As supernovas terão ajudado na evolução da vida na Terra?
2012-04-26
Uma imagem das Plêiades (M45), um enxame de estrelas famoso com cerca de 135 milhões de anos. Esta idade significa que algumas das estrelas de grande massa do enxame explodiram como supernovas quando os amonites ainda existiam em grande número no mar. De acordo com Henrik Svensmark, a taxa de supernovas próximas influenciou fortemente a diversidade destes invertebrados marinhos. Crédito: NASA, ESA e AURA / Caltech
supernova
Uma supernova é a explosão de uma estrela no final da sua vida. As explosões de supernova são de tal forma violentas e luminosas que o seu brilho pode ultrapassar o brilho de uma galáxia inteira. Existem dois tipos principais de supernova: as supernovas Tipo Ia, que resultam da explosão duma estrela anã branca que, no seio de um sistema binário, rouba matéria da estrela companheira até a sua massa atingir o limite de Chandrasekhar e então colapsa; e as supernovas Tipo II, que resultam da explosão de uma estrela isolada de massa elevada (com massa superior a cerca de 4 vezes a massa do Sol) que esgotou o seu combustível nuclear e expeliu as suas camadas externas, restando apenas um objecto compacto (uma estrela de neutrões ou um buraco negro).
perto do Sistema SolarUma supernova é a explosão de uma estrela no final da sua vida. As explosões de supernova são de tal forma violentas e luminosas que o seu brilho pode ultrapassar o brilho de uma galáxia inteira. Existem dois tipos principais de supernova: as supernovas Tipo Ia, que resultam da explosão duma estrela anã branca que, no seio de um sistema binário, rouba matéria da estrela companheira até a sua massa atingir o limite de Chandrasekhar e então colapsa; e as supernovas Tipo II, que resultam da explosão de uma estrela isolada de massa elevada (com massa superior a cerca de 4 vezes a massa do Sol) que esgotou o seu combustível nuclear e expeliu as suas camadas externas, restando apenas um objecto compacto (uma estrela de neutrões ou um buraco negro).
Sistema Solar
O Sistema Solar é constituído pelo Sol e por todos os objectos que lhe estão gravitacionalmente ligados: planetas e suas luas, asteróides, cometas, material interplanetário.
influenciou fortemente o desenvolvimento da vida. O Prof. Henrik Svensmark, da Universidade Técnica da Dinamarca (DTU), descreve o seu trabalho num artigo publicado no Monthly Notices da Royal Astronomical Society.
O Sistema Solar é constituído pelo Sol e por todos os objectos que lhe estão gravitacionalmente ligados: planetas e suas luas, asteróides, cometas, material interplanetário.
Quando as estrelas
estrela
Uma estrela é um objecto celeste gasoso que gera energia no seu núcleo através de reacções de fusão nuclear. Para que tal possa suceder, é necessário que o objecto possua uma massa superior a 8% da massa do Sol. Existem vários tipos de estrelas, de acordo com as suas temperaturas efectivas, cores, idades e composição química.
de grande massaUma estrela é um objecto celeste gasoso que gera energia no seu núcleo através de reacções de fusão nuclear. Para que tal possa suceder, é necessário que o objecto possua uma massa superior a 8% da massa do Sol. Existem vários tipos de estrelas, de acordo com as suas temperaturas efectivas, cores, idades e composição química.
massa
A massa é uma medida da quantidade de matéria de um dado corpo.
esgotam o seu combustível e chegam ao final das suas vidas, explodem como supernovas, explosões tremendamente poderosas que durante um breve período apresentam um brilhoA massa é uma medida da quantidade de matéria de um dado corpo.
brilho
O brilho de um astro refere-se à quantidade de luz que dele provém, ou seja, a quantidade de energia por ele emitida por unidade de área por unidade de tempo. Dado que o brilho observado, ou medido, depende da distância ao objecto, distingue-se o brilho aparente (quando medido a uma determinada distância), do brilho intrínseco (conceptualmente medido na supefície do próprio astro).
superior ao de toda uma galáxiaO brilho de um astro refere-se à quantidade de luz que dele provém, ou seja, a quantidade de energia por ele emitida por unidade de área por unidade de tempo. Dado que o brilho observado, ou medido, depende da distância ao objecto, distingue-se o brilho aparente (quando medido a uma determinada distância), do brilho intrínseco (conceptualmente medido na supefície do próprio astro).
galáxia
Um vasto conjunto de estrelas, nebulosas, gás e poeira interestelar gravitacionalmente ligados. As galáxias classificam-se em três categorias principais: espirais, elípticas e irregulares.
