Kepler da NASA detecta planeta que pode estar a evaporar-se

2012-05-23

Imagem: Concepção artística que mostra a possível desintegração, deixando uma cauda semelhante à de um cometa, de um candidato a planeta, de tamanho não muito superior ao de Mercúrio, durante o seu trânsito diante da estrela mãe, KIC 12557548. Os resultados baseiam-se em dados da missão Kepler da NASA. Crédito: NASA / JPL-Caltech.
Usando a missão Kepler da NASA
National Aeronautics and Space Administration (NASA)
Entidade norte-americana, fundada em 1958, que gere e executa os programas espaciais dos Estados Unidos da América.
, os astrónomos podem ter detectado indícios de um possível planeta
planeta
Um planeta é um objecto que se forma no disco que circunda uma estrela em formação e cuja massa é superior à de Plutão (1/500 da massa da Terra) e inferior a 10 vezes a massa de Júpiter. Ao contrário das estrelas, os planetas não produzem luz, apenas reflectem a luz da estrela que orbitam.
a desintegrar-se sob o calor
calor
O calor é energia em trânsito entre dois corpos ou sistemas.
escaldante da sua estrela
estrela
Uma estrela é um objecto celeste gasoso que gera energia no seu núcleo através de reacções de fusão nuclear. Para que tal possa suceder, é necessário que o objecto possua uma massa superior a 8% da massa do Sol. Existem vários tipos de estrelas, de acordo com as suas temperaturas efectivas, cores, idades e composição química.
mãe, localizada a 1500 anos-luz
ano-luz (al)
O ano-luz (al) é uma unidade de distância igual a 9,467305 x 1012 km, que corresponde à distância percorrida pela luz, no vácuo, durante um ano.
da Terra. Os cientistas deduzem que este candidato a planeta, de tamanho um pouco maior que o de Mercúrio
Mercúrio
Mercúrio é o planeta mais próximo do Sol. É o mais pequeno dos planetas rochosos, com um diâmetro cerca de 40% menor do que o da Terra.
, está a formar uma cauda de poeira
cauda de poeira de um cometa
A cauda de poeira de um cometa forma-se a partir de partículas de poeira que se desprendem do núcleo do cometa devido à pressão de radiação do Sol. As caudas de poeira são encurvadas, reflectindo o rasto deixado pelos cometas nas suas órbitas, e estendem-se por dezenas, ou mesmo centenas, de milhões de quilómetros. A cauda não emite luz própria - o seu brilho é o reflexo da luz solar. Há dois tipos de caudas de cometa: as do Tipo I são caudas de iões e as do Tipo II são caudas de poeira.
, semelhante à fuga de detritos de um cometa
cometa
Os cometas são pequenos corpos irregulares, compostos por gelos (de água e outros) e poeiras. Os cometas têm órbitas de grande excentricidade à volta do Sol. As estruturas mais importantes dos cometas são o núcleo, a cabeleira e as caudas.
. Mas a cauda não irá durar muito tempo. Os cientistas calculam que, à actual taxa de evaporação, este objecto poderá ficar completamente vaporizado em 200 milhões de anos.



A equipa de investigação liderada por Saul Rappaport, professor de Física no Massachusetts Institute of Technology, Cambridge, identificou um padrão de luz pouco comum proveniente de uma estrela chamada KIC 12557548 no campo de visão do telescópio espacial Kepler.



O Kepler detecta planetas e candidatos a planetas através da medição de ligeiros obscurecimentos na luminosidade
luminosidade
A luminosidade (L) é a quantidade de energia que um objecto celeste emite por unidade de tempo e em determinado comprimento de onda, ou em determinada banda de comprimentos de onda.
de mais de 150000 estrelas, na procura de planetas em trânsito
trânsito
Designa-se por trânsito a passagem de um objecto astronómico à frente do disco de um objecto maior e mais longínquo. Por exemplo, o trânsito de Vénus diante do Sol.
(passando em frente às estrelas).

"A natureza bizarra da emissão de luz desta estrela com as suas características típicas de trânsito, periódicas e precisas, e obscurecimentos muito variáveis ​​é um exemplo de como o Kepler está a expandir as fronteiras da ciência de maneiras inesperadas", disse Jon Jenkins, co-investigador do Kepler no SETI, Search for Extraterrestrial Intelligence Institute, em Mountain View, Califórnia "Esta descoberta desvenda a forma como a ciência funciona em face de dados surpreendentes."



Orbitando uma estrela pequena e mais fria que o nosso Sol
Sol
O Sol é a estrela nossa vizinha, que se encontra no centro do Sistema Solar. Trata-se de uma estrela anã adulta (dita da sequência principal) de classe espectral G. A temperatura na sua superfície é aproximadamente 5800 graus centígrados e o seu raio atinge os 700 mil quilómetros.
, o candidato a planeta completa a sua órbita
órbita
A órbita de um corpo em movimento é a trajectória que o corpo percorre no espaço.
em menos de 16 horas - uma das mais curtas órbitas já detectadas. A uma distância orbital de apenas duas vezes o diâmetro da sua estrela, a temperatura da superfície do planeta é estimada em 3300 graus Fahrenheit
grau Fahrenheit (°F)
O grau Fahrenheit (°F) é a unidade da escala de temperatura Fahrenheit e corresponde a 5/9 de um kelvin e do grau Celsius. Nesta escala, a temperatura de fusão do gelo sob pressão de uma atmosfera é 32°F e a temperatura de ebulição da água sob pressão de uma atmosfera é 212°F.
(1816 graus Celsius).

Os cientistas levantaram a hipótese de o lado da estrela correspondente ao potencial inferno rochoso ser um oceano de magma ardente. A superfície derrete e evapora a temperaturas tão elevadas que a energia do vento resultante é suficiente para permitir que a poeira e o gás se escapem para o espaço. Este fluxo de poeira forma um rasto por detrás do companheiro condenado enquanto este se desintegra em torno da estrela.



Serão necessárias observações adicionais para confirmar este candidato como um planeta.


O artigo é publicado no The Astrophysical Journal e está disponível para download em: http://arxiv.org/abs/1201.2662 .

Fonte da notícia: http://www.jpl.nasa.gov/news/news.cfm?release=2012-141