Galáxias anãs deram vez a galáxias gigantes

2006-05-26

Concepção artística de uma galáxia anã, muito jovem, onde se formaram estrelas azuis muito quentes e de massa elevada, rodeadas por gás de hidrogénio, a vermelho. Crédito: David A. Aguilar (CfA).
As primeiras galáxias
galáxia
Um vasto conjunto de estrelas, nebulosas, gás e poeira interestelar gravitacionalmente ligados. As galáxias classificam-se em três categorias principais: espirais, elípticas e irregulares.
eram pequenas, com uma massa
massa
A massa é uma medida da quantidade de matéria de um dado corpo.
cerca de 10 000 vezes menor que a da nossa Galáxia
Via Láctea
A Via Láctea é a galáxia de que faz parte o nosso Sistema Solar. Trata-se de uma galáxia espiral gigante, com um diâmetro de cerca de 160 mil anos-luz e uma massa da ordem de 100 mil milhões de vezes a massa do Sol.
. Teoricamente, julga-se que, há milhares de milhões de anos, estas galáxias deram origem a estrelas
estrela
Uma estrela é um objecto celeste gasoso que gera energia no seu núcleo através de reacções de fusão nuclear. Para que tal possa suceder, é necessário que o objecto possua uma massa superior a 8% da massa do Sol. Existem vários tipos de estrelas, de acordo com as suas temperaturas efectivas, cores, idades e composição química.
muito quentes, de massa elevada. Neste processo, o Universo foi invadido por radiação
radiação electromagnética
A radiação electromagnética, ou luz, pode ser considerada como composta por partículas (os fotões) ou ondas. As suas propriedades dependem do comprimento de onda: ondas ou fotões com comprimentos de onda mais longos traduzem radiação menos energética. A radiação electromagnética, ou luz, é usualmente descrita como um conjunto de bandas de radiação, como por exemplo o infravermelho, o rádio ou os raios-X.
ultravioleta
ultravioleta
O ultravioleta á a banda do espectro electromagnético que cobre a gama de comprimentos de onda entre os 91,2 e os 350 nanómetros. Esta radiação é largamente bloqueada pela atmosfera terrestre.
, que condenou este tipo de galáxias - a radiação ultravioleta ionizou e aqueceu o gás de hidrogénio e impediu que mais galáxias anãs se formassem.

Os astrónomos S. Wyithe (Universidade de Melbourne, Austrália) e A. Loeb (Centro Harvard-Smithsonian para a Astrofísica, EUA) apresentaram, pela primeira vez, provas directas desta teoria num artigo publicado na Nature. Esta equipa mostrou que o Universo com mil milhões de anos continha um número menor, de galáxias maiores, em vez de um maior, de galáxias menores. Segundo este estudo, a formação de galáxias anãs acabou em apenas algumas centenas de milhões de anos após o Big Bang.

A luz dos quasares
quasar
Os quasares são objectos extragalácticos extremamente brilhantes e compactos. Hoje acredita-se que são o centro de galáxias muito energéticas ainda num estado inicial da sua evolução (são, pois, núcleos galácticos activos - NGAs) e a sua energia provém de um buraco negro de massa muito elevada. Os seus desvios para o vermelho indicam que se encontram a distâncias cosmológicas. O seu nome, quasar, vem do inglês quasi-stellar object, ou seja, objecto quase estelar, devido à semelhança da sua imagem em placas fotográficas com a imagem de uma estrela.
mais distantes que se conhecem deixou-os há quase 13 mil milhões de anos, quando o Universo tinha uma pequena fracção da idade actual. A luz dos quasares é absorvida por nuvens de hidrogénio associadas a galáxias do Universo muito jovem, deixando marcas nos espectros dos quasares.

Os investigadores compararam os espectros de diferentes quasares, em diferentes regiões do céu, para determinar o tamanho típico das galáxias no Universo muito jovem. A presença de menos galáxias, mas maiores, leva a uma variação maior na absorção
absorção de radiação
A absorção de radiação é um decréscimo da intensidade da radiação devido à energia dispendida na excitação ou ionização de átomos e moléculas do meio que atravessa.
registada em diferentes regiões do céu. De facto, o que eles registaram foi, estatisticamente, uma enorme variação nas marcas de absorção nos espectros dos quasares.

Como analogia, podemos pensar numa sala onde toda a gente está a falar. Se a sala estiver com pouca gente, então o barulho de fundo é mais forte em algumas zonas da sala. Se a sala estiver repleta de pessoas, então o ruído de fundo é praticamente uniforme. O facto de os investigadores não verem o mesmo efeito de absorção em todos os quasares, mas pelo contrário, verificarem grandes flutuações duns para os outros, significa que o Universo jovem estava mais "vazio" do que cheio.

Os astrónomos esperam confirmar a supressão de formação de galáxias anãs com os telescópios da próxima geração, pois estes terão a capacidade de detectar, no rádio
rádio
O rádio é a banda do espectro electromagnético de maior comprimento de onda (menor frequência) e cobre a gama de comprimentos de onda superiores a 0,85 milímetros. O domínio do rádio divide-se no submilímetro, milímetro, microondas e rádio.
, hidrogénio a grandes distâncias, e de obter imagens directas, no infravermelho
infravermelho
Região do espectro electromagnético compreendida entre os comprimentos de onda de 0,7 e 350 mícrones. Esta banda permite observar astros, fenómenos, ou processos físicos com temperaturas entre 10 e 5200 graus Kelvin.
, de galáxias jovens.

Fonte da notícia: http://www.cfa.harvard.edu/press/pr0615.html