Imagens do solo de Marte sugerem a presença recente de água

2006-12-07

Imagens da região onde foram encontradas as evidências de recente fluxo de sedimentos em Marte. A primeira imagem, obtida pela Mars Global Surveyor, da NASA, foi obtida em 2001. A segunda imagem, da mesma região, foi obtida em 2005. Crédito: NASA/JPL/Malin Space Science Systems.
A sonda Mars
Marte
Marte é o quarto planeta do Sistema Solar, a contar do Sol. É o último dos chamados planetas interiores. O seu diâmetro é cerca de 50% mais pequeno do que o da Terra e possui uma superfície avermelhada, sendo também conhecido como planeta vermelho.
Global Surveyor
, da NASA
National Aeronautics and Space Administration (NASA)
Entidade norte-americana, fundada em 1958, que gere e executa os programas espaciais dos Estados Unidos da América.
, obteve fotografias de depósitos recentes em ravinas de Marte, que podem ter sido transportados por um curso de água há menos de sete anos. Estas observações são a mais forte evidência até à data de que água ainda flui ocasionalmente na superfície do planeta
planeta
Um planeta é um objecto que se forma no disco que circunda uma estrela em formação e cuja massa é superior à de Plutão (1/500 da massa da Terra) e inferior a 10 vezes a massa de Júpiter. Ao contrário das estrelas, os planetas não produzem luz, apenas reflectem a luz da estrela que orbitam.
.

A presença de água líquida é uma condição necessária para a existência de vida. Esta nova descoberta renova o interesse na busca de potencial vida microbiana em Marte. As imagens que revelam os sedimentos foram obtidas pela sonda em 2004 e 2005.

A forma destes depósitos é a esperada quando material é carregado por cursos de água: apresentam ramificações na parte descendente e desvios à volta de pequenos obstáculos.

A atmosfera
atmosfera
1- Camada gasosa que envolva um planeta ou uma estrela. No caso das estrelas, entende-se por atmosfera as suas camadas mais exteriores. 2- A atmosfera (atm) é uma unidade de pressão equivalente a 101 325 Pa.
de Marte é tão ténue e a temperatura tão baixa que água na forma líquida não persiste na sua superfície: rapidamente evapora ou congela. Os investigadores propõem que a água pode permanecer líquida o tempo suficiente para que, após surgir de uma fonte subterrânea, possa carregar os sedimentos ao longo da ravina, antes de congelar totalmente. Os dois depósitos recentes têm um comprimento de algumas centenas de metros.

A tonalidade clara dos depósitos pode dever-se a gelo da superfície continuamente reabastecido por gelo proveniente do depósito. Outra possibilidade é dever-se a uma crosta de sal, o que seria uma indicação do efeito da água em concentrar o sal. Se o depósito resultasse de poeira seca que tivesse deslizado, então seria escuro, como a poeira recentemente revolvida pelos rastos dos rovers, por redemoinhos e crateras recentes em Marte.

A Mars Global Surveyor descobriu dezenas de milhares de ravinas dentro de crateras e outras depressões em Marte. A maior parte destas ravinas estão a uma latitude de 30º ou acima. As ravinas foram descobertas em 2000. Para procurar mudanças que indiquem a presença recente de água na forma líquida, a equipa de investigadoras repetiu imagens de centenas da locais ao longo do tempo. Algumas imagens mostravam uma ravina que surgiu em meados de 2002. Localizava-se numa duna de areia e o processo de surgimento da ravina foi interpretado como um fluxo seco de areia.

As imagens agora apresentadas são as primeiras a revelar material recentemente depositado e aparentemente arrastado por fluidos após as imagens anteriormente obtidas da mesma região. Os dois locais estão dentro de crateras, uma localizada em Terra Sirenum, e a outra em Centauri Montes, na região Sul de Marte.

Estes depósitos recentes sugerem que, em alguns locais, nos dias de hoje, está água líquida a emergir à superfície e a escorrer pelas encostas. Esta possibilidade levanta várias questões, por exemplo, como é que a água se mantém líquida abaixo da superfície, de que forma está espalhada pelo planeta e será que o ambiente abaixo da superfície é propício à existência de vida.

Além de procurar modificações nas ravinas, a equipa de investigadores avaliou a taxa de surgimento de novas crateras. Cerca de 98% da superfície marciana foi fotografada em 1999 e cerca de 30% do planeta foi fotografado novamente em 2006. As imagens recentes mostram 20 novas crateras de impacto
cratera de impacto
As crateras de impacto são depressões circulares resultantes de colisões entre corpos pequenos (por exemplo cometas, asteróides ou meteoritos) e a superfície de corpos celestes maiores, tais como planetas ou satélites naturais. As crateras de impacto possuem geralmente um bordo levantado, formado pelo material ejectado aquando da colisão.
que vão dos 2 aos 148 metros e que não estavam presentes nas imagens de há 7 anos. Estes resultados têm importantes implicações na determinação da idade de determinadas formações na superfície de Marte.

A Mars Global Surveyor começou a orbitar Marte em1997 e é responsável por muitas descobertas importantes. A NASA perdeu o contacto com a nave no princípio de Novembro, mas as tentativas de contacto ainda continuam. A sua grande longevidade permitiu a monitorização do planeta muito para além do tempo de vida esperado para o projecto.

Fonte da notícia: http://www.nasa.gov/mission_pages/mars/news/mgs-20061206.html