Lagos líquidos em Titã
2007-01-19
Em cima: esta imagem de radar foi adquirida pelo instrumento de radar da sonda Cassini em modo de abertura sintética, no dia 22 de Julho de 2006. A imagem é de falsa cor e a intensidade é proporcional ao brilho do radar. Os lagos, mais escuros que o terreno à volta, aparecem aqui em intensidades de azul, enquanto as regiões mais brilhantes aparecem em tons de beije. A imagem está centrada a cerca de 80º N, 35º W e tem cerca de 140 km de extensão. Os detalhes menores têm cerca de 500 m de extensão.Em baixo: um dos lagos de Titã, num detalhe de uma imagem de radar obtida pela Cassini a 23 de Setembro de 2006. Vê-se claramente as linhas de costa, baías estreitas e baías largas, lembrando lagos terrestres. Este lago tem cerca de 20 km x 25 km. Créditos: NASA/JPL/USGS.
Saturno
Saturno é o sexto planeta do Sistema Solar, a contar do Sol. Com um diâmetro cerca de 10 vezes o da Terra, é o segundo maior planeta do Sistema Solar. A sua característica mais marcante são os belos anéis que o rodeiam.
, Titã, foi prevista há mais de vinte anos. Mas com uma nuvem densa e opaca permanente em torno da lua, impedindo que se aviste a sua superfície, nunca tinha sido possível confirmar a presença ou não daquelas massasSaturno é o sexto planeta do Sistema Solar, a contar do Sol. Com um diâmetro cerca de 10 vezes o da Terra, é o segundo maior planeta do Sistema Solar. A sua característica mais marcante são os belos anéis que o rodeiam.
massa
A massa é uma medida da quantidade de matéria de um dado corpo.
líquidas.
A massa é uma medida da quantidade de matéria de um dado corpo.
A sonda Cassini
Cassini-Huygens (NASA/ESA)
A missão Cassini-Huygens é uma missão conjunta da NASA e da ESA dedicada a Saturno que foi lançada no dia 13 de Outubro de 1997. Esta missão é composta por duas sondas: a sonda Cassini cujo objectivo principal é o estudo de Saturno, da sua atmosfera e do seu campo magnético, e a sonda Huygens cujo objectivo é o estudo da atmosfera do maior satélite de Saturno, Titã. O ponto alto desta missão será sem dúvida o pouso da sonda Huygens na superfície de Titã.
acabou com todas as dúvidas depois de um voo próximo em 22 de Julho de 2006. Imagens de radar, obtidas durante o vôo que a Cassini efectuou sobre Titã em 26 de Julho de 2006, forneceram provas convincentes da existência de grandes concentrações de líquido na superfície da maior lua de Saturno.
A missão Cassini-Huygens é uma missão conjunta da NASA e da ESA dedicada a Saturno que foi lançada no dia 13 de Outubro de 1997. Esta missão é composta por duas sondas: a sonda Cassini cujo objectivo principal é o estudo de Saturno, da sua atmosfera e do seu campo magnético, e a sonda Huygens cujo objectivo é o estudo da atmosfera do maior satélite de Saturno, Titã. O ponto alto desta missão será sem dúvida o pouso da sonda Huygens na superfície de Titã.
Tendo em conta as características dos lagos visíveis nas imagens, os cientistas pensam tratar-se de lagos que hoje se encontram cheios de líquido. Outra hipótese seria que estas depressões e canais se tivessem formado no passado e tivessem sido preenchidas, numa época mais recente, por material de baixa densidade
densidade
Em Astrofísica, densidade é o mesmo que massa volúmica: é a massa por unidade de volume.
, mais escuro do que qualquer outro observado em Titã. No entanto, a ausência de estruturas formadas por ventos que tenham assolado esta área não favorece a hipótese de estarmos perante material de baixa densidade.
Em Astrofísica, densidade é o mesmo que massa volúmica: é a massa por unidade de volume.
Estes lagos, observados no hemisfério norte, são a evidência mais forte até ao momento que a superfície e a atmosfera
atmosfera
1- Camada gasosa que envolva um planeta ou uma estrela. No caso das estrelas, entende-se por atmosfera as suas camadas mais exteriores. 2- A atmosfera (atm) é uma unidade de pressão equivalente a 101 325 Pa.
de Titã possuem um ciclo hidrológico activo, embora com um líquido condensável diferente da água. Neste ciclo, os lagos são cheios através de uma chuva de metano, ou por infiltração de camadas subterrâneas saturadas com metano líquido.
1- Camada gasosa que envolva um planeta ou uma estrela. No caso das estrelas, entende-se por atmosfera as suas camadas mais exteriores. 2- A atmosfera (atm) é uma unidade de pressão equivalente a 101 325 Pa.
