Exoplanetas semelhantes à Terra podem ser nossos vizinhos
2013-02-07
Em cima: Imagem conceptual que mostra um hipotético planeta habitável com duas luas que orbita uma anã vermelha. Crédito: David A. Aguilar (CfA). Em baixo: Analisando dados disponíveis do Kepler, astrónomos do CFA identificaram 95 candidatos planetários em torno de anãs vermelhas. Destes, três orbitam dentro da zona habitável (marcada a verde) - distância a que eles podem ser suficientemente quentes para conterem água líquida na superfície. Esses três candidatos planetários (marcados com pontos azuis) têm 0,9, 1,4 e 1,7 vezes o tamanho da Terra. Neste gráfico, a luz recebida pelo planeta aumenta da esquerda para a direita e, em consequência, a distância à estrela diminui da esquerda para a direita. O tamanho do planeta aumenta de baixo para cima. Crédito: C. Dressing (CfA).
National Aeronautics and Space Administration (NASA)
Entidade norte-americana, fundada em 1958, que gere e executa os programas espaciais dos Estados Unidos da América.
, descobriram que 6% das estrelas anãsEntidade norte-americana, fundada em 1958, que gere e executa os programas espaciais dos Estados Unidos da América.
estrela anã
Uma estrela anã, também dita estrela da sequência principal, é uma estrela não evoluída, que ainda se encontra na fase de fusão do hidrogénio em hélio, no seu núcleo.
vermelhas têm planetasUma estrela anã, também dita estrela da sequência principal, é uma estrela não evoluída, que ainda se encontra na fase de fusão do hidrogénio em hélio, no seu núcleo.
planeta
Um planeta é um objecto que se forma no disco que circunda uma estrela em formação e cuja massa é superior à de Plutão (1/500 da massa da Terra) e inferior a 10 vezes a massa de Júpiter. Ao contrário das estrelas, os planetas não produzem luz, apenas reflectem a luz da estrela que orbitam.
habitáveis, do tamanho da Terra. Como as anãs vermelhas são as estrelasUm planeta é um objecto que se forma no disco que circunda uma estrela em formação e cuja massa é superior à de Plutão (1/500 da massa da Terra) e inferior a 10 vezes a massa de Júpiter. Ao contrário das estrelas, os planetas não produzem luz, apenas reflectem a luz da estrela que orbitam.
estrela
Uma estrela é um objecto celeste gasoso que gera energia no seu núcleo através de reacções de fusão nuclear. Para que tal possa suceder, é necessário que o objecto possua uma massa superior a 8% da massa do Sol. Existem vários tipos de estrelas, de acordo com as suas temperaturas efectivas, cores, idades e composição química.
mais comuns na nossa galáxiaUma estrela é um objecto celeste gasoso que gera energia no seu núcleo através de reacções de fusão nuclear. Para que tal possa suceder, é necessário que o objecto possua uma massa superior a 8% da massa do Sol. Existem vários tipos de estrelas, de acordo com as suas temperaturas efectivas, cores, idades e composição química.
galáxia
Um vasto conjunto de estrelas, nebulosas, gás e poeira interestelar gravitacionalmente ligados. As galáxias classificam-se em três categorias principais: espirais, elípticas e irregulares.
, o planeta parecido à Terra mais próximo poderá estar a apenas 13 anos-luzUm vasto conjunto de estrelas, nebulosas, gás e poeira interestelar gravitacionalmente ligados. As galáxias classificam-se em três categorias principais: espirais, elípticas e irregulares.
ano-luz (al)
O ano-luz (al) é uma unidade de distância igual a 9,467305 x 1012 km, que corresponde à distância percorrida pela luz, no vácuo, durante um ano.
de distância.
O ano-luz (al) é uma unidade de distância igual a 9,467305 x 1012 km, que corresponde à distância percorrida pela luz, no vácuo, durante um ano.
"Pensávamos que teríamos de ir muito longe para encontrarmos um planeta como a Terra. Agora percebemos que existe a possibilidade de haver uma outra Terra no nosso próprio quintal, à espera de ser descoberta", disse Courtney Dressing, astrónoma de Harvard e principal autora do artigo, e que apresentou as suas descobertas numa conferência de imprensa no Centro Harvard-Smithsoniano para Astrofísica, em Cambridge, Massachusetts.
As estrelas anãs vermelhas são mais pequenas, mais frias e mais fracas do que o nosso Sol
Sol
O Sol é a estrela nossa vizinha, que se encontra no centro do Sistema Solar. Trata-se de uma estrela anã adulta (dita da sequência principal) de classe espectral G. A temperatura na sua superfície é aproximadamente 5800 graus centígrados e o seu raio atinge os 700 mil quilómetros.
