Novo tipo de fulguração de raios gama de duração ultra-longa

2013-04-18

Em cima: A GRB 111209A - 9 de Dezembro de 2011. A fulguração produziu emissão de alta energia durante 7 horas, o record da GRB de mais longa duração observada. Esta imagem em cor falsa mostra o evento captado pelo telescópio de raios-X do Swift. Crédito: NASA / Swift / B. Gendre (ASDC / INAF-OAR / ARTEMIS). Em baixo: Os astrónomos sugerem que as estrelas supergigantes azuis podem ser as fontes mais prováveis de GRBs ultra-longas. Estas estrelas têm cerca de 20 vezes a massa do Sol e podem atingir tamanhos 1000 vezes superiores, tornando-se quase tão grandes como a órbita de Júpiter. Crédito: NASA Goddard Space Flight Center / S. Wiessinger
Três explosões estelares de invulgar longa duração, descobertas pelo satélite Swift
Swift Gamma-ray Burst Explorer
O observatório espacial Swift é uma missão da NASA em colaboração com outros países, lançada em Novembro de 2004 e com uma duração prevista de 2 anos. O objectivo é estudar as fulgurações de raios gama em vários comprimentos de onda. Para tal, conta com três instrumentos: o Burst Alert Telescope (BAT), que monitoriza o céu em raios gama à procura das fulgurações, o telescópio de raios-X XRT e o telescópio óptico e ultravioleta UVOT.
da NASA
National Aeronautics and Space Administration (NASA)
Entidade norte-americana, fundada em 1958, que gere e executa os programas espaciais dos Estados Unidos da América.
, representam uma nova classe de fulgurações de raios gama
fulguração de raios gama
Uma fulguração de raios gama é uma potentíssima explosão, com consequente libertação de fotões gama, que ocorre em direcções aleatórias no céu. Descobertas acidentalmente nos anos 1960, sabe-se que algumas delas estão associadas a um tipo particular de supernovas, as explosões que marcam o fim da vida de uma estrela de massa elevada.
(GRBs). Duas equipas internacionais de astrónomos, a estudar estes eventos, concluem que eles têm provavelmente origem na morte catastrófica de estrelas
estrela
Uma estrela é um objecto celeste gasoso que gera energia no seu núcleo através de reacções de fusão nuclear. Para que tal possa suceder, é necessário que o objecto possua uma massa superior a 8% da massa do Sol. Existem vários tipos de estrelas, de acordo com as suas temperaturas efectivas, cores, idades e composição química.
supergigantes, centenas vezes maiores que o Sol
Sol
O Sol é a estrela nossa vizinha, que se encontra no centro do Sistema Solar. Trata-se de uma estrela anã adulta (dita da sequência principal) de classe espectral G. A temperatura na sua superfície é aproximadamente 5800 graus centígrados e o seu raio atinge os 700 mil quilómetros.
.

Os astrónomos discutiram as suas descobertas no Simpósio GBR 2013 que se celebra em Nashville, Tennessee, um encontro patrocinado em parte pela Universidade do Alabama em Huntsville e pelos telescópios espaciais das Missões de raios gama
raios gama
Os raios gama são a componente mais energética e mais penetrante de toda a radiação electromagnética. Os fotões gama possuem energias elevadíssimas, tipicamente superiores a 10 keV, às quais correspondem comprimentos de onda inferiores a umas décimas do Ångstrom. Este tipo de radiação é, por exemplo, emitido espontaneamente por núcleos atómicos de algumas substâncias radioactivas.
Swift e Fermi.

