Sonda Hinode revela pormenores do Sol

2007-03-23

Imagens obtidas pelo Hinode da cromosfera solar. Crédito: JAXA/NASA.
Imagens obtidas com a sonda Hinode, um projecto liderado pela Agência Espacial Japonesa e que conta com a colaboração da NASA
National Aeronautics and Space Administration (NASA)
Entidade norte-americana, fundada em 1958, que gere e executa os programas espaciais dos Estados Unidos da América.
, ESA
European Space Agency (ESA)
A Agência Espacial Europeia foi fundada em 1975 e actualmente conta com 15 países membros, incluindo Portugal.
e PPARC, revelam pormenores incríveis da atmosfera
atmosfera
1- Camada gasosa que envolva um planeta ou uma estrela. No caso das estrelas, entende-se por atmosfera as suas camadas mais exteriores. 2- A atmosfera (atm) é uma unidade de pressão equivalente a 101 325 Pa.
solar.

Hinode, que significa nascer do Sol
Sol
O Sol é a estrela nossa vizinha, que se encontra no centro do Sistema Solar. Trata-se de uma estrela anã adulta (dita da sequência principal) de classe espectral G. A temperatura na sua superfície é aproximadamente 5800 graus centígrados e o seu raio atinge os 700 mil quilómetros.
em Japonês, foi lançada em Setembro de 2006 com o objectivo de estudar o campo magnético
campo magnético
O campo magnético é a região em torno de um corpo na qual é detectada uma força magnética. Os campos magnéticos actuam apenas em partículas electricamente carregadas. Campos magnéticos fracos são por exemplo gerados por efeito de dínamo no interior dos planetas e luas, enquanto que campos magnéticos mil milhões de vezes mais fortes podem ser gerados em estrelas e galáxias. Os campos magnéticos são capazes de controlar o movimento de gás ionizado e até moldar a forma dos corpos por eles actuados.
do Sol e como a sua energia se propaga ao longo das camadas da atmosfera solar. Os três instrumentos principais a bordo do Hinode observam em diferentes comprimentos de onda
comprimento de onda
Designa-se por comprimento de onda a distância entre dois pontos sucessivos de amplitude máxima (ou mínima) de uma onda.
: no óptico, em raios-X
raios-X
A radiação X é a radiação electromagnética cujo comprimento de onda está compreendido entre o ultravioleta e os raios gama, ou seja, pertence ao intervalo de aproximadamente 0,1 Å a 100 Å. Descobertos em 1895, os raios-X tambêm são, por vezes, chamados de raios de Röntgen em homenagem ao seu descobridor. A radiação X é altamente penetrante, o que a torna muito útil, por exemplo, para obter radiografias.
e no ultravioleta
ultravioleta
O ultravioleta á a banda do espectro electromagnético que cobre a gama de comprimentos de onda entre os 91,2 e os 350 nanómetros. Esta radiação é largamente bloqueada pela atmosfera terrestre.
extremo. Esta capacidade permite recolher informação sobre as diferentes camadas da atmosfera solar desde a fotosfera até à coroa solar
coroa solar
A coroa solar é a região mais exterior da atmosfera do Sol, imediatamente acima da cromosfera. É composta por gás pouco denso, a uma temperatura acima de um milhão de graus (1-2x106 K). Este gás estende-se por milhares de quilómetros acima da superfície solar e pode ser observado na luz visível durante os eclipses solares, ou com o auxílio de aparelhos especiais, os coronógrafos.
. Ao realizar medições com os três instrumentos, os investigadores podem verificar como alterações no campo magnético na atmosfera mais baixa se propagam pela atmosfera até à coroa solar e até ao espaço interplanetário.

As imagens agora publicadas permitem que se observem detalhes dos pequenos grânulos
grânulo solar
Um grânulo é uma célula convectiva, com cerca de 1000 km de diâmetro, na fotosfera solar. Cada grânulo dura, em média, cerca de 5 a 10 minutos e tem uma temperatura 3000 °C mais elevada que as zonas escuras à sua volta. Em determinada altura, os grânulos podem cobrir mais de um terço da fotosfera solar.
do gás quente que sobe e desce na atmosfera do Sol. As imagens revelam evidências irrefutáveis da presença de processos de turbulência que trazem campos magnéticos, em todas as escalas, à superfície do Sol, resultando numa cromosfera
cromosfera solar
A cromosfera é a região da atmosfera do Sol imediatamente acima da fotosfera e abaixo da coroa solar. A densidade vai decrescendo e a temperatura vai subindo rapidamente à medida que nos afastamos da superfície do Sol. Na baixa cromosfera, mais densa (10-8 a 10-13 g/cm3), constituída por hidrogénio neutro frio (a 7500 K) e que se estende por cerca de 4000 km; e a alta cromosfera, com uma extensão de 12 000 km, menos densa (10-16 g/cm3) e formada por hidrogénio ionizado quente (106 K). É na cromosfera solar que ocorrem muitos dos fenómenos de actividade solar: as espículas, as regiões activas, as proeminências e os filamentos, e as fulgurações solares.
dinâmica.

Ao lado, na primeira imagem, temos uma imagem do Sol que revela a natureza filamentar do plasma
plasma
O plasma é um gás completamente ionizado, em que a temperatura é demasiado elevada para que os átomos existam como tal, sendo composto por electrões e núcleos atómicos livres. É chamado o quarto estado da matéria, para além do sólido, líquido e gasoso.
que faz a conexão das regiões de polaridade magnética diferente. A sonda capta o dinamismo desta camada da atmosfera, a cromosfera.

A segunda imagem revela a estrutura do campo magnético solar que se ergue verticalmente numa mancha solar (uma região onde o campo magnético é muito forte). Na borda da mancha solar, as linhas do campo magnético dobram-se para fazerem a conexão com o campo de polaridade oposta.

A última imagem mostra detalhes da cromosfera, que se estende para o exterior, acima das células convectivas, os grânulos, da fotosfera.

Fonte da notícia: http://www.nasa.gov/centers/marshall/news/news/releases/2007/07-031.html