À medida que as estações de Titã progridem, ao longo do ciclo de 29 anos de Saturno em torno do Sol
Sol
O Sol é a estrela nossa vizinha, que se encontra no centro do Sistema Solar. Trata-se de uma estrela anã adulta (dita da sequência principal) de classe espectral G. A temperatura na sua superfície é aproximadamente 5800 graus centígrados e o seu raio atinge os 700 mil quilómetros.
, os lagos de metano do hemisfério que se encontra no Inverno deverão expandir-se por acção de chuvas regulares de metano, enquanto que no hemisfério em que é Verão os lagos diminuirão de dimensão ou poderão mesmo secar por completo.
O Sol é a estrela nossa vizinha, que se encontra no centro do Sistema Solar. Trata-se de uma estrela anã adulta (dita da sequência principal) de classe espectral G. A temperatura na sua superfície é aproximadamente 5800 graus centígrados e o seu raio atinge os 700 mil quilómetros.
A imagem de radar publicada na Nature e que apresentamos aqui é uma imagem de cor falsa (as cores não representam o que seria observado pela visão humana), onde a intensidade da cor é proporcional à quantidade de brilho
brilho
O brilho de um astro refere-se à quantidade de luz que dele provém, ou seja, a quantidade de energia por ele emitida por unidade de área por unidade de tempo. Dado que o brilho observado, ou medido, depende da distância ao objecto, distingue-se o brilho aparente (quando medido a uma determinada distância), do brilho intrínseco (conceptualmente medido na supefície do próprio astro).
de radar que foi recebido pela Cassini como reflexão. A análise das imagens permitiu aos cientistas caracterizarem os lagos de Titã.
O brilho de um astro refere-se à quantidade de luz que dele provém, ou seja, a quantidade de energia por ele emitida por unidade de área por unidade de tempo. Dado que o brilho observado, ou medido, depende da distância ao objecto, distingue-se o brilho aparente (quando medido a uma determinada distância), do brilho intrínseco (conceptualmente medido na supefície do próprio astro).
As manchas escuras são interpretadas como sendo lagos, interpretação baseada na sua muito baixa reflectividade aos sinais de radar e na sua similaridade morfológica com estes, incluindo os canais associados e a sua localização em depressões topográficas.
As superfícies escuras são suaves, aparentando ser líquido, rocha, gelo ou material orgânico. Nesta imagem foram identificadas mais de 75 zonas escuras, ou lagos, com diâmetros que variam entre 3 km e mais de 70 km.
Enquanto alguns dos lagos parecem estar parcialmente secos, apresentando margens ou bordos com um brilho de radar similar ao do restante terreno envolvente, o que leva a crer não possuírem líquido, outros lagos aparentam estar total ou parcialmente preenchidos. A forma variada de preenchimento dos lagos desta região sugere que pode haver evaporação parcial ou total do líquido, e os lagos podem ser temporários, numa escala temporal desconhecida.
Em quinze das zonas identificadas não existem evidências de erosão e parecem estar totalmente preenchidas. A sua morfologia assemelha-se aos lagos terrestres confinados em crateras de impacto
cratera de impacto
As crateras de impacto são depressões circulares resultantes de colisões entre corpos pequenos (por exemplo cometas, asteróides ou meteoritos) e a superfície de corpos celestes maiores, tais como planetas ou satélites naturais. As crateras de impacto possuem geralmente um bordo levantado, formado pelo material ejectado aquando da colisão.
ou no interior de caldeiras vulcânicas. No entanto, a disposição apresentada por estes lagos e a sua limitada escala de tamanhos dificilmente reporta a sua origem a fenómenos associados a impactos, mostrando-se mais válida a hipótese de origem vulcânica.
As crateras de impacto são depressões circulares resultantes de colisões entre corpos pequenos (por exemplo cometas, asteróides ou meteoritos) e a superfície de corpos celestes maiores, tais como planetas ou satélites naturais. As crateras de impacto possuem geralmente um bordo levantado, formado pelo material ejectado aquando da colisão.
Em alguns lagos, conseguem-se detectar margens íngremes e muito acentuadas, sugerindo encostas; noutros, margens suaves e difusas, com um gradual decréscimo na reflexão do radar em direcção ao centro do lago; e ainda, outros lagos apresentam extensões do tipo de canais curvos, de aparência similar aos vales na Terra, inundados por rios adjacentes.
Por fim, identificam-se algumas manchas claras, próximas do bordo de alguns lagos e que podem ser pequenas ilhas aflorando à superfície, não se considerando que as mesmas sejam icebergues flutuantes uma vez que a maioria dos materiais não flutuaria em hidrocarbonetos líquidos.
Resta-nos esperar por novas imagens e novos estudos que conduzam a uma melhor compreensão das características da maior lua do sistema de Saturno. Por enquanto devoramos fervorosamente com o olhar as imagens que nos chegam da maior lua de Saturno, a cerca de mil e trezentos milhões de quilómetros de distância da Terra.
Fonte da notícia: http://www.jpl.nasa.gov/news/features.cfm?feature=1258