Exoplanetas descobertos à volta de uma estrela que não devia possuir planeta

2007-05-25

Dados observacionais (pontos verdes) permitem ver a variação da velocidade radial da estrela com o tempo, permitindo determinar que a curva que melhor se ajusta às observações (linha a cheio) corresponde a um sistema duplo de planetas com determinadas características. As contribuições individuais dos dois planetas descobertos podem ser analisadas no gráfico de baixo. Crédito: Cochran et al 2007.
Uma equipa de astrónomos da Universidade do Texas em Austin, liderada por W. Cochran e M. Endl, monitoriza a estrela
estrela
Uma estrela é um objecto celeste gasoso que gera energia no seu núcleo através de reacções de fusão nuclear. Para que tal possa suceder, é necessário que o objecto possua uma massa superior a 8% da massa do Sol. Existem vários tipos de estrelas, de acordo com as suas temperaturas efectivas, cores, idades e composição química.
HD 155358, desde 2001, com o Telescópio Hobby-Eberly (HET), de 9,2 m, situado no Observatório McDonald (Texas). Os espectros que obtêm permitem determinar a velocidade radial da estrela e a sua variação ao longo do tempo. Foi a análise da variação periódica da velocidade radial da estrela que mostrou a presença de companheiros da estrela.

HD 155358 é ligeiramente mais quente que o Sol
Sol
O Sol é a estrela nossa vizinha, que se encontra no centro do Sistema Solar. Trata-se de uma estrela anã adulta (dita da sequência principal) de classe espectral G. A temperatura na sua superfície é aproximadamente 5800 graus centígrados e o seu raio atinge os 700 mil quilómetros.
, mas possui menos massa
massa
A massa é uma medida da quantidade de matéria de um dado corpo.
. A característica mais importante desta estrela é o seu conteúdo de elementos químicos pesados
metal
Em Astronomia, todos os elementos químicos de número atómico superior ao do hélio são designados por metais, ou por elementos pesados.
: apenas cerca de 20% da quantidade existente no Sol. Esta é uma das estrelas com menos "metais" que se conhece. Em Astronomia, todos os elementos químicos
elemento químico
Elemento composto por um único tipo de átomos. Os elementos químicos constituem a Tabela Periódica.
mais pesados que o hidrogénio e o hélio são designados genericamente por metais, de forma que se classificam estas estrelas como estrelas de baixa metalicidade
abundância de metais
A abundância de metais de um dado objecto celeste é a abundância química de todos os seus elementos, excepto o hidrogénio e o hélio. Para os astrónomos, todos os elementos com número atómico superior ao do hélio são considerados metais.
. A análise dos espectros revelou ainda que esta estrela tem cerca de 10 mil milhões de anos.

Um dos planetas
planeta
Um planeta é um objecto que se forma no disco que circunda uma estrela em formação e cuja massa é superior à de Plutão (1/500 da massa da Terra) e inferior a 10 vezes a massa de Júpiter. Ao contrário das estrelas, os planetas não produzem luz, apenas reflectem a luz da estrela que orbitam.
descobertos tem um período orbital
período orbital
O tempo necessário para que um corpo descreva uma órbita completa e fechada em torno de outro corpo.
de 195 dias, dista aproximadamente 0,6 UA
unidade astronómica (UA)
Unidade de distância, definida como a distância média entre a Terra e o Sol, que corresponde a 149 597 870 km, ou 8,3 minutos-luz.
da estrela e possui, pelo menos, 90% da massa de Júpiter
Júpiter
Júpiter é o quinto planeta mais próximo do Sol. Com um diâmetro cerca de 11 vezes maior do que a Terra e uma massa mais de 300 vezes superior, é o maior planeta do Sistema Solar e o primeiro dos planetas gigantes gasosos.
. O outro planeta orbita a HD 155358 em 530 dias à distância de 1,2 UA e tem no mínimo metade da massa de Júpiter.

Com a ajuda de super computadores, os astrónomos calcularam as órbitas
órbita
A órbita de um corpo em movimento é a trajectória que o corpo percorre no espaço.
dos dois planetas descobertos e verificaram que são suficientemente próximas uma da outra, para que a interacção gravitacional entre eles seja significativa. Por essa razão, as suas órbitas vão se alterando com o tempo e ora são mais excêntricas, ora mais circulares.

A importância desta descoberta ultrapassa a descoberta em si mesma, pois pode ter consequências nas teorias de formação de planetas agora vigentes.

Fonte da notícia: http://www.utexas.edu/opa/news/2007/05/mcdonald23.html