Beleza pelos olhos do Hubble

2002-06-14

Esta imagem é uma composição de dados obtidos com a Wide Field Planetary Camera 2 do Hubble em Junho de 2001 pela equipa de Bob O\'Dell (Universidade de Vanderbilt) e em Janeiro de 2002 pela equipa do Hubble Heritage. Os filtros usados para criar esta imagem a cores mostram oxigénio, hidrogénio e azoto. Crédito: NASA and The Hubble Heritage Team (STScI/AURA)
Como outras nebulosas planetárias
nebulosa planetária
As nebulosas planetárias são nebulosas formadas por camadas de gás expelido por estrelas de pequena massa, que terminaram a sua fase de estrela gigante vermelha e se encontram no fim da sua vida. No centro da nebulosa planetária, a estrela transforma-se numa anã branca quente e é a radiação que emite que faz a nebulosa brilhar. As nebulosas planetárias não têm nada a ver com planetas, mas obtiveram o seu nome porque quando observadas através de um pequeno telescópio, se assemelham a um disco de um planeta.
, a Nebulosa da Retina (IC 4406) apresenta uma grande simetria: os lados direito e esquerdo desta imagem do Hubble são quase o espelho um do outro. Se pudéssemos voar em torno de IC 4406 numa nave espacial, veríamos que os gases e poeiras formam um grande donut de material ejectado da estrela
estrela
Uma estrela é um objecto celeste gasoso que gera energia no seu núcleo através de reacções de fusão nuclear. Para que tal possa suceder, é necessário que o objecto possua uma massa superior a 8% da massa do Sol. Existem vários tipos de estrelas, de acordo com as suas temperaturas efectivas, cores, idades e composição química.
moribunda. Quando observado a partir da Terra, vemos este donut de lado; esta perspectiva permite-nos observar os complexos elos de poeiras que foram comparados à retina humana. Noutras nebulosas
nebulosa
Uma nebulosa é uma nuvem de gás e poeira interestelares.
planetárias, como a Nebulosa do Anel (NGC 6720), vemos o donut de cima.

O donut de material confina a radiação
radiação electromagnética
A radiação electromagnética, ou luz, pode ser considerada como composta por partículas (os fotões) ou ondas. As suas propriedades dependem do comprimento de onda: ondas ou fotões com comprimentos de onda mais longos traduzem radiação menos energética. A radiação electromagnética, ou luz, é usualmente descrita como um conjunto de bandas de radiação, como por exemplo o infravermelho, o rádio ou os raios-X.
intensa com origem no que resta da estrela. O gás na face interior do donut é ionizado
ionização
Processo pelo qual um átomo (ou molécula) electricamente neutro ganha ou perde um ou mais electrões, transformando-se num ião.
pela luz do centro da estrela e brilha. Nesta imagem, a radiação com origem nos átomos
átomo
O átomo é a menor partícula de um dado elemento que tem as propriedades químicas que caracterizam esse mesmo elemento. Os átomos são formados por electrões à volta de um núcleo constituído por protões e neutrões.
de oxigénio está representada a azul, a de hidrogénio a verde e a do azoto a vermelho. A gama de cores da imagem final mostra as diferenças de concentração destes três gases na nebulosa. Invísivel nesta imagem do Hubble é uma zona maior de gases neutros que não emite luz visível
radiação visível
A radiação visível é a região do espectro electromagnético que os nossos olhos detectam, compreendida entre os comprimentos de onda de 350 e 700 nm (frequências entre 4,3 e 7,5x1014Hz). Os nossos olhos distinguem luz visível de frequências diferentes, desde a luz violeta (radiação com comprimentos de onda ~ 400 nm), até à luz vermelha (com comprimentos de onda ~ 700 nm), passando pelo azul, anil, verde, amarelo e laranja.
, mas que pode ser observada por radiotelescópios.

Uma das características mais interessantes da IC 4406 é o entrançado irregular de linhas escuras que cruzam o centro da nebulosa. Estas faixas têm cerca de 160 UA
unidade astronómica (UA)
Unidade de distância, definida como a distância média entre a Terra e o Sol, que corresponde a 149 597 870 km, ou 8,3 minutos-luz.
(160 vezes a distância da Terra ao Sol
Sol
O Sol é a estrela nossa vizinha, que se encontra no centro do Sistema Solar. Trata-se de uma estrela anã adulta (dita da sequência principal) de classe espectral G. A temperatura na sua superfície é aproximadamente 5800 graus centígrados e o seu raio atinge os 700 mil quilómetros.
) de largura e estão mesmo no limite entre o gás quente que produz a emissão de luz visível e o gás neutro observavel com radiotelescópios. Vemos estas faixas em silhueta porque têm uma densidade
densidade
Em Astrofísica, densidade é o mesmo que massa volúmica: é a massa por unidade de volume.
de gases e poeiras milhares de vezes superior ao resto da nebulosa; as linhas de poeira são como um véu que envolve o donut brilhante.

O destino destes densos nós de material é desconhecido. Será que vão sobreviver à expansão da nebulosa tornando-se habitantes do espaço interestelar ou será que simplesmente se vão dissipar?

Notícia Original:
http://oposite.stsci.edu/pubinfo/PR/2002/14/pr-photos.html