Hubble eXtreme consegue a mais longínqua imagem do céu nocturno

2012-09-26

Hubble eXtreme Deep Field. Crédito: NASA; ESA; G. Illingworth, D. Magee, and P. Oesch, University of California, Santa Cruz; R. Bouwens, Leiden University; and the HUDF09 Team.
Os astrónomos conseguiram a mais profunda imagem do Universo de sempre.
Denominada eXtreme Deep Field (campo profundo extremo), ou XDF, a foto foi conseguida através da combinação de 10 anos de fotografias, tiradas pelo telescópio espacial Hubble
Hubble Space Telescope (HST)
O Telescópio Espacial Hubble é um telescópio espacial que foi colocado em órbita da Terra em 1990 pela NASA, em colaboração com a ESA. A sua posição acima da atmosfera terrestre permite-lhe observar os objectos astronómicos com uma qualidade ímpar.
, de um pedaço de céu no centro do original Hubble Ultra Deep Field (campo ultra profundo do Hubble). O XDF representa uma pequena fracção do diâmetro angular da lua cheia
Lua Cheia
Lua Cheia é a fase da Lua quando esta se encontra em oposição relativamente ao Sol; quando observada a partir da Terra, a Lua exibe toda a sua superfície iluminada.
.

O Hubble Ultra Deep Field é uma imagem de uma pequena área do espaço na constelação
constelação
Designa-se por constelação cada uma das 88 regiões em que se divide a abóbada celeste, por convenção de 1922.
de Fornax, criada usando dados do Telescópio Espacial Hubble, entre 2003 e 2004. Capturando luz fraca durante muitas horas de observação, o telescópio revelou milhares de galáxias
galáxia
Um vasto conjunto de estrelas, nebulosas, gás e poeira interestelar gravitacionalmente ligados. As galáxias classificam-se em três categorias principais: espirais, elípticas e irregulares.
, tanto próximas como muito distantes, conseguindo a mais profunda imagem do Universo até esse momento.

A nova imagem XDF a cores é ainda mais sensível e contém cerca de 5500 galáxias, mesmo dentro do seu menor campo de visão. As galáxias menos luminosas têm 1/10 da milésima milionésima parte do brilho
brilho
O brilho de um astro refere-se à quantidade de luz que dele provém, ou seja, a quantidade de energia por ele emitida por unidade de área por unidade de tempo. Dado que o brilho observado, ou medido, depende da distância ao objecto, distingue-se o brilho aparente (quando medido a uma determinada distância), do brilho intrínseco (conceptualmente medido na supefície do próprio astro).
que o olho humano pode ver.

Magníficas galáxias espirais similares em forma à nossa Via Láctea
Via Láctea
A Via Láctea é a galáxia de que faz parte o nosso Sistema Solar. Trata-se de uma galáxia espiral gigante, com um diâmetro de cerca de 160 mil anos-luz e uma massa da ordem de 100 mil milhões de vezes a massa do Sol.
e à vizinha Andrómeda surgem nesta imagem, tal como as grandes e distorcidas galáxias vermelhas onde a formação de novas estrelas
estrela
Uma estrela é um objecto celeste gasoso que gera energia no seu núcleo através de reacções de fusão nuclear. Para que tal possa suceder, é necessário que o objecto possua uma massa superior a 8% da massa do Sol. Existem vários tipos de estrelas, de acordo com as suas temperaturas efectivas, cores, idades e composição química.
terminou. Estas galáxias vermelhas são os restos de dramáticas colisões entre galáxias e encontram-se em fase de declínio. Salpicando todo o campo estão as pequenas, ténues e jovens galáxias mais distantes. A história das galáxias - desde logo após o nascimento das primeiras até às grandes galáxias de hoje, como a nossa Via Láctea – está representada nesta imagem notável.

O Hubble apontou para um pequeno pedaço de céu do sul, repetidas vezes, durante a última década, num total de 50 dias, com um tempo total de exposição de 2 milhões de segundos. Mais de 2000 imagens do mesmo campo foram tiradas com as duas câmaras principais do Hubble: a Advanced Camera for Surveys e a Wide Field Camera 3, que estende a visão do Hubble para a luz infravermelha
infravermelho
Região do espectro electromagnético compreendida entre os comprimentos de onda de 0,7 e 350 mícrones. Esta banda permite observar astros, fenómenos, ou processos físicos com temperaturas entre 10 e 5200 graus Kelvin.
.

“O XDF é a mais profunda imagem do céu obtida e revela as galáxias mais ténues e mais distante alguma vez vistas. O XDF permite-nos explorar mais atrás no tempo do que nunca", disse Garth Illingworth, da Universidade da Califórnia em Santa Cruz, investigador principal do programa Hubble Ultra Deep Field 2009 (HUDF09).

O Universo tem 13,7 mil milhões de anos, e o XDF revela galáxias que se estendem no tempo por 13,2 mil milhões de anos. As galáxias no XDF surgem, na sua maioria, como quando eram jovens, pequenas e em crescimento, muitas vezes de uma forma violenta em resultado de colisões e fusões. O Universo primitivo era uma época dramática para o nascimento de galáxias contendo estrelas azuis brilhantes, extraordinariamente mais brilhantes do que o nosso sol. A luz de tais eventos passados está agora a chegar à Terra e, por isso, o XDF é uma espécie de "túnel do tempo para o passado distante." A mais jovem galáxia encontrada no XDF existiu apenas 450 milhões de anos depois do Big Bang.

Antes de o Hubble ter sido lançado, em 1990, os astrónomos mal podiam observar as galáxias normais a 7 mil milhões de anos-luz
ano-luz (al)
O ano-luz (al) é uma unidade de distância igual a 9,467305 x 1012 km, que corresponde à distância percorrida pela luz, no vácuo, durante um ano.
de distância, a cerca de meio caminho ao longo do Universo. As observações com telescópios no solo não foram capazes de determinar de que modo as galáxias se formaram e evoluíram no início do Universo.

O Hubble deu aos astrónomos as primeiras imagens das configurações reais das galáxias quando estas eram jovens, fornecendo a prova directa e convincente, de que o Universo está realmente a mudar à medida que envelhece. Tal como quando se observam os planos individuais de um filme, as imagens profundas do Hubble revelam o aparecimento de estruturas no Universo muito jovem e as fases dinâmicas subsequentes da evolução das galáxias.

A visão no infravermelho do Telescópio Espacial, em projecto, James Webb, da Nasa, será destinado ao XDF. O telescópio Webb irá encontrar galáxias ainda mais ténues que existiram quando o Universo tinha apenas algumas centenas de milhões de anos. Devido à expansão do Universo, a luz do passado distante é esticada para comprimentos de onda
comprimento de onda
Designa-se por comprimento de onda a distância entre dois pontos sucessivos de amplitude máxima (ou mínima) de uma onda.
mais longos, do infravermelho. O telescópio Webb será, assim, ideal para levar o XDF até zonas ainda mais profundas, até à época em que as primeiras estrelas e galáxias se formaram preenchendo com a luz a remota "Idade das Trevas" do Universo.

Nota: Para uma imagem do XDF com mais definição, clique no link da fonte da notícia.

Fonte da notícia: http://www.nasa.gov/mission_pages/hubble/science/xdf.html