As fulgurações
fulguração
Uma fulguração é uma libertação de energia de forma explosiva da qual resulta um aumento rápido do brilho do astro no qual ocorre. São exemplo deste tipo de fenómenos as fulgurações solares, associadas às manchas solares, bem como as fulgurações de raios-X, que ocorrem em estrelas de neutrões, e de raios gama, que se sabe estarem relacionadas com as explosões de supernova.
de raios gama (GBRs) são as explosões mais luminosas e misteriosas do Universo. As explosões emitem ondas de raios gama - a mais poderosa forma de luz - assim como raios-X
raios-X
A radiação X é a radiação electromagnética cujo comprimento de onda está compreendido entre o ultravioleta e os raios gama, ou seja, pertence ao intervalo de aproximadamente 0,1 Å a 100 Å. Descobertos em 1895, os raios-X tambêm são, por vezes, chamados de raios de Röntgen em homenagem ao seu descobridor. A radiação X é altamente penetrante, o que a torna muito útil, por exemplo, para obter radiografias.
, e produzem brilhos
brilho
O brilho de um astro refere-se à quantidade de luz que dele provém, ou seja, a quantidade de energia por ele emitida por unidade de área por unidade de tempo. Dado que o brilho observado, ou medido, depende da distância ao objecto, distingue-se o brilho aparente (quando medido a uma determinada distância), do brilho intrínseco (conceptualmente medido na supefície do próprio astro).
residuais que podem ser observados no óptico e no rádio
rádio
O rádio é a banda do espectro electromagnético de maior comprimento de onda (menor frequência) e cobre a gama de comprimentos de onda superiores a 0,85 milímetros. O domínio do rádio divide-se no submilímetro, milímetro, microondas e rádio.
. O Swift, o Fermi e outros telescópios detectam em média cerca de uma GRB por dia.

"Temos visto milhares de fulgurações de raios gama ao longo das últimas quatro décadas, mas só agora estamos a ter uma imagem clara do quão extremos estes eventos extraordinários podem ser", disse Bruce Gendre, investigador agora associado ao Centro Nacional Francês de Pesquisa Científica e que conduziu este estudo quando ainda estava no Centro de Dados da Agência Espacial Italiana de Ciência, em Frascati, Itália.

Antes do lançamento do Swift, em 2004, os instrumentos dos satélites eram muito menos sensíveis a fulgurações de raios gama que ocorreram em escalas de tempo relativamente longas.

Tradicionalmente, os astrónomos têm reconhecido dois tipos de GBRs, curtas e longas, com base na duração do sinal de raios gama. A fulgurações curtas duram dois segundos ou menos e pensa-se que estão relacionadas com a fusão
fusão
1- passagem do estado sólido ao líquido, por efeito do calor; 2- junção, união.
de objectos compactos num sistema binário, provavelmente estrelas de neutrões
estrela de neutrões
Uma estrela de neutrões é o remanescente de uma estrela de massa elevada que explodiu como supernova. Trata-se de um objecto muito compacto constituído essencialmente por neutrões, com apenas cerca de 10 a 20 km de diâmetro, uma densidade média entre 1013 e 1015 g/cm3, uma temperatura central de 109 graus e um intenso campo magnético de 1012 gauss.
ou buracos negros
buraco negro
Um buraco negro é um objecto cuja gravidade é tão forte que a sua velocidade de escape é superior à velocidade da luz. Em Astronomia, distinguem-se dois tipos de buraco negro: os buracos negros estelares, que resultam da morte de uma estrela de massa elevada, e os buracos negros galácticos, que existem no centro das galáxias activas.
. As fulgurações longas podem durar de alguns segundos a vários minutos (as durações médias situam-se entre os 20 e os 50 segundos), e julga-se que estão associadas ao colapso de uma estrela com várias vezes a massa do Sol
massa solar
Massa solar é a quantidade de massa existente no Sol e, simultaneamente, a unidade na qual os astrónomos exprimem as massas das estrelas, nebulosas e galáxias. Uma massa solar é igual a 1,989x1030 kg.
e o consequente nascimento de um buraco negro.

Ambos os cenários dão origem a poderosos jactos que lançam matéria em direcções opostas a velocidades próximas à da luz. Quando interagem com a matéria dentro e em torno da estrela, os jactos de produzem um pico de luz de alta energia.

Gendre e os seus colegas fizeram um estudo detalhado da GRB 111209A, que surgiu a 9 de Dezembro de 2011, usando dados de raios gama do instrumento Konus do satélite Wind da NASA e também observações em raios-X do Swift e do XMM-Newton
X-ray Spectroscopy Multi-Mirror Mission (XMM-Newton)
Satélite de raios-X da Agência Espacial Europeia colocado em órbita no dia 10 de Dezembro de 1999, com a ajuda de um foguetão Ariane 5. Este satélite é o segundo de uma série de missões no âmbito do programa espacial europeu de longo termo Horizon 2000.
da ESA
European Space Agency (ESA)
A Agência Espacial Europeia foi fundada em 1975 e actualmente conta com 15 países membros, incluindo Portugal.
e dados ópticos do observatório robótico TAROT de La Silla, Chile. A fulguração continuou a produzir emissão de alta de energia durante umas incríveis sete horas, tornando-se, de longe, a GBR de maior duração já registada. As descobertas da equipa surgiram na edição de 20 de Março do The Astrophysical Journal.

