Perseu ganhou uma nova "estrela": o cometa 17P/Holmes
2007-11-13
Imagens do cometa 17P/Homes. Em cima Crédito: Sebastian Voltmer. Em baixo Crédito: Filipe Alves.
cometa
Os cometas são pequenos corpos irregulares, compostos por gelos (de água e outros) e poeiras. Os cometas têm órbitas de grande excentricidade à volta do Sol. As estruturas mais importantes dos cometas são o núcleo, a cabeleira e as caudas.
. Cento e quinze anos passados da data da sua descoberta sabemos que o cometa, entretanto designado por 17P/Holmes, é um cometa periódicoOs cometas são pequenos corpos irregulares, compostos por gelos (de água e outros) e poeiras. Os cometas têm órbitas de grande excentricidade à volta do Sol. As estruturas mais importantes dos cometas são o núcleo, a cabeleira e as caudas.
cometa de curto período
Designam-se por cometas de curto período aqueles cujo período orbital é inferior a 200 anos.
com um período orbitalDesignam-se por cometas de curto período aqueles cujo período orbital é inferior a 200 anos.
período orbital
O tempo necessário para que um corpo descreva uma órbita completa e fechada em torno de outro corpo.
de 6,88 anos e que normalmente atinge magnitudes que variam entre 17 e 6.
O tempo necessário para que um corpo descreva uma órbita completa e fechada em torno de outro corpo.
Nos registos da primeira observação efectuada por Holmes consta o facto de o cometa ter sofrido um incremento do brilho
brilho
O brilho de um astro refere-se à quantidade de luz que dele provém, ou seja, a quantidade de energia por ele emitida por unidade de área por unidade de tempo. Dado que o brilho observado, ou medido, depende da distância ao objecto, distingue-se o brilho aparente (quando medido a uma determinada distância), do brilho intrínseco (conceptualmente medido na supefície do próprio astro).
até magnitude 4 ou 5 durante a aproximação ao periélioO brilho de um astro refere-se à quantidade de luz que dele provém, ou seja, a quantidade de energia por ele emitida por unidade de área por unidade de tempo. Dado que o brilho observado, ou medido, depende da distância ao objecto, distingue-se o brilho aparente (quando medido a uma determinada distância), do brilho intrínseco (conceptualmente medido na supefície do próprio astro).
periélio
O periélio é o ponto da órbita de um corpo que orbita o Sol em que este se encontra mais próximo do Sol.
, tornando-se gradualmente mais ténue ao longo das semanas seguintes e sofrendo um inesperado e súbito aumento de brilho para magnitude 4, dois meses e meio após a sua descoberta.
O periélio é o ponto da órbita de um corpo que orbita o Sol em que este se encontra mais próximo do Sol.
A história parece repetir-se agora, neste preciso momento. Depois de ter passado o periélio em Maio passado, a cerca de 2,053 UA
unidade astronómica (UA)
Unidade de distância, definida como a distância média entre a Terra e o Sol, que corresponde a 149 597 870 km, ou 8,3 minutos-luz.
do SolUnidade de distância, definida como a distância média entre a Terra e o Sol, que corresponde a 149 597 870 km, ou 8,3 minutos-luz.
Sol
O Sol é a estrela nossa vizinha, que se encontra no centro do Sistema Solar. Trata-se de uma estrela anã adulta (dita da sequência principal) de classe espectral G. A temperatura na sua superfície é aproximadamente 5800 graus centígrados e o seu raio atinge os 700 mil quilómetros.
, o cometa 17P/Holmes continuou o seu percurso orbital afastando-se progressivamente da nossa estrelaO Sol é a estrela nossa vizinha, que se encontra no centro do Sistema Solar. Trata-se de uma estrela anã adulta (dita da sequência principal) de classe espectral G. A temperatura na sua superfície é aproximadamente 5800 graus centígrados e o seu raio atinge os 700 mil quilómetros.
estrela
Uma estrela é um objecto celeste gasoso que gera energia no seu núcleo através de reacções de fusão nuclear. Para que tal possa suceder, é necessário que o objecto possua uma massa superior a 8% da massa do Sol. Existem vários tipos de estrelas, de acordo com as suas temperaturas efectivas, cores, idades e composição química.
. Subitamente, na noite de 23 para 24 de Outubro, já a uma distância de 2,44 UA do Sol e com uma magnitude aproximada de 17, o cometa tornou-se num autêntico "farol espacial", aumentando de brilho para magnitude 3, ou seja, brilhando quase 400 000 vezes mais e tornando-se visível à vista desarmada, mesmo quando observado a partir do interior de cidades com elevados níveis de poluição luminosa.
Uma estrela é um objecto celeste gasoso que gera energia no seu núcleo através de reacções de fusão nuclear. Para que tal possa suceder, é necessário que o objecto possua uma massa superior a 8% da massa do Sol. Existem vários tipos de estrelas, de acordo com as suas temperaturas efectivas, cores, idades e composição química.
