Uma equipa de cientistas ligados a instituições suíças, francesas e portuguesas descobriram um novo exoplaneta, que é o menor de todos os planetas já descobertos a orbitar estrelas que não o Sol. A estrela mãe é uma estrela anã vermelha, chamada Gliese 581 - é uma estrela mais fria e pequena que o Sol, logo menos luminosa. O exoplaneta, designado por Gliese 581c, tem uma órbita 14 vezes mais próxima da estrela que a órbita da Terra à volta do Sol, e cumpre uma volta completa em apenas 13 dias. A sua massa é aproximadamente 5 vezes a massa da Terra. Mas o mais extraordinário nesta descoberta é o facto de o planeta estar localizado na zona habitável - uma região à volta da estrela onde as condições permitem a existência de água líquida.

Os investigadores estimaram que a temperatura média deste exoplaneta situa-se entre os 0 e os 40°C o que permite que a água se encontre no estado líquido. Os modelos prevêem que planetas com o raio do exoplaneta, estimado em 1,5 vezes o raio da Terra, devem ser rochosos, ou cobertos por oceanos. Estas características tornam Gliese 581c um forte candidato na procura de vida noutros sistemas estelares.

Gliese 581, uma estrela anã vermelha, é uma das 100 estrelas mais próximas de nós e encontra-se a apenas 20,5 anos-luz, na constelação da Balança. A sua massa é um terço da massa do Sol e a sua luminosidade cerca de 50 vezes menor que a luminosidade solar. As estrelas anãs vermelhas são as estrelas mais comuns da nossa Galáxia - das 100 estrelas mais próximas do Sol, 80 pertencem a esta classe.

As estrelas anãs vermelhas são excelentes alvos na procura de planetas de pouca massa, onde talvez possa existir água, porque emitem menos luz e a sua zona habitável é muito mais próxima da estrela. Pelo método das velocidades radiais, é mais fácil detectar planetas muito próximos das estrelas.

Há dois anos, a mesma equipa de astrónomos descobriu um outro planeta em torno de Gliese 581. Esse exoplaneta tem 15 vezes a massa da Terra, ou seja, é comparável a Neptuno, e orbita a estrela em 5,4 dias. Já nessa altura os dados indicaram a possibilidade de haver mais planetas naquele sistema estelar. Observações subsequentes revelaram a nova super-Terra e indicam ainda a presença de mais um planeta, com cerca de 8 vezes a massa da Terra e com um período orbital de 84 dias.

As observações que levaram à descoberta da super-Terra foram realizadas com o espectrógrafo HARPS (do inglês High Accuracy Radial Velocity for Planetary Searcher) acoplado ao telescópio de 3,6 m do ESO, no Observatório de La Silla (Chile). O HARPS consegue medir velocidades com uma precisão superior a um metro por segundo. As variações de velocidades detectadas nesta descoberta andam à volta de 2 a 3 m/s, o que corresponde a 9km/h - a velocidade de uma pessoa a andar apressadamente!

Este estudo encontra-se descrito numa carta submetida à revista científica Astronomy and Astrophysics, tendo como primeiro autor S. Udry, do Observatório de Geneva (Suíça). A equipa inclui o astrofísico Xavier Bonfils, que é actualmente investigador no Centro de Astronomia e Astrofísica da Universidade de Lisboa - CAAUL, no Observatório de Lisboa.

Fonte da notícia: http://www.eso.org/outreach/press-rel/pr-2007/pr-22-07.html