Outro evento, a GRB 101225A, surgiu no dia de Natal de 2010 e produziu emissão de alta de energia durante pelo menos duas horas. Posteriormente denominada "fulguração de Natal", a sua distância era desconhecida, o que levou duas equipas a chegarem a interpretações físicas radicalmente diferentes. Uma delas concluiu que a explosão foi causada por um asteróide
asteróide
Um asteróide é um pequeno corpo rochoso que orbita em torno do Sol, com uma dimensão que pode ir desde os 100 m até aos 1000 km. A maioria dos asteróides encontra-se entre as órbitas de Marte e de Júpiter. Também são designados por planetas menores.
ou um cometa
cometa
Os cometas são pequenos corpos irregulares, compostos por gelos (de água e outros) e poeiras. Os cometas têm órbitas de grande excentricidade à volta do Sol. As estruturas mais importantes dos cometas são o núcleo, a cabeleira e as caudas.
ao cair sobre uma estrela de neutrões
neutrão
Partícula que, juntamente com o protão, constitui os núcleos atómicos. Exceptuando o hidrogénio, todos os átomos têm neutrões, e é o número de neutrões que determina o isótopo de determinado elemento químico. Os neutrões têm carga eléctrica neutra. Os neutrões são formados por três quarks (dois "d" e um "u"), são bariões (e hadrões) e o seu spin é um número semi-inteiro. Os neutrões livres declinam por decaímento beta, com um tempo de semi-vida de 10,8 minutos, originando um protão, um electrão e um neutrino. No núcleo atómico, o neutrão é tão estável quanto o protão.
dentro da nossa própria Galáxia
Via Láctea
A Via Láctea é a galáxia de que faz parte o nosso Sistema Solar. Trata-se de uma galáxia espiral gigante, com um diâmetro de cerca de 160 mil anos-luz e uma massa da ordem de 100 mil milhões de vezes a massa do Sol.
. A outra equipa determinou que a explosão foi o resultado de um evento de fusão num sistema binário exótico localizado a cerca de 3,5 mil milhões de anos-luz
ano-luz (al)
O ano-luz (al) é uma unidade de distância igual a 9,467305 x 1012 km, que corresponde à distância percorrida pela luz, no vácuo, durante um ano.
de distância.

"Sabemos agora que a fulguração de Natal ocorreu muito mais longe, para lá de meio caminho através do Universo observável
Universo observável
Chama-se Universo observável a tudo o que pode ser observado até ao limite em que, no passado, e de acordo com os modelos teóricos, o Universo era opaco, ou seja, quando tinha uma idade de apenas cerca de 300 mil anos.
, e consequentemente foi muito mais poderosa do que os investigadores imaginavam", afirmou Andrew Levan, astrónomo da Universidade de Warwick, em Coventry, Inglaterra.

Usando o Telescópio Gemini Norte
Observatório Gemini
O Observatório Gemini é constituído por dois telescópios idênticos de 8,1 metros, um no Observatório de Mauna Kea, no Havai (Gemini Norte) e outro no Cerro Pachón, no Chile (Gemini Sul). As localizações estratégicas dos telescópios providenciam uma cobertura total do céu do Norte e do Sul. O Gemini é um consórcio internacional entre os Estados Unidos da América, o Reino Unido, o Canadá, o Chile, a Austrália, a Argentina e o Brasil, e é operado pela AURA.
, no Havai, Levan e a sua equipa obtiveram um espectro da galáxia
galáxia
Um vasto conjunto de estrelas, nebulosas, gás e poeira interestelar gravitacionalmente ligados. As galáxias classificam-se em três categorias principais: espirais, elípticas e irregulares.
distante onde aconteceu a fulguração de Natal. Isto permitiu aos cientistas identificarem linhas de emissão de oxigénio e hidrogénio e determinarem o desvio dessas linhas para energias mais baixas quando em comparação com as mesmas linhas em laboratório. Esta diferença, conhecida pelos astrónomos como desvio para o vermelho
desvio para o vermelho (z)
Designa-se por desvio para o vermelho (em inglês, redshift) o desvio do espectro de um objecto para comprimentos de onda mais longos. O desvio para o vermelho pode dever-se ao movimento do objecto a afastar-se do observador (desvio de Doppler), ou à expansão do Universo (desvio para o vermelho cósmico, ou gravitacional). O desvio para o vermelho cósmico permite estimar a distância a que o objecto se encontra: quanto maior o desvio, mais distante o objecto. O desvio de Doppler permite calcular a velocidade a que o objecto se desloca.
, situa a fulguração a 7 mil milhões de anos-luz de distância.