. Uma anã vermelha média tem apenas um terço do tamanho e uma milésima parte do brilhoO Sol é a estrela nossa vizinha, que se encontra no centro do Sistema Solar. Trata-se de uma estrela anã adulta (dita da sequência principal) de classe espectral G. A temperatura na sua superfície é aproximadamente 5800 graus centígrados e o seu raio atinge os 700 mil quilómetros.
brilho
O brilho de um astro refere-se à quantidade de luz que dele provém, ou seja, a quantidade de energia por ele emitida por unidade de área por unidade de tempo. Dado que o brilho observado, ou medido, depende da distância ao objecto, distingue-se o brilho aparente (quando medido a uma determinada distância), do brilho intrínseco (conceptualmente medido na supefície do próprio astro).
do Sol. Nenhuma anã vermelha é visível da Terra a olho nu.
O brilho de um astro refere-se à quantidade de luz que dele provém, ou seja, a quantidade de energia por ele emitida por unidade de área por unidade de tempo. Dado que o brilho observado, ou medido, depende da distância ao objecto, distingue-se o brilho aparente (quando medido a uma determinada distância), do brilho intrínseco (conceptualmente medido na supefície do próprio astro).
Não obstante o seu fraco brilho, estas estrelas são bons lugares para procurar planetas parecidos à Terra. Três em cada quatro estrelas da nossa galáxia são anãs vermelhas, para um total de pelo menos 75 mil milhões. Como estas estrelas são pequenas, o sinal de planetas em trânsito
trânsito
Designa-se por trânsito a passagem de um objecto astronómico à frente do disco de um objecto maior e mais longínquo. Por exemplo, o trânsito de Vénus diante do Sol.
é maior, pois um mundo do tamanho da Terra consegue tapar uma maior porção do disco de uma anã vermelha. E como para estar na zona habitávelDesigna-se por trânsito a passagem de um objecto astronómico à frente do disco de um objecto maior e mais longínquo. Por exemplo, o trânsito de Vénus diante do Sol.
Zona Habitável
A zona habitável de uma estrela ou de um sistema solar é a região, definida em termos da distância à estrela, que é compatível com a existência de água no estado líquido na superfície de um planeta aí colocado.
um planeta tem de definir uma órbitaA zona habitável de uma estrela ou de um sistema solar é a região, definida em termos da distância à estrela, que é compatível com a existência de água no estado líquido na superfície de um planeta aí colocado.
órbita
A órbita de um corpo em movimento é a trajectória que o corpo percorre no espaço.
mais próxima em torno da estrela fria, há maior probabilidade do seu trânsito poder ser observado da Terra.
A órbita de um corpo em movimento é a trajectória que o corpo percorre no espaço.
Dressing analisou o catálogo Kepler de 158000 estrelas alvo para identificar todas as anãs vermelhas. Voltou, então, a analisar as estrelas, para calcular com mais precisão dimensões e temperaturas, e descobriu que quase todas elas eram mais pequenas e mais frias do que se pensava.
Uma vez que o tamanho de um planeta em trânsito é determinado em relação ao tamanho da estrela (com base na porção do disco da estrela que o planeta cobre no seu trânsito), se a estrela for mais pequena o planeta também será. E uma estrela mais fria terá uma zona habitável mais estreita.
Dressing identificou 95 candidatos planetários orbitando estrelas anãs vermelhas, o que implicava que pelo menos 60% destas estrelas albergavam planetas menores que Neptuno
Neptuno
Neptuno é, a maior parte do tempo, o oitavo planeta do Sistema Solar a contar do Sol, mas por vezes é o nono, quando Plutão, na sua órbita excêntrica, se aproxima mais do Sol. Neptuno, de cor azulada devido à presença de metano na sua atmosfera, possui uma atmosfera onde ocorrem tempestades e ventos violentos. Com um diâmetro cerca de 4 vezes o da Terra, Neptuno é o menor e mais longíquo dos planetas gigantes gasosos.
. No entanto, a maior parte dos planetas não tinha exactamente o tamanho ou a temperatura certos para serem considerados semelhantes à Terra. Três candidatos revelarem ser em simultâneo quentes e aproximadamente do tamanho da Terra. Em termos estatísticos, isto significa que 6% do total de estrelas anãs vermelhas deve albergar um planeta parecido à Terra.
Neptuno é, a maior parte do tempo, o oitavo planeta do Sistema Solar a contar do Sol, mas por vezes é o nono, quando Plutão, na sua órbita excêntrica, se aproxima mais do Sol. Neptuno, de cor azulada devido à presença de metano na sua atmosfera, possui uma atmosfera onde ocorrem tempestades e ventos violentos. Com um diâmetro cerca de 4 vezes o da Terra, Neptuno é o menor e mais longíquo dos planetas gigantes gasosos.
"Sabemos agora qual a taxa de ocorrência de planetas habitáveis em torno das estrelas mais comuns na nossa galáxia", disse o co-autor David Charbonneau (CFA). "Esta taxa significa que será muito mais fácil procurar vida fora do Sistema Solar
Sistema Solar
O Sistema Solar é constituído pelo Sol e por todos os objectos que lhe estão gravitacionalmente ligados: planetas e suas luas, asteróides, cometas, material interplanetário.
do que se pensava."
O Sistema Solar é constituído pelo Sol e por todos os objectos que lhe estão gravitacionalmente ligados: planetas e suas luas, asteróides, cometas, material interplanetário.
