Asteróides e meteoritos revelam parecenças

2006-10-27

O asteróide próximo da Terra Itokawa, de 550 metros. Crédito: Demura et al. 2006, Science.
Através de dados recolhidos pela sonda japonesa Hayabusa (JAXA- Japan Aerospace Exploration Agency) aquando do seu encontro com o asteróide
asteróide
Um asteróide é um pequeno corpo rochoso que orbita em torno do Sol, com uma dimensão que pode ir desde os 100 m até aos 1000 km. A maioria dos asteróides encontra-se entre as órbitas de Marte e de Júpiter. Também são designados por planetas menores.
Itokawa, de 550 metros, os investigadores demonstraram que nem os pequenos asteróides estão a salvo do efeito do clima espacial. Os novos dados, publicados na revista Nature, confirmam que a composição mineral dos asteróides referidos é consistente com a dos meteoritos
meteorito
Um meteorito é um corpo sólido que entra na atmosfera da Terra (ou de outro planeta), sendo suficientemente grande para não ser totalmente destruído pela fricção com as partículas da atmosfera, e assim atingir o solo. Os meteoritos dividem-se em três categorias, segundo a sua composição: aerolitos (rochosos), sideritos (ferro) e siderolitos (ferro e rochas).
caídos na Terra.

Supõem-se que os asteróides e os meteoritos sejam feitos do mesmo – pelo menos é isso que os professores de geologia têm vindo a dizer aos seus alunos desde há décadas. Mas até há pouco tempo, os dados não encaixavam propriamente na história. Quando os investigadores comparavam o factor de reflexão no infravermelho próximo
infravermelho próximo
Região do espectro electromagnético compreendida entre os comprimentos de onda de 0,7 e 5 mícrones. Esta banda permite observar astros ou fenómenos com temperaturas entre 740 e 5200 graus Kelvin.
(medido da Terra) com o dos meteoritos (apanhados na Terra) eles viam diferenças suficientes para levantar a dúvida se os asteróides realmente poderiam ser a fonte dos meteoritos da Terra.

Uma nova comparação detalhada de Itokawa, um asteróide “próximo da Terra” (em inglês near-Earth asteroid), com amostras de meteorito existentes, confirma que o efeito do clima espacial pode explicar a diferença no padrão do factor de reflexão (espectro) entre os asteróides e os condritos normais, o tipo de meteorito mais comum.

“Estes [os meteoritos condritos] são tão abundantes que tem que haver muitos asteróides como fontes,” disse Takahiro Hiroi, da Universidade de Brown e autor do artigo, “mas nunca conseguimos encontrar nenhum que correspondesse tão claramente, até agora. Estas observações deixam-nos ver claramente o efeito do clima espacial em acção.”

No decurso de milhões de anos, o fluxo de iões
ião
Átomo ou molécula que perdeu ou ganhou um ou mais electrões.
de alta energia e de partículas microscópicas vaporiza a superfície de asteróides, depositando uma película fina que altera as propriedades ópticas do asteróide. Zonas muito desbastadas tendem a ter uma aparência escura e avermelhada. (O espectro do infravermelho
infravermelho
Região do espectro electromagnético compreendida entre os comprimentos de onda de 0,7 e 350 mícrones. Esta banda permite observar astros, fenómenos, ou processos físicos com temperaturas entre 10 e 5200 graus Kelvin.
próximo de tais áreas é desviado em direcção à extremidade vermelha do espectro.)

Hiroi visitou vários museus e recolheu dúzias de amostras de meteoritos caídos recentemente. Ele rejeitou várias amostras porque a oxidação causada pela chuva ou pelo ar na superfície da Terra altera a composição das rochas e interfere na analogia com os asteróides. Juntamente com outros investigadores da missão Hayabusa, Hiroi comparou o espectro do factor de reflexão do infravermelho próximo de amostras de meteoritos com o espectro observado em regiões específicas no asteróide. Uma das amostras (de um meteorito apelidado Alta´ameem, pela zona do Iraque onde caiu) indicou uma correspondência quase idêntica depois da correcção devida às mudanças causadas pelo efeito do clima espacial.

Evidências do desgaste devido ao clima espacial já foram observadas em luas e em asteróides grandes, mas tal evidência tão clara é recente para asteróides mais pequenos, como o Itokawa com 550 metros. Pensou-se outrora que tais corpos, com campos gravíticos menores, seriam rapidamente varridos da película de matéria causada pelo clima espacial. Esta nova evidência mostra que este material de facto se acumula em pequenos asteróides, que são provavelmente a fonte da maioria dos meteoritos.

Fonte da notícia: http://www.brown.edu/Administration/News_Bureau/2006-07/06-019.html