a velocidade a que o objecto se desloca.
da galáxia z8_GND_5296, identificada no CANDELS, com a ajuda do novo espectrógrafo de infravermelhoDesigna-se por desvio para o vermelho (em inglês, redshift) o desvio do espectro de um objecto para comprimentos de onda mais longos. O desvio para o vermelho pode dever-se ao movimento do objecto a afastar-se do observador (desvio de Doppler), ou à expansão do Universo (desvio para o vermelho cósmico, ou gravitacional). O desvio para o vermelho cósmico permite estimar a distância a que o objecto se encontra: quanto maior o desvio, mais distante o objecto. O desvio de Doppler permite calcular a velocidade a que o objecto se desloca.
infravermelho
Região do espectro electromagnético compreendida entre os comprimentos de onda de 0,7 e 350 mícrones. Esta banda permite observar astros, fenómenos, ou processos físicos com temperaturas entre 10 e 5200 graus Kelvin.
do Observatório W.M. Keck, no Havai. Foi medido um redshift de 7.51, o que se traduz numa distância de cerca de 13 mil milhões de anos-luzRegião do espectro electromagnético compreendida entre os comprimentos de onda de 0,7 e 350 mícrones. Esta banda permite observar astros, fenómenos, ou processos físicos com temperaturas entre 10 e 5200 graus Kelvin.
ano-luz (al)
O ano-luz (al) é uma unidade de distância igual a 9,467305 x 1012 km, que corresponde à distância percorrida pela luz, no vácuo, durante um ano.
, acabando por ser a galáxia mais distante já confirmada. Quanto maior for o seu redshift, desvio para o vermelho, mais distante uma galáxia está de nós e, por consequência, há mais tempo emitiu a luz que vemos. Com a expansão do Universo, o comprimento de ondaO ano-luz (al) é uma unidade de distância igual a 9,467305 x 1012 km, que corresponde à distância percorrida pela luz, no vácuo, durante um ano.
comprimento de onda
Designa-se por comprimento de onda a distância entre dois pontos sucessivos de amplitude máxima (ou mínima) de uma onda.
da luz aumenta de forma proporcional. Deste modo, a luz visívelDesigna-se por comprimento de onda a distância entre dois pontos sucessivos de amplitude máxima (ou mínima) de uma onda.
radiação visível
A radiação visível é a região do espectro electromagnético que os nossos olhos detectam, compreendida entre os comprimentos de onda de 350 e 700 nm (frequências entre 4,3 e 7,5x1014Hz). Os nossos olhos distinguem luz visível de frequências diferentes, desde a luz violeta (radiação com comprimentos de onda ~ 400 nm), até à luz vermelha (com comprimentos de onda ~ 700 nm), passando pelo azul, anil, verde, amarelo e laranja.
e até as emissões ultravioletaA radiação visível é a região do espectro electromagnético que os nossos olhos detectam, compreendida entre os comprimentos de onda de 350 e 700 nm (frequências entre 4,3 e 7,5x1014Hz). Os nossos olhos distinguem luz visível de frequências diferentes, desde a luz violeta (radiação com comprimentos de onda ~ 400 nm), até à luz vermelha (com comprimentos de onda ~ 700 nm), passando pelo azul, anil, verde, amarelo e laranja.
ultravioleta
O ultravioleta á a banda do espectro electromagnético que cobre a gama de comprimentos de onda entre os 91,2 e os 350 nanómetros. Esta radiação é largamente bloqueada pela atmosfera terrestre.
comuns nas estrelasO ultravioleta á a banda do espectro electromagnético que cobre a gama de comprimentos de onda entre os 91,2 e os 350 nanómetros. Esta radiação é largamente bloqueada pela atmosfera terrestre.
estrela
Uma estrela é um objecto celeste gasoso que gera energia no seu núcleo através de reacções de fusão nuclear. Para que tal possa suceder, é necessário que o objecto possua uma massa superior a 8% da massa do Sol. Existem vários tipos de estrelas, de acordo com as suas temperaturas efectivas, cores, idades e composição química.
são desviadas para a parte infravermelha do espectro electromagnéticoUma estrela é um objecto celeste gasoso que gera energia no seu núcleo através de reacções de fusão nuclear. Para que tal possa suceder, é necessário que o objecto possua uma massa superior a 8% da massa do Sol. Existem vários tipos de estrelas, de acordo com as suas temperaturas efectivas, cores, idades e composição química.
espectro electromagnético
O espectro electromagnético é a gama completa de comprimentos de onda da radiação electromagnética. Divide-se usualmente nas bandas dos raios gama, raios-X, ultravioleta, visível, infravermelho, submilímetro, milímetro, microondas (comprimentos de onda da ordem do centímetro) e rádio (comprimentos de onda superiores ao metro).