de estrelas normais. Os remanescentes destes acontecimentos dramáticos libertam também grande quantidades de partículas de alta energia, conhecidas como raios cósmicos galácticos (GCR). Se uma supernova estiver suficientemente perto do Sistema Solar, o aumento dos níveis de GCR pode ter um impacto directo sobre a atmosfera da TerraUm vasto conjunto de estrelas, nebulosas, gás e poeira interestelar gravitacionalmente ligados. As galáxias classificam-se em três categorias principais: espirais, elípticas e irregulares.
atmosfera terrestre
A atmosfera terrestre é composta por um conjunto de camadas gasosas que envolvem a Terra. Estas camadas são designadas por Troposfera (da superfície da Terra até cerca de 10 km de altitude), Estratosfera (10 - 50 km), Mesosfera (50 - 100 km), Termosfera (100 - 400 km) e Exosfera (acima dos 400 km).
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A atmosfera terrestre é composta por um conjunto de camadas gasosas que envolvem a Terra. Estas camadas são designadas por Troposfera (da superfície da Terra até cerca de 10 km de altitude), Estratosfera (10 - 50 km), Mesosfera (50 - 100 km), Termosfera (100 - 400 km) e Exosfera (acima dos 400 km).
O Prof. Svensmark observou dados geológicos e astronómicos, através de 500 milhões de anos no passado, e considerou a proximidade do Sol
Sol
O Sol é a estrela nossa vizinha, que se encontra no centro do Sistema Solar. Trata-se de uma estrela anã adulta (dita da sequência principal) de classe espectral G. A temperatura na sua superfície é aproximadamente 5800 graus centígrados e o seu raio atinge os 700 mil quilómetros.
às supernovas, no seu movimento em torno da nossa GaláxiaO Sol é a estrela nossa vizinha, que se encontra no centro do Sistema Solar. Trata-se de uma estrela anã adulta (dita da sequência principal) de classe espectral G. A temperatura na sua superfície é aproximadamente 5800 graus centígrados e o seu raio atinge os 700 mil quilómetros.
Via Láctea
A Via Láctea é a galáxia de que faz parte o nosso Sistema Solar. Trata-se de uma galáxia espiral gigante, com um diâmetro de cerca de 160 mil anos-luz e uma massa da ordem de 100 mil milhões de vezes a massa do Sol.
. Em particular, quando o Sol passa através dos braços espiraisA Via Láctea é a galáxia de que faz parte o nosso Sistema Solar. Trata-se de uma galáxia espiral gigante, com um diâmetro de cerca de 160 mil anos-luz e uma massa da ordem de 100 mil milhões de vezes a massa do Sol.
braço espiral
Um braço espiral de uma galáxia é uma estrutura curva no disco de uma galáxia espiral (ou, em alguns casos, de uma galáxia irregular), constituída por estrelas jovens, aglomerados de estrelas, nebulosas, gás e poeiras.
da Via Láctea e encontra os recém-formados enxames de estrelas. Estes enxames, ditos enxames abertos, que se dispersam ao longo do tempo, têm várias idades e tamanhos, e terão começado com uma pequena percentagem de estrelas de massa suficiente para explodirem como supernovas. A partir de dados sobre enxames abertos, o Prof. Svensmark foi capaz de deduzir como variou a taxa de explosão de supernovas perto do Sistema Solar ao longo do tempo.
Um braço espiral de uma galáxia é uma estrutura curva no disco de uma galáxia espiral (ou, em alguns casos, de uma galáxia irregular), constituída por estrelas jovens, aglomerados de estrelas, nebulosas, gás e poeiras.
Comparando isto com o registo geológico, descobriu que a variação na frequência
frequência
Num fenómeno periódico, a frequência é o número de ciclos por unidade de tempo.
de supernovas próximas parece ter moldado fortemente as condições de vida na Terra. Quando o Sol e os seus planetasNum fenómeno periódico, a frequência é o número de ciclos por unidade de tempo.
planeta
Um planeta é um objecto que se forma no disco que circunda uma estrela em formação e cuja massa é superior à de Plutão (1/500 da massa da Terra) e inferior a 10 vezes a massa de Júpiter. Ao contrário das estrelas, os planetas não produzem luz, apenas reflectem a luz da estrela que orbitam.
visitaram regiões com mais formação estelar na Via Láctea, onde as estrelas que explodem são mais comuns, a vida prosperou. O Prof. Svensmark realça, no artigo, que: "A biosfera parece conter um reflexo do céu, em que a evolução da vida espelha a evolução da Galáxia."
Um planeta é um objecto que se forma no disco que circunda uma estrela em formação e cuja massa é superior à de Plutão (1/500 da massa da Terra) e inferior a 10 vezes a massa de Júpiter. Ao contrário das estrelas, os planetas não produzem luz, apenas reflectem a luz da estrela que orbitam.
