Marte já teve condições favoráveis à vida

2013-03-13

Em cima: Rochas observadas pelo Curiosity, na Baia de Yellowknife, Cratera Gale. Crédito: NASA / JPL-Caltech / Cornell / MSSS. Em baixo: O mapa de cor falsa mostra a área dentro da cratera Gale, em Marte, onde o rover Curiosity da NASA pousou, a 5 de Agosto de 2012 PDT (6 de Agosto 2012 EDT), e o local onde recolheu a sua primeira amostra escavando o afloramento sedimentar John Klein. Crédito: NASA / JPL-Caltech / MSSS.
A análise de uma amostra de rocha recolhida pelo rover Curiosity da NASA
National Aeronautics and Space Administration (NASA)
Entidade norte-americana, fundada em 1958, que gere e executa os programas espaciais dos Estados Unidos da América.
revela que, no passado, Marte
Marte
Marte é o quarto planeta do Sistema Solar, a contar do Sol. É o último dos chamados planetas interiores. O seu diâmetro é cerca de 50% mais pequeno do que o da Terra e possui uma superfície avermelhada, sendo também conhecido como planeta vermelho.
poderá ter sustentado vida microbiana.

Os cientistas identificaram enxofre, azoto, hidrogénio, oxigénio, fósforo e carbono - alguns dos ingredientes químicos essenciais à vida – na amostra recolhida pelo Curiosity, no mês passado, ao perfurar uma rocha sedimentar perto do antigo leito de um rio na cratera Gale.

"A questão fundamental para esta missão é a de saber se Marte poderá ter possuído um ambiente habitável", disse Michael Meyer, responsável pelo Programa de Exploração de Marte da NASA, na sede da agência, em Washington. "Pelo que sabemos agora, a resposta é sim."

As pistas para esse ambiente habitável vêm de dados obtidos pelos instrumentos do robô Curiosity, o SAM (Sample Analysis at Mars) e o CheMin (Chemistry and Mineralogy). Os dados indicam que a área que o rover está a explorar, a Baía de Yellowknife, faz parte de uma rede antiga de canais, descendo a partir da orla da cratera Gale. O solo base mostra sinais de múltiplos períodos de contacto com a água, incluindo nós e veios, o que poderá ter fornecido a energia química e outras condições favoráveis para o desenvolvimento de vida microbiana.

A amostra foi recolhida num afloramento sedimentar chamado "John Klein", na Baía de Yellowknife, num local que fica apenas a algumas centenas de metros de outro onde, em Setembro de 2012, o Curiosity havia encontrado um antigo leito. Composta por rocha sedimentar de textura fina, a amostra contém minerais de argila, sulfatos e outras substâncias químicas. O velho ambiente inundado, ao contrário de outros em Marte, não foi demasiado oxidante, ou ácido, nem extremamente salgado.

"Os minerais de argila constituem pelo menos 20% da composição da amostra", disse David Blake, investigador principal do instrumento CheMin, no Ames Research Center da NASA, em Moffett Field, Califórnia.

Estes minerais de argila são produto da reacção da água relativamente fresca com minerais ígneos, tais como a olivina, também presentes no sedimento. A reacção pode ter tido lugar dentro do depósito sedimentar, durante o transporte do sedimento, ou na região de origem do sedimento. A presença do sulfato de cálcio, juntamente com a argila, sugere que o solo é neutro ou ligeiramente alcalino.

Os cientistas ficaram surpreendidos ao encontrarem uma mistura de produtos químicos oxidados, pouco oxidados ou mesmo não oxidados, proporcionando um gradiente de energia similar ao que muitos microrganismos na Terra exploram para viver. Esta oxidação parcial foi pela primeira vez sugerida quando os solos escavados se revelaram cinzentos em vez de vermelhos.

"A variedade de ingredientes químicos que identificámos na amostra é impressionante, e sugere pares tais como sulfatos e sulfuretos que indicam uma possível fonte de energia química para os microrganismos", disse Paul Mahaffy, investigador principal do conjunto de instrumentos SAM no Goddard Space Flight Center da NASA, em Greenbelt, Maryland.

Uma amostra adicionalmente recolhida será usada para ajudar a confirmar estes resultados para vários dos gases descobertos e analisados pelo instrumento SAM.

"Caracterizámos um muito antigo, mas estranhamente novo, "Marte Cinzento”, onde as condições foram em tempos favoráveis à vida", disse John Grotzinger, cientista do projecto Mars Science Laboratory no Instituto de Tecnologia da Califórnia, em Pasadena. "O Curiosity está em missão de exploração e, como equipa, sentimos que teremos muitas mais descobertas excitantes nos próximos meses e anos."

Os cientistas planeiam trabalhar com o Curiosity na área da Baia de Yellowknife por muitas mais semanas, antes do rover começar a longa viagem até ao monte central da cratera Gale, o Monte Sharp. Investigando os estratos expostos no Monte Sharp, onde, a partir de órbita
órbita
A órbita de um corpo em movimento é a trajectória que o corpo percorre no espaço.
, foram identificados minerais de argila e de sulfatos, poderão obter mais informações sobre a duração e a diversidade das condições de habitabilidade.

Fonte da notícia: http://www.nasa.gov/mission_pages/msl/news/msl20130312.html