Um novo exoplaneta, descoberto com uma rede de pequenos telescópios automatizados chamada HAT, surpreendeu os astrónomos pela sua grande dimensão e baixa densidade: tem 1,38 vezes o raio de Júpiter e cerca de 1/4 da densidade da água.

Este planeta, designado por HAT-P-1, orbita uma estrela que pertence a um binário, a 450 anos-luz de nós, na constelação da Lagartixa (Lacerta). A cada 4,5 dias, HAT-P-1 completa uma volta em torno da estrela, a uma distância de 1/20 da distância da Terra ao Sol. Quando observado a partir da Terra, o planeta passa à frente da estrela em cada órbita durante cerca de 2 horas, causando uma diminuição de cerca de 1,5% no brilho da estrela.

O binário a que a estrela mãe pertence chama-se ADS16402 e é visível com uns binóculos. As duas estrelas, que são semelhantes ao nosso Sol embora mais jovens, estão separadas por 1500 vezes a distância Terra-Sol.

HAT-P-1 não é o único exoplaneta com uma densidade tão peculiar. O primeiro exoplaneta descoberto pelo método do trânsito, HD 209458b, também se revelou cerca de 20% maior do que a teoria previa (HAT-P-1 é 24% maior do que se esperava).

Estatisticamente, tem-se que dos onze exoplanetas estudados pelo método do trânsito, dois são substancialmente maiores em dimensão e menores em densidade do que a teoria prevê. Os astrónomos procuram processos que possam explicar estas características, mas não tem sido fácil.

Uma forma de estes planetas gigantes aumentarem a sua dimensão além do previsto teoricamente, seria se tivessem uma fonte adicional de calor no seu interior. Por exemplo, se o planeta inclinasse significativamente o seu eixo de rotação (pondo-o quase deitado, como Úrano), dado a proximidade à estrela mãe, o seu interior ficaria sujeito a aquecimento devido ao efeito de marés. Mas, infelizmente, as circunstâncias que levam os planetas a deitarem-se são muito raras, tornando-se pouco provável tratar-se do caso destes dois estranhos exoplanetas.

Outra explicação seria o seu interior ficar sujeito a aquecimento devido ao efeito de marés provocado por uma órbita muito excêntrica. Mas observações recentes já descartaram essa possibilidade para HD 209458b.

A equipa, liderada por Gaspar Bakos (Centro Harvard-Smithsonian para a Astrofísica, EUA) publicou as suas descobertas na revista científica Astrophysical Journal e continuará a observar este exoplaneta à procura de respostas às questões levantadas por estes estranhos exoplanetas.

A rede HAT (Observatório Astrofísico Smithsonian-SAO/NASA) é constituída por seis telescópios automatizados: quatro fazem parte do Observatório Whipple, no Arizona, e os outros dois encontram-se no observatório do Submillimeter Array-SMA, no Havai. Cada um destes telescópios varre uma área do céu equivalente a 300 luas cheias em cada exposição. O objectivo é descobrir planetas extra-solares pelo método do trânsito. Este método tem a vantagem de fornecer uma medição do tamanho do planeta.

Fonte da notícia: http://cfa-www.harvard.edu/press/pr0624.html