IRIS irá observar com precisão a energia do Sol

2013-06-25

Engenheiros trabalham com a nave espacial IRIS no nariz do foguete Pegasus XL que vai lançar o observatório solar na órbita da Terra. Crédito: VAFB / Rnady Beaudoin.
Como flui a energia da superfície do Sol
Sol
O Sol é a estrela nossa vizinha, que se encontra no centro do Sistema Solar. Trata-se de uma estrela anã adulta (dita da sequência principal) de classe espectral G. A temperatura na sua superfície é aproximadamente 5800 graus centígrados e o seu raio atinge os 700 mil quilómetros.
? Apesar de vivermos relativamente perto da nossa estrela
estrela
Uma estrela é um objecto celeste gasoso que gera energia no seu núcleo através de reacções de fusão nuclear. Para que tal possa suceder, é necessário que o objecto possua uma massa superior a 8% da massa do Sol. Existem vários tipos de estrelas, de acordo com as suas temperaturas efectivas, cores, idades e composição química.
(a oito minutos-luz) e de termos várias sondas a observá-la, ainda sabemos muito pouco sobre como se dão as transferências de energia através da atmosfera
atmosfera
1- Camada gasosa que envolva um planeta ou uma estrela. No caso das estrelas, entende-se por atmosfera as suas camadas mais exteriores. 2- A atmosfera (atm) é uma unidade de pressão equivalente a 101 325 Pa.
solar.

Assim, a próxima missão solar da NASA
National Aeronautics and Space Administration (NASA)
Entidade norte-americana, fundada em 1958, que gere e executa os programas espaciais dos Estados Unidos da América.
é lançada esta quarta-feira, 26 de Junho (se tudo correr conforme o previsto), com o objectivo de nos ajudar a esclarecer estas dúvidas. Tem o nome de IRIS (Interface Region Imaging Spectrograph) e irá concentrar-se numa zona da baixa atmosfera solar conhecida como região de interface ou de transição. A região tem uma espessura de apenas 4800 a 9650 quilómetros e é encarada como uma zona chave onde ocorrem transferências para a incrivelmente quente coroa solar
coroa solar
A coroa solar é a região mais exterior da atmosfera do Sol, imediatamente acima da cromosfera. É composta por gás pouco denso, a uma temperatura acima de um milhão de graus (1-2x106 K). Este gás estende-se por milhares de quilómetros acima da superfície solar e pode ser observado na luz visível durante os eclipses solares, ou com o auxílio de aparelhos especiais, os coronógrafos.
(que se pode ver durante eclipses
eclipse
Um eclipse é uma ocultação total ou parcial de um corpo celeste, quando outro corpo passa entre este e o observador.
totais do Sol.)

"A IRIS vai levar as nossas observações do Sol até uma região que tem sido historicamente difícil de estudar", afirmou Joe Davila, cientista do projecto IRIS no Goddard Space Flight Center da NASA. "Compreender melhor a região de interface aumentará a nossa compreensão de toda a coroa e de que forma ela afecta o Sistema Solar
Sistema Solar
O Sistema Solar é constituído pelo Sol e por todos os objectos que lhe estão gravitacionalmente ligados: planetas e suas luas, asteróides, cometas, material interplanetário.
."

Se conhecermos melhor a região de interface saberemos mais sobre como a atmosfera solar afecta a Terra.

Parte da energia na região de interface liberta-se e alimenta o vento solar
vento solar
O vento solar é um vento contínuo de plasma quente que tem origem na coroa solar e preenche o espaço interplanetário do Sistema Solar. A 1 UA do Sol (ou seja, à distância da Terra ao Sol), a velocidade do vento solar é de cerca de 450 km/s e a densidade é aproximadamente 7 protões/cm3. O vento solar confina o campo magnético da Terra e é responsável por fenómenos como tempestades geomagnéticas e auroras. O Sol ejecta cerca de 10-13 da sua massa por ano via vento solar.
, que é uma espécie de chuva de partículas que abandonam a estrela. Algumas delas atingem o campo magnético
campo magnético
O campo magnético é a região em torno de um corpo na qual é detectada uma força magnética. Os campos magnéticos actuam apenas em partículas electricamente carregadas. Campos magnéticos fracos são por exemplo gerados por efeito de dínamo no interior dos planetas e luas, enquanto que campos magnéticos mil milhões de vezes mais fortes podem ser gerados em estrelas e galáxias. Os campos magnéticos são capazes de controlar o movimento de gás ionizado e até moldar a forma dos corpos por eles actuados.
da Terra e podem produzir auroras
aurora
A aurora é a luz emitida pelos iões da atmosfera terrestre, principalmente nos pólos geomagnéticos da Terra, estimulada pelo bombardeamento de partículas de alta energia ejectadas pelo Sol. As auroras aparecem dois dias depois das fulgurações solares, proporcionando um espectáculo de rara beleza, e atingem o seu pico cerca de dois anos depois do máximo de manchas solares. As auroras boreais e austrais são observáveis a latitudes elevadas no hemisfério Norte e hemisfério Sul, respectivamente.
. A maior parte da radiação
radiação electromagnética
A radiação electromagnética, ou luz, pode ser considerada como composta por partículas (os fotões) ou ondas. As suas propriedades dependem do comprimento de onda: ondas ou fotões com comprimentos de onda mais longos traduzem radiação menos energética. A radiação electromagnética, ou luz, é usualmente descrita como um conjunto de bandas de radiação, como por exemplo o infravermelho, o rádio ou os raios-X.
ultravioleta
ultravioleta
O ultravioleta á a banda do espectro electromagnético que cobre a gama de comprimentos de onda entre os 91,2 e os 350 nanómetros. Esta radiação é largamente bloqueada pela atmosfera terrestre.
do Sol também flui a partir da região de interface.

As imagens da IRIS serão capazes de focar cerca de 1% do Sol de uma só vez, com resolução para pormenores tão pequenos como 240 quilómetros. O satélite irá manter uma órbita
órbita
A órbita de um corpo em movimento é a trajectória que o corpo percorre no espaço.
em torno da Terra perpetuamente acima da linha do nascer do Sol, numa localização que lhe permitirá observar continuamente a estrela, durante oito meses, sem que ela seja obscurecida pela Terra.

A IRIS irá complementar as missões Solar Dynamics Observatory e Hinode (missão conjunta com o Japão), ambas a registar imagens do Sol em alta definição. No entanto, estes dois outros observatórios olham para diferentes camadas solares (concretamente, para a superfície e para a atmosfera exterior). Com a IRIS no grupo e a observar a região de interface iremos ter um quadro mais completo.

"Relacionar observações da IRIS com as dos outros observatórios solares abrirá as portas à investigação fundamental com vista a encontrar respostas para as perguntas básicas sobre a coroa", afirmou Davila.

Fonte da notícia: http://www.universetoday.com/103098/this-energy-boosting-region-in-the-sun-will-have-a-new-nasa-satellite-watching-it/