NGC 6240: colossal nuvem de gás quente envolve colisão de galáxias

2013-05-01

Na nova imagem composta de NGC 6240 os raios-X do Chandra que revelam a nuvem de gás quente surgem a roxo. Estes dados foram combinados com dados ópticos do telescópio espacial Hubble, que mostram as longas caudas de maré das galáxias que se fundem, estendendo-se para a direita e para baixo na imagem. Credito: X-ray (NASA/CXC/SAO/E.Nardini et al); Optical (NASA/STScI).
Um grupo de cientistas usou o Chandra
Chandra X-ray Observatory
O observatório de raios-X Chandra, lançado em 1999, faz parte do projecto dos Grandes Observatórios Espaciais da NASA. O seu nome homenageia Subrahmanyan Chandrasekhar, Prémio Nobel da Física em 1983. O Chandra detecta fontes de raios-X a milhares de milhões de anos-luz de nós. Observar em raios-X é a única forma de observar matéria muito quente, a milhões de graus Célsius. O Chandra detecta raios-X de regiões de alta energia, como por exemplo remanescentes de supernovas.
para fazer o estudo detalhado de uma enorme nuvem de gás quente, envolvendo duas grandes galáxias
galáxia
Um vasto conjunto de estrelas, nebulosas, gás e poeira interestelar gravitacionalmente ligados. As galáxias classificam-se em três categorias principais: espirais, elípticas e irregulares.
em colisão. Este reservatório de gás invulgarmente grande contém uma massa
massa
A massa é uma medida da quantidade de matéria de um dado corpo.
equivalente a 10 mil milhões de sóis, estende-se por cerca de 300 mil anos-luz
ano-luz (al)
O ano-luz (al) é uma unidade de distância igual a 9,467305 x 1012 km, que corresponde à distância percorrida pela luz, no vácuo, durante um ano.
e irradia a uma temperatura superior a 7 milhões de graus Kelvin.

Esta nuvem gigante de gás, a que os cientistas chamam "halo", situa-se no sistema NGC 6240. Os astrónomos já sabiam que NGC 6240 era o local de fusão
fusão
1- passagem do estado sólido ao líquido, por efeito do calor; 2- junção, união.
de duas grandes galáxias espirais semelhantes em tamanho à Via Láctea
Via Láctea
A Via Láctea é a galáxia de que faz parte o nosso Sistema Solar. Trata-se de uma galáxia espiral gigante, com um diâmetro de cerca de 160 mil anos-luz e uma massa da ordem de 100 mil milhões de vezes a massa do Sol.
. Cada galáxia contém no seu centro um buraco negro
buraco negro
Um buraco negro é um objecto cuja gravidade é tão forte que a sua velocidade de escape é superior à velocidade da luz. Em Astronomia, distinguem-se dois tipos de buraco negro: os buracos negros estelares, que resultam da morte de uma estrela de massa elevada, e os buracos negros galácticos, que existem no centro das galáxias activas.
de enorme massa. Os buracos negros movem-se em espiral em direcção um ao outro e podem eventualmente vir a fundir-se formando um buraco negro ainda maior.

A colisão entre as galáxias levou a que o gás contido em cada uma delas fosse violentamente agitado. Isto provocou um aumento súbito no nascimento de novas estrelas
estrela
Uma estrela é um objecto celeste gasoso que gera energia no seu núcleo através de reacções de fusão nuclear. Para que tal possa suceder, é necessário que o objecto possua uma massa superior a 8% da massa do Sol. Existem vários tipos de estrelas, de acordo com as suas temperaturas efectivas, cores, idades e composição química.
, que durou pelo menos 200 milhões de anos. Durante este boom de formação estelar, algumas das estrelas de maior massa evoluíram demasiado depressa e terminaram a sua vida explodindo como supernovas
supernova
Uma supernova é a explosão de uma estrela no final da sua vida. As explosões de supernova são de tal forma violentas e luminosas que o seu brilho pode ultrapassar o brilho de uma galáxia inteira. Existem dois tipos principais de supernova: as supernovas Tipo Ia, que resultam da explosão duma estrela anã branca que, no seio de um sistema binário, rouba matéria da estrela companheira até a sua massa atingir o limite de Chandrasekhar e então colapsa; e as supernovas Tipo II, que resultam da explosão de uma estrela isolada de massa elevada (com massa superior a cerca de 4 vezes a massa do Sol) que esgotou o seu combustível nuclear e expeliu as suas camadas externas, restando apenas um objecto compacto (uma estrela de neutrões ou um buraco negro).
.

Os cientistas envolvidos neste estudo argumentam que a onda de explosões de supernovas dispersou quantidades relativamente elevadas de elementos importantes, tais como oxigénio, néon, magnésio e silício, pelo gás quente das galáxias fundidas. De acordo com os investigadores, os dados sugerem que este gás enriquecido se tenha expandido e misturado lentamente com o gás mais frio que já existia.

Durante a prolongada onda nascimentos, ocorreram períodos de elevada formação de estrelas. Por exemplo, a mais recente explosão de formação estelar durou cerca de 5 milhões de anos e ocorreu há cerca de 20 milhões de anos. No entanto, os investigadores não crêem que o gás quente tenha sido produzido apenas por esta curta explosão.

O que reservará o futuro para NGC 6240? Muito provavelmente as duas galáxias espirais formarão uma jovem galáxia elíptica ao longo de milhões de anos. No entanto, não se sabe que quantidade do gás quente poderá ser retida pela galáxia recém-formada ao invés de se perder para o espaço circundante. Mas, para além disto, a colisão oferece a oportunidade de presenciar, numa versão relativamente próxima, um evento que foi muito comum no início do Universo, quando as galáxias estavam muito mais juntas e se fundiam com mais frequência
frequência
Num fenómeno periódico, a frequência é o número de ciclos por unidade de tempo.
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O artigo que descreve os novos resultados para NGC 6240 está disponível online e surgiu na edição de 10 de Março de 2013 do The Astrophysical Journal.

Fonte da notícia: http://www.chandra.harvard.edu/photo/2013/ngc6240/