O nosso Sol está rodeado por um enxame de anãs vermelhas, representando estas cerca de 75% das estrelas mais próximas. Tendo em conta que 6% delas devem hospedar planetas habitáveis, então o mundo mais próximo parecido com a Terra poderá estar a apenas 13 anos-luz de distância.
A localização de mundos próximos semelhantes à Terra pode exigir um pequeno telescópio espacial dedicado ou uma grande rede de telescópios terrestres. Estudos de acompanhamento realizados com instrumentos como o Telescópio Gigante de Magalhães ou o Telescópio Espacial James Webb poderiam dizer-nos se algum dos planetas quentes, em trânsito, tem uma atmosfera
atmosfera
1- Camada gasosa que envolva um planeta ou uma estrela. No caso das estrelas, entende-se por atmosfera as suas camadas mais exteriores. 2- A atmosfera (atm) é uma unidade de pressão equivalente a 101 325 Pa.
e, ainda, qual a sua química.
1- Camada gasosa que envolva um planeta ou uma estrela. No caso das estrelas, entende-se por atmosfera as suas camadas mais exteriores. 2- A atmosfera (atm) é uma unidade de pressão equivalente a 101 325 Pa.
Tal mundo seria diferente do nosso. Com uma órbita tão próxima à sua estrela, o planeta provavelmente sofreria acoplamento de maré (sempre a mesma face voltada para a estrela). No entanto, isso não impediria a vida, pois uma atmosfera razoavelmente espessa ou um oceano profundo poderiam transportar o calor
calor
O calor é energia em trânsito entre dois corpos ou sistemas.
em redor do planeta. E como as jovens estrelas anãs vermelhas emitem fortes fulguraçõesO calor é energia em trânsito entre dois corpos ou sistemas.
fulguração
Uma fulguração é uma libertação de energia de forma explosiva da qual resulta um aumento rápido do brilho do astro no qual ocorre. São exemplo deste tipo de fenómenos as fulgurações solares, associadas às manchas solares, bem como as fulgurações de raios-X, que ocorrem em estrelas de neutrões, e de raios gama, que se sabe estarem relacionadas com as explosões de supernova.
de luz ultravioletaUma fulguração é uma libertação de energia de forma explosiva da qual resulta um aumento rápido do brilho do astro no qual ocorre. São exemplo deste tipo de fenómenos as fulgurações solares, associadas às manchas solares, bem como as fulgurações de raios-X, que ocorrem em estrelas de neutrões, e de raios gama, que se sabe estarem relacionadas com as explosões de supernova.
ultravioleta
O ultravioleta á a banda do espectro electromagnético que cobre a gama de comprimentos de onda entre os 91,2 e os 350 nanómetros. Esta radiação é largamente bloqueada pela atmosfera terrestre.
, uma atmosfera poderia proteger a vida na superfície do planeta. Na verdade, estas tensões poderiam ajudar a vida a evoluir.
O ultravioleta á a banda do espectro electromagnético que cobre a gama de comprimentos de onda entre os 91,2 e os 350 nanómetros. Esta radiação é largamente bloqueada pela atmosfera terrestre.
"Não precisamos de um clone da Terra para termos vida", disse Dressing.
Como as anãs vermelhas vivem muito mais tempo que as estrelas semelhantes ao Sol, esta descoberta levanta a interessante possibilidade de a vida num planeta deste tipo poder ser muito mais antiga e evoluída do que a vida na Terra.
"Podemos encontrar uma Terra com 10 mil milhões de anos", especulou Charbonneau.
Os três candidatos planetários da zona habitável, identificados neste estudo, são: o Objeto Kepler de Interesse (KOI) 1422,02, que tem 90% do tamanho da Terra numa órbita de 20 dias; KOI 2626,01, com 1,4 vezes o tamanho da Terra numa órbita de 38 dias; e KOI 854,01, com 1,7 vezes o tamanho da Terra numa órbita de 56 dias. Todos os três estão localizados a cerca de 300-600 anos-luz de distância e orbitam estrelas com temperaturas entre os 5700 e 5900 graus Fahrenheit
grau Fahrenheit (°F)
O grau Fahrenheit (°F) é a unidade da escala de temperatura Fahrenheit e corresponde a 5/9 de um kelvin e do grau Celsius. Nesta escala, a temperatura de fusão do gelo sob pressão de uma atmosfera é 32°F e a temperatura de ebulição da água sob pressão de uma atmosfera é 212°F.
. (Para comparação, a temperatura da superfície do nosso Sol é de 10000 graus F.)
O grau Fahrenheit (°F) é a unidade da escala de temperatura Fahrenheit e corresponde a 5/9 de um kelvin e do grau Celsius. Nesta escala, a temperatura de fusão do gelo sob pressão de uma atmosfera é 32°F e a temperatura de ebulição da água sob pressão de uma atmosfera é 212°F.
Estes resultados serão publicados no The Astrophysical Journal.
Fonte da notícia: http://www.cfa.harvard.edu/news/2013/pr201305.html