A constelação
constelação
Designa-se por constelação cada uma das 88 regiões em que se divide a abóbada celeste, por convenção de 1922.
de Perseu passou a ter mais uma "estrela": o cometa ocupa um dos vértices de um triângulo formado por si e pelas estrelas alfa e delta de Perseu, tornando-se absolutamente evidente assim que se olha para o local. Este acontecimento provocou uma súbita explosão de informação e relatos oriundos de diferentes longitudes do hemisfério norte. A troca de e-mails e mensagens em fóruns da especialidade disparou de forma abismal, com milhares de astrónomos profissionais e amadores a descreverem os seus relatos de observação, sempre acompanhados de uma esfusiante emoção por ser possível observarem o cometa à vista desarmada.
Designa-se por constelação cada uma das 88 regiões em que se divide a abóbada celeste, por convenção de 1922.
Mas afinal o que provocou este súbito e inesperado aumento de brilho do cometa 17P/Holmes? A resposta a esta questão não é linear nem precisa. O estado actual de conhecimento que detemos acerca do comportamento dos cometas não nos permite formular uma resposta isenta de dúvidas e incertezas.
Comecemos por considerar que estes objectos se movem em órbitas
órbita
A órbita de um corpo em movimento é a trajectória que o corpo percorre no espaço.
que os obrigam a suportar condições absolutamente extremas: deslocam-se de locais do sistema solarA órbita de um corpo em movimento é a trajectória que o corpo percorre no espaço.
Sistema Solar
O Sistema Solar é constituído pelo Sol e por todos os objectos que lhe estão gravitacionalmente ligados: planetas e suas luas, asteróides, cometas, material interplanetário.
em que a temperatura é extremamente baixa, a aproximar-se da temperatura da radiaçãoO Sistema Solar é constituído pelo Sol e por todos os objectos que lhe estão gravitacionalmente ligados: planetas e suas luas, asteróides, cometas, material interplanetário.
radiação electromagnética
A radiação electromagnética, ou luz, pode ser considerada como composta por partículas (os fotões) ou ondas. As suas propriedades dependem do comprimento de onda: ondas ou fotões com comprimentos de onda mais longos traduzem radiação menos energética. A radiação electromagnética, ou luz, é usualmente descrita como um conjunto de bandas de radiação, como por exemplo o infravermelho, o rádio ou os raios-X.
cósmica de fundo (3 K), para viajarem até ao interior do sistema solar, onde encontram condições no extremo oposto, ficando sujeitos a altas temperaturas.
A radiação electromagnética, ou luz, pode ser considerada como composta por partículas (os fotões) ou ondas. As suas propriedades dependem do comprimento de onda: ondas ou fotões com comprimentos de onda mais longos traduzem radiação menos energética. A radiação electromagnética, ou luz, é usualmente descrita como um conjunto de bandas de radiação, como por exemplo o infravermelho, o rádio ou os raios-X.
Este facto, de per si, poderá explicar alguns comportamentos, verificando-se as influências provocadas pelo aquecimento, evaporação e rotação forçadas, na formação das caudas que habitualmente são exibidas pelos cometas na passagem pelo periélio. Outro dado importante é o facto de os cometas alterarem a sua forma e distribuição de matéria com alguma frequência
frequência
Num fenómeno periódico, a frequência é o número de ciclos por unidade de tempo.
. Pense em toda a matéria que é ejectada de um cometa, violentamente movida durante a sua viagem até ao interior do sistema solar. Depois, à medida que se afasta do Sol e vai ficando sujeito a temperaturas mais baixas, parte daquela matéria regressa à superfície do núcleo cometário, onde arrefece e solidifica, mas não no mesmo local de onde tinha sido abruptamente "arrancada". Se numa dada passagem pelo Sol o cometa regista um determinado comportamento, poderá mostrar-se completamente diferente na sua próxima incursão ao coração do sistema solar.
Num fenómeno periódico, a frequência é o número de ciclos por unidade de tempo.
Poderemos ainda formular a hipótese, mais rara mas não impossível, de ocorrer uma colisão entre o núcleo do cometa
núcleo de um cometa
O núcleo de um cometa é a parte sólida e gelada, localizada no centro da cabeça do cometa e é constituído por poeiras e gases gelados. O diâmetro dos núcleos cometários tem tipicamente entre 10 e 20 km.
e um outro viajante espacial errante de média dimensão.
O núcleo de um cometa é a parte sólida e gelada, localizada no centro da cabeça do cometa e é constituído por poeiras e gases gelados. O diâmetro dos núcleos cometários tem tipicamente entre 10 e 20 km.
É difícil saber qual dos cenários ocorreu. Por agora basta que nos consideremos contentes por ter o privilégio de poder observar um cometa durante um evento particular de aquecimento violento. Saia à rua, levante os olhos para cima, procure Perseu, ligeiramente abaixo da Cassiopeia, olhe para o extremo esquerdo da constelação e regale-se com a visão de uma mancha difusa e brilhante. Parabéns, acabou de observar o cometa 17P/Holmes.