O novo trabalho parece ter conseguido explicar muito bem a diversidade da vida, ao longo dos últimos 500 milhões de anos, pela tectónica que afecta o nível do mar em conjunto com as variações na taxa de supernovas. Para obter estes resultados sobre a biodiversidade, o estudo seguiu a evolução dos fósseis mais bem conservados, que são os de animais invertebrados do mar, como camarões e polvos, ou as trilobites e os amonites já extintos. A sua variedade tendeu a enriquecer quando os continentes se estavam a afastar e o nível do mar subiu, e a empobrecer quando, há 250 milhões de anos, as massas de terra se reuniram no super continente Pangea e o nível do mar desceu.
Mas o efeito geofísico não é tudo. Quando este é removido do registo da biodiversidade, o que resta corresponde de perto à taxa de variação das explosões estelares próximas, com a biodiversidade a aumentar com a abundância de supernovas. Um motivo provável, segundo o professor Svensmark, é que o clima frio associado a taxas elevadas de supernovas implica uma maior variedade de habitats entre as regiões polares e equatoriais, enquanto as associadas tensões de vida impedem os ecossistemas de se tornarem demasiado ajustados. E observa ainda que grande parte dos períodos geológicos parece começar e terminar com uma subida ou uma queda na taxa de supernovas. As alterações nas espécies típicas que definem um período, na transição para o seguinte, poderiam, então, ser o resultado de uma grande alteração no ambiente astrofísico.
A prosperidade da vida pode ser avaliada pela quantidade de dióxido de carbono no ar em vários períodos do passado, segundo o registo geológico. Quando as taxas de supernovas eram altas, o dióxido de carbono era escasso, sugerindo que a florescente vida microbiana e vegetal nos oceanos o consumiu avidamente para crescer. A ideia fundamenta-se no facto de que os micróbios e plantas não gostam das moléculas
molécula
Uma molécula é a unidade mais pequena de um composto químico, sendo constituída por um ou mais átomos, ligados entre si pelas interacções dos seus electrões.
de dióxido de carbono que contêm uma forma pesada de átomoUma molécula é a unidade mais pequena de um composto químico, sendo constituída por um ou mais átomos, ligados entre si pelas interacções dos seus electrões.
átomo
O átomo é a menor partícula de um dado elemento que tem as propriedades químicas que caracterizam esse mesmo elemento. Os átomos são formados por electrões à volta de um núcleo constituído por protões e neutrões.
de carbono, o carbono-13. Como resultado, a água do mar fica enriquecida por carbono-13. Os dados geológicos mostram altos níveis de carbono-13 quando as supernovas eram mais comuns - mais uma vez apontando para alta produtividade. Quanto ao porquê, o Prof. Svensmark observa que o crescimento é limitado pela disponibilidade de nutrientes, especialmente fósforo e azoto, e que condições de arrefecimento favorecem a reciclagem dos nutrientes por mistura vigorosa dos oceanos.
O átomo é a menor partícula de um dado elemento que tem as propriedades químicas que caracterizam esse mesmo elemento. Os átomos são formados por electrões à volta de um núcleo constituído por protões e neutrões.
Embora a nova análise sugira, talvez surpreendentemente, que as supernovas são em geral boas para a vida, as taxas elevadas de supernovas podem trazer o clima frio e mutável de prolongados períodos glaciais, com efeitos adversos. Os Geocientistas há muito se intrigam com as numerosas e relativamente breves quedas do nível do mar, em 25 metros ou mais, que aparecem em perfis sísmicos como praias erodidas. O Prof. Svensmark descobriu que são o que se pode esperar quando o arrefecimento devido a supernovas próximas provoca períodos glaciais de curta duração. Com a água congelada temporariamente retida em terra, o nível do mar desce.
Os dados também apoiam a ideia de uma ligação de longo prazo entre os raios cósmicos e o clima, com as mudanças climáticas como base dos efeitos biológicos. E em comparação com as variações de temperatura observadas em períodos curtos, consequência da influência do Sol no influxo de raios cósmicos, o aquecimento e arrefecimento da Terra devido à variação dos raios cósmicos com a predominante taxa de supernovas tem sido muito maior.
O director do DTU Space, Prof. Eigil Friis-Christensen, comenta: "Quando esta investigação sobre os efeitos dos raios cósmicos de remanescentes de supernovas começou, há 16 anos, nunca imaginamos que nos iria levar tão a fundo no tempo, ou até tantos aspectos da história da Terra. A ligação com a evolução é o ponto mais alto deste trabalho. "
Fonte da notícia: http://www.ras.org.uk/news-and-press/219-news-2012/2117-did-exploding-stars-help-life-on-earth-to-thrive