Como parte deste estudo, descrito num artigo enviado para o The Astrophysical Journal, a equipa de Levan também examinou a GBR 111209A e ainda a GBR 121027A - esta última, mais recente, explodiu a 27 de Outubro de 2012. Todas revelaram emissões semelhantes de raios-X, ultravioletas
ultravioleta
O ultravioleta á a banda do espectro electromagnético que cobre a gama de comprimentos de onda entre os 91,2 e os 350 nanómetros. Esta radiação é largamente bloqueada pela atmosfera terrestre.
e óptico e todas aconteceram nas regiões centrais de galáxias compactas que estavam activamente a formar estrelas. Os astrónomos concluíram que as três GRBs constituem um grupo até agora desconhecido de fulgurações "ultra-longas".

Para a classe normal de GRBs longas, os astrónomos pressupõem uma estrela de tamanho semelhante ao do Sol, mas com várias vezes a sua massa
massa
A massa é uma medida da quantidade de matéria de um dado corpo.
. A massa deve existir em quantidade suficiente para a estrela sofrer uma crise de energia, com o seu núcleo a ficar sem combustível e a entrar em colapso sob o seu próprio peso para formar um buraco negro. Alguma da matéria que cai no recém-nascido buraco negro é redireccionada em jactos potentes que saem da estrela, criando um pico de raios gama, mas porque esta fulguração é de curta duração, a estrela tem de ser relativamente pequena.

"As estrelas de Wolf-Rayet ajustam-se a estes requisitos", explicou Levan. "Nascem com mais de 25 vezes a massa do Sol, mas ardem de tal forma que afastam a sua enorme camada exterior de hidrogénio num fluxo a que chamamos vento estelar."A expulsão da atmosfera
atmosfera
1- Camada gasosa que envolva um planeta ou uma estrela. No caso das estrelas, entende-se por atmosfera as suas camadas mais exteriores. 2- A atmosfera (atm) é uma unidade de pressão equivalente a 101 325 Pa.
da estrela deixa para trás um objecto com massa suficiente para formar um buraco negro, mas suficientemente pequeno para que jactos de partículas o atravessem em períodos típicos de GRBs longas.

Porque as GRBs ultra-longas duram por períodos até 100 vezes maiores que as GRBs longas, exigem, em correspondência, uma fonte estelar de tamanho maior. Ambos os grupos sugerem como candidato uma estrela supergigante, com cerca de 20 vezes a massa do Sol e que ainda mantenha a sua profunda atmosfera de hidrogénio, atingindo centenas de vezes o diâmetro do Sol.

A equipa de Gendre vai mais longe, sugerindo que a GRB 111209A assinalou a morte de uma supergigante azul, contendo quantidades relativamente modestas de elementos mais pesados que o hélio aos quais os astrónomos chamam metais
metal
Em Astronomia, todos os elementos químicos de número atómico superior ao do hélio são designados por metais, ou por elementos pesados.
.

"O teor de metais de uma estrela de grande massa controla a intensidade do seu vento estelar, que determina a quantidade de atmosfera de hidrogénio que é mantida à medida que a estrela envelhece", observa Gendre. A profunda camada de hidrogénio da estrela levaria horas a cair no buraco negro, o que proporcionaria uma fonte de combustível de longa duração para alimentar o jacto de uma GRB ultra-longa.

