Um consórcio de empresas e universidades portuguesas está a trabalhar, há mais de um ano, num projecto de construção de um instrumento científico para ser incluído na ExoMars, a próxima missão da ESA a Marte, cujo lançamento está previsto para 2013.

O instrumento científico, já aprovado pela ESA e a ser construído pelo consórcio 100% português, designa-se por Subsurface Permittivity Probe (SP2), e tem como objectivo principal a medição das propriedades eléctricas do subsolo marciano. A intenção é contribuir para a detecção de água no solo do planeta vermelho. Este contributo insere-se no objectivo principal da ExoMars, a detecção de possíveis sinais de existência de Vida, passada ou presente, em Marte.

O consórcio SP2 foi formado por iniciativa do investigador Fernando Simões, proponente do projecto e actualmente a trabalhar em França, e integra universidades e empresas nacionais com competências no domínio espacial. A componente técnica do projecto é formada pelas empresas EFACEC, Critical
Software, Active Space Technologies e ROTACIONAL, as quais partilham, entre si, o desenvolvimento do respectivo hardware e software. A componente científica é liderada pelo Instituto Superior Técnico, e conta com a participação de investigadores da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, do Instituto de Telecomunicações, Pólo de Lisboa e ainda de engenheiros da empresa Edisoft. O consórcio integra também vários investigadores portugueses que desenvolvem o seu trabalho fora do país em centros espaciais internacionais.

“O instrumento SP2 foi seleccionado pela ESA num ambiente de competição internacional, está projectado para efectuar medições nunca antes realizadas no subsolo marciano e já mereceu distinções internacionais, nomeadamente um prémio conjunto atribuído pela ESA e pela NASA que visa galardoar instrumentação científica de excelência na área da exploração planetária”, refere Fernando Simões, coordenador do projecto, acrescentando que: “O SP2 já é um projecto inovador, original, merecedor de crédito internacional. Pretende ser, a partir de agora, um projecto científico-tecnológico de referência nacional. O consórcio SP2 acredita que este projecto é um caso exemplar de parceria entre as universidades e o meio empresarial e que contribuirá para trazer grandes benefícios para o desenvolvimento do país no sector espacial”.

O projecto SP2, que contribuirá para gerar massa crítica científica no país na área das ciências espaciais, permitirá:

• contribuir para a internacionalização da Ciência em Portugal;
• abrir portas à internacionalização das empresas;
• reforçar a ligação universidades-indústria;
• potenciar a realização de novos projectos com agências espaciais internacionais;
• potenciar o regresso ao país de jovens investigadores portugueses actualmente no estrangeiro;
• motivar as novas gerações nacionais a enveredarem por carreiras científico-tecnológicas.

Numa altura em que se comemoram 50 anos do lançamento do Sputnik, e em que a exploração do Espaço volta a estar na ordem do dia, com o anúncio do retorno da NASA à Lua, o consórcio SP2 pretende dar o seu contributo para que Portugal possa participar no próximo grande objectivo da conquista espacial: a exploração de Marte, que culminará com uma missão tripulada prevista para as próximas décadas.

Fonte da notícia: Instituto Superior Técnico e EFACEC