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O espectro electromagnético é a gama completa de comprimentos de onda da radiação electromagnética. Divide-se usualmente nas bandas dos raios gama, raios-X, ultravioleta, visível, infravermelho, submilímetro, milímetro, microondas (comprimentos de onda da ordem do centímetro) e rádio (comprimentos de onda superiores ao metro).
O valor foi determinado medindo a emissão Lyman alfa (Ly α) do hidrogénio, que é muito comum mas difícil de medir a tais distâncias. As emissões Ly α não têm sido detectadas para a maioria das galáxias a distâncias comparáveis, pois algo parece estar a impedir que grande parte dessa emissão chegue até nós. Uma das explicações possíveis é a de que o gás intergaláctico neutro pode estar a dispersar essa luz, mas há poucas galáxias observadas para se poder confirmar esta hipótese. Como resultado, mesmo que consideremos que há dezenas de galáxias com desvios para o vermelho superiores a 7 (determinados não pelo espectro, mas pela cor aparente da galáxia), estes desvios não estão confirmados. O estudo refere 43 galáxias primitivas, mas dessa amostra apenas uma possuía emissões Ly α que se puderam medir.
Outro pormenor interessante é que a galáxia z8_GND_5296 é relativamente rica em "metais" (elementos mais pesados que o hélio). Tendo em conta que estes elementos são produzidos pelas estrelas e não pelo Big Bang, este facto indica um ciclo muito rápido de nascimento e morte de estrelas no momento em que esta galáxia emitiu a luz que observamos.
Para apoiar esta afirmação, os autores do estudo descobriram que a galáxia z8_GND_5296 e outra galáxia semelhante, designada por GN 108036, têm altas taxas de formação estelar, convertendo o equivalente a 330 massas solares
massa solar
Massa solar é a quantidade de massa existente no Sol e, simultaneamente, a unidade na qual os astrónomos exprimem as massas das estrelas, nebulosas e galáxias. Uma massa solar é igual a 1,989x1030 kg.
em novas estrelas. Isto corresponde a uma taxa de formação 100 vezes superior à taxa actual da Via LácteaMassa solar é a quantidade de massa existente no Sol e, simultaneamente, a unidade na qual os astrónomos exprimem as massas das estrelas, nebulosas e galáxias. Uma massa solar é igual a 1,989x1030 kg.
Via Láctea
A Via Láctea é a galáxia de que faz parte o nosso Sistema Solar. Trata-se de uma galáxia espiral gigante, com um diâmetro de cerca de 160 mil anos-luz e uma massa da ordem de 100 mil milhões de vezes a massa do Sol.
, e é um valor comparável ao de algumas das galáxias com formação estelar elevadíssima. Pensava-se que este tipo de galáxias era raro, por isso os astrónomos terão de rever as estimativas sobre a taxa de formação de novas estrelas em galáxias primitivas. As primeiras galáxias podem ter sido bem mais agressivas, em termos de formação estelar, do que se acreditava anteriormente.
A Via Láctea é a galáxia de que faz parte o nosso Sistema Solar. Trata-se de uma galáxia espiral gigante, com um diâmetro de cerca de 160 mil anos-luz e uma massa da ordem de 100 mil milhões de vezes a massa do Sol.
Com o evoluir das observações, será interessante descobrir como são as outras galáxias primitivas. Sem essa informação, não é possível saber se z8_GND_5296, com a sua elevadíssima formação estelar, é ou não uma raridade, nem entender por que é relativamente brilhante nas emissões Ly α enquanto outras da mesma família não são. E talvez seja possível identificar o memento exacto que separa aquela que foi uma era sem galáxias da formação das primeiras galáxias.
Fonte: http://www.universetoday.com/105694/taking-measure-a-new-most-distant-galaxy/