Investigadores identificam meteorito de Marte rico em água

2013-01-04

NWA 7034, ou Beleza Negra, o meteorito marciano encontrado no Noroeste de África que pesa cerca de 320 gramas. Crédito: NASA.
Investigadores da NASA
National Aeronautics and Space Administration (NASA)
Entidade norte-americana, fundada em 1958, que gere e executa os programas espaciais dos Estados Unidos da América.
analisaram um pequeno meteorito
meteorito
Um meteorito é um corpo sólido que entra na atmosfera da Terra (ou de outro planeta), sendo suficientemente grande para não ser totalmente destruído pela fricção com as partículas da atmosfera, e assim atingir o solo. Os meteoritos dividem-se em três categorias, segundo a sua composição: aerolitos (rochosos), sideritos (ferro) e siderolitos (ferro e rochas).
encontrado em 2011 no deserto do Saara que pode ser o primeiro a ter vindo da crosta de Marte
Marte
Marte é o quarto planeta do Sistema Solar, a contar do Sol. É o último dos chamados planetas interiores. O seu diâmetro é cerca de 50% mais pequeno do que o da Terra e possui uma superfície avermelhada, sendo também conhecido como planeta vermelho.
; descobriram que contém 10 vezes mais água do que outros meteoritos marcianos com pontos de origem desconhecidos. Esta nova classe de meteorito, designado NWA 7034, e referido também como Beleza Negra, pesa cerca de 320 gramas. Depois de mais de um ano de estudos intensivos, a equipa de cientistas determinou que o meteorito se formou há 2,1 mil milhões anos, durante o início do período geológico mais recente de Marte, conhecido como Amazónia. A pesquisa foi publicada na edição de quinta-feira da revista Science Express.

"A idade da NWA 7034 é importante porque mostra que é significativamente mais velho do que a maior parte dos outros meteoritos marcianos", disse Mitch Schulte, cientista do Programa de Exploração de Marte, na sede da NASA, em Washington. "Estamos perante um pedaço da história de Marte num momento crítico da sua evolução."

O meteorito é equivalente às rochas que surgem à superfície de Marte e que a NASA tem estudado remotamente através dos rovers e dos satélites. A composição de NWA 7034 é diferente da de qualquer meteorito marciano previamente estudado.

"O conteúdo deste meteorito pode desafiar noções há muito mantidas sobre a geologia marciana", disse John Grunsfeld, administrador associado para a Direcção das Missões Científicas da NASA, em Washington. "Estes resultados também se tornam uma base de referência importante para o rover Curiosity, na sua procura de produtos orgânicos reduzidos nos minerais expostos na rocha da cratera Gale."

O NWA 7034 é composto por fragmentos cimentadas de basalto
basalto
O basalto é uma rocha eruptiva, vulcânica, de cor escura ou negra, e muito dura.
, rocha formada a partir do arrefecimento repentino da lava. Os fragmentos são principalmente feldspato e piroxena, em grande parte provenientes da actividade vulcânica. Este meteorito raro adapta-se à química da crosta marciana que foi determinada pelas missões da NASA, Mars Exploration Rovers e Mars Odyssey
2001 Mars Odyssey
A missão 2001 Mars Odyssey é uma missão da NASA destinada ao planeta vermelho, Marte, com o objectivo de utilizar câmaras e espectrógrafos para procurar evidências da existência de água líquida e de actividade vulcânica, tanto no passado como no presente. Lançada em 7 de Abril de 2001, a sonda chegou a Marte em 24 de Outubro de 2001 e ficou a orbitar o planeta. Observações realizadas pela Mars Odyssey em 26 de Maio de 2002 deram indícios da existência de enormes depósitos de gelo de água abaixo da superfície do planeta.
Orbiter
.

"Este meteorito marciano tem na sua composição tudo em que gostaríamos que tivesse, a fim de aprofundarmos a nossa compreensão do planeta
planeta
Um planeta é um objecto que se forma no disco que circunda uma estrela em formação e cuja massa é superior à de Plutão (1/500 da massa da Terra) e inferior a 10 vezes a massa de Júpiter. Ao contrário das estrelas, os planetas não produzem luz, apenas reflectem a luz da estrela que orbitam.
vermelho", disse Carl Agee, da Universidade do Novo México, em Albuquerque, líder da equipa. "Este meteorito único mostra-nos como era o vulcanismo em Marte, há 2 mil milhões de anos, e dá-nos uma ideia de como poderia ser a antiga superfície e as condições ambientais, algo que nenhum outro meteorito anteriormente nos ofereceu."

A equipa de investigação incluiu grupos da Universidade da Califórnia, em San Diego, e do Instituto Carnegie, em Washington. As experiências foram conduzidas de modo a analisar a composição química e mineral, a idade e o teor de água do meteorito.

Os investigadores calculam que a grande quantidade de água contida em NWA 7034 pode ter tido origem na interacção das rochas com a água presente na crosta de Marte. O meteorito também contém uma mistura de isótopos
isótopo
Chamam-se isótopos aos átomos cujos núcleos têm o mesmo número de protões (por isso, são o mesmo elemento químico), mas têm um número diferente de neutrões. O número atómico dos isótopos é igual, mas o número de massa é diferente.
de oxigénio diferente da que foi encontrada em outros meteoritos marcianos, o que pode ter resultado da interacção com a atmosfera
atmosfera
1- Camada gasosa que envolva um planeta ou uma estrela. No caso das estrelas, entende-se por atmosfera as suas camadas mais exteriores. 2- A atmosfera (atm) é uma unidade de pressão equivalente a 101 325 Pa.
marciana.

A maioria dos meteoritos marcianos dividem-se em três tipos de rochas, em homenagem a três meteoritos: Shergotty, Nakhla e Chassigny (SNC). Os meteoritos SNC são actualmente cerca de 110. O seu ponto de origem em Marte não é conhecido e dados recentes das missões sugerem que não se ajustam às características da crosta marciana. Embora NWA 7034 apresente semelhanças com os meteoritos SNC, incluindo a presença de carbono orgânico macromolecular, este novo meteorito tem muitas características únicas.

"A textura do meteorito NWA não se parece com a de qualquer dos meteoritos SNC", disse o co-autor Andrew Steele, que liderou a análise do carbono no Laboratório de Geofísica do Instituto Carnegie. "Este é um resultado interessante para a ciência de Marte e planetária. Temos agora mais informação do que nunca para compreendermos de onde estes meteoritos podem ter vindo."

Fonte da notícia: http://www.nasa.gov/mission_pages/mars/news/mars20130103.html