O teor de metais também desempenha um papel importante no desenvolvimento de GRBs longas, de acordo com um estudo detalhado apresentado por John Graham e André Fruchter, ambos astrónomos do Space Telescope Science Institute, em Baltimore.

As estrelas geram elementos pesados a produzir energia ao longo das suas vidas e também durante explosões de supernovas
supernova
Uma supernova é a explosão de uma estrela no final da sua vida. As explosões de supernova são de tal forma violentas e luminosas que o seu brilho pode ultrapassar o brilho de uma galáxia inteira. Existem dois tipos principais de supernova: as supernovas Tipo Ia, que resultam da explosão duma estrela anã branca que, no seio de um sistema binário, rouba matéria da estrela companheira até a sua massa atingir o limite de Chandrasekhar e então colapsa; e as supernovas Tipo II, que resultam da explosão de uma estrela isolada de massa elevada (com massa superior a cerca de 4 vezes a massa do Sol) que esgotou o seu combustível nuclear e expeliu as suas camadas externas, restando apenas um objecto compacto (uma estrela de neutrões ou um buraco negro).
, e cada geração de estrelas vai enriquecendo o gás interestelar
gás interestelar
O gás interestelar é constituído pelos átomos, moléculas e iões de elementos, ou substâncias, gasosas presentes no meio interestelar.
com uma maior proporção destes elementos. Embora os astrónomos tenham vindo a notar que as GRBs longas ocorrem com muito mais frequência
frequência
Num fenómeno periódico, a frequência é o número de ciclos por unidade de tempo.
em galáxias pobres em metais, alguns sugeriram que este padrão não é intrínseco às estrelas e aos seus ambientes.

Para avaliar esta possibilidade, Graham e Fruchter desenvolveram um novo método que lhes permitiu comparar galáxias através das taxas de formação de estrelas. Examinaram galáxias onde se deram GRBs longas e vários tipos de supernovas, bem como uma amostra de controlo de 20 mil galáxias típicas do Sloan Digital Sky Survey
Sloan Digital Sky Survey (SDSS)
O levantamento do céu SDSS é um projecto que tem por objectivo mapear detalhadamente um quarto de todo o céu, determinando posições e magnitudes absolutas de 100 milhões de objectos celestes, e determinando ainda a distância a mais de 1 milhão de galáxias e quasares. Os telescópios que participam neste projecto estão situados no Observatório de Apache Point (EUA). O SDSS é um projecto conjunto de instituições norte-americanas, alemãs e japonesas.
.

Os astrónomos descobriram que 75% das GRBs longas ocorrem entre os 10% da formação estelar com o mais baixo teor de metal. Embora o estudo tenha encontrado algumas GRBs longas em ambientes com elevado teor de metais, como a nossa própria Galáxia, estas ocorrem em apenas cerca de 4% da taxa observada em ambientes de baixo teor de metal por unidade de formação estelar.

"A maioria das estrelas formam-se em ambientes ricos em metais, e isto tem o efeito colateral de diminuir a prevalência de GRBs longas à medida que o Universo envelhece", explicou Graham. "E se uma GRB longa nas nossas proximidades seria catastrófica para a vida na Terra, o nosso estudo mostra que as galáxias como a nossa têm muito menos tendência para as produzir."

Os astrónomos suspeitam que este padrão reflecte uma diferença no modo como uma estrela de grande massa consegue manter sua velocidade de rotação. O aumento do teor de metais significa ventos estelares mais fortes. Como estes ventos empurram a matéria para fora da superfície da estrela, a rotação da estrela vai diminuindo gradualmente, tal como um patinador ao girar diminui a velocidade de rotação quando estende os braços. As estrelas com rotação mais rápida podem ter maior tendência para produzirem uma GRB longa.

Graham e Fruchter põem a hipótese de algumas GRBs longas encontradas em ambientes de alto teor metálico receberam o auxilio da presença de uma estrela companheira próxima. Cedendo massa – e com ela energia de rotação – à estrela que explode, o companheiro é o equivalente físico de alguém que empurra um patinador que gira lentamente de forma a que ele atinja maior velocidade de rotação.

Fonte da notícia: http://www.nasa.gov/mission_pages/swift/bursts/supergiant-stars.html