Um cometa que se desintegra
2006-04-27
Em cima: Imagem dos fragmentos em torno do fragmento B do cometa SW 3, observados com o instrumento FORS1 do VLT em quatro filtros (B - azul, V – óptico, R - vermelho e I - infravermelho). O telescópio seguiu o movimento do cometa e, como tal, as estrelas surgem como trilhos coloridos, indicando a ordem pela qual o cometa foi observado nos diferentes filtros. Ao centro: A mesma imagem usando apenas três filtros (B, V e R). Em baixo: O fragmento B e os mini-cometas associados. É um zoom digital da imagem anterior, para mostrar com maior pormenor os fragmentos, incluindo o principal, no topo, os dois que se dividiram, logo por baixo, e outros cinco muito mais ténues. Crédito: ESO.
Very Large Telescope (VLT)
O Very Large Telescope é um observatório operado pelo Observatório Europeu do Sul (ESO) e localizado no Cerro Paranal, no deserto de Atacama, no Chile. O VLT é composto por 4 telescópios de 8,2 m de diâmetro que podem trabalhar simultaneamente, constituindo um interferómetro óptico, ou independentemente.
(ESOO Very Large Telescope é um observatório operado pelo Observatório Europeu do Sul (ESO) e localizado no Cerro Paranal, no deserto de Atacama, no Chile. O VLT é composto por 4 telescópios de 8,2 m de diâmetro que podem trabalhar simultaneamente, constituindo um interferómetro óptico, ou independentemente.
European Southern Observatory (ESO)
O Observatório Europeu do Sul é uma organização europeia de Astronomia para o estudo do céu austral fundada em 1962. Conta actualmente com a participação de 10 países europeus e ainda do Chile. Portugal tornou-se membro do ESO em 1 de Janeiro de 2001, no seguimento de um acordo de cooperação que durou cerca de 10 anos.
) observou, na noite de 23 para 24 de Abril de 2006, o fragmento B do cometaO Observatório Europeu do Sul é uma organização europeia de Astronomia para o estudo do céu austral fundada em 1962. Conta actualmente com a participação de 10 países europeus e ainda do Chile. Portugal tornou-se membro do ESO em 1 de Janeiro de 2001, no seguimento de um acordo de cooperação que durou cerca de 10 anos.
cometa
Os cometas são pequenos corpos irregulares, compostos por gelos (de água e outros) e poeiras. Os cometas têm órbitas de grande excentricidade à volta do Sol. As estruturas mais importantes dos cometas são o núcleo, a cabeleira e as caudas.
73P/Schwassmann-Wachmann 3 (ou SW 3), que se tinha dividido poucos dias antes. Os astrónomos verificaram surpreendidos que o pedaço ejectado deste fragmento se dividia novamente e que eram ainda visíveis 5 novos fragmentos de cometa na imagem do SW 3. O cometa parece estar destinado a desintegrar-se, mas ainda não se consegue prever quanto tempo demorará o processo.
Os cometas são pequenos corpos irregulares, compostos por gelos (de água e outros) e poeiras. Os cometas têm órbitas de grande excentricidade à volta do Sol. As estruturas mais importantes dos cometas são o núcleo, a cabeleira e as caudas.
O cometa SW 3 é um corpo que teve um passado muito atormentado. A sua órbita
órbita
A órbita de um corpo em movimento é a trajectória que o corpo percorre no espaço.
em torno do SolA órbita de um corpo em movimento é a trajectória que o corpo percorre no espaço.
Sol
O Sol é a estrela nossa vizinha, que se encontra no centro do Sistema Solar. Trata-se de uma estrela anã adulta (dita da sequência principal) de classe espectral G. A temperatura na sua superfície é aproximadamente 5800 graus centígrados e o seu raio atinge os 700 mil quilómetros.
é de 5,4 anos e tem uma elongação muito grande, trazendo o cometa das vizinhanças do planetaO Sol é a estrela nossa vizinha, que se encontra no centro do Sistema Solar. Trata-se de uma estrela anã adulta (dita da sequência principal) de classe espectral G. A temperatura na sua superfície é aproximadamente 5800 graus centígrados e o seu raio atinge os 700 mil quilómetros.
planeta
Um planeta é um objecto que se forma no disco que circunda uma estrela em formação e cuja massa é superior à de Plutão (1/500 da massa da Terra) e inferior a 10 vezes a massa de Júpiter. Ao contrário das estrelas, os planetas não produzem luz, apenas reflectem a luz da estrela que orbitam.
JúpiterUm planeta é um objecto que se forma no disco que circunda uma estrela em formação e cuja massa é superior à de Plutão (1/500 da massa da Terra) e inferior a 10 vezes a massa de Júpiter. Ao contrário das estrelas, os planetas não produzem luz, apenas reflectem a luz da estrela que orbitam.
Júpiter
Júpiter é o quinto planeta mais próximo do Sol. Com um diâmetro cerca de 11 vezes maior do que a Terra e uma massa mais de 300 vezes superior, é o maior planeta do Sistema Solar e o primeiro dos planetas gigantes gasosos.
até ao interior da órbita da Terra. Em 1995, quando o cometa estava próximo da Terra, sofreu um dramático e completamente inesperado aumento do brilhoJúpiter é o quinto planeta mais próximo do Sol. Com um diâmetro cerca de 11 vezes maior do que a Terra e uma massa mais de 300 vezes superior, é o maior planeta do Sistema Solar e o primeiro dos planetas gigantes gasosos.
brilho
O brilho de um astro refere-se à quantidade de luz que dele provém, ou seja, a quantidade de energia por ele emitida por unidade de área por unidade de tempo. Dado que o brilho observado, ou medido, depende da distância ao objecto, distingue-se o brilho aparente (quando medido a uma determinada distância), do brilho intrínseco (conceptualmente medido na supefície do próprio astro).
. Observações realizadas em 1996, em La Silla, com o New Technology Telescope (ESO) de 3,6 metros, mostraram que o fenómeno se deveu ao facto de o cometa se ter segmentado em três partes distintas. Mais tarde, em Dezembro de 1996, foram descobertos mais dois fragmentos. No último regresso do cometa, em 2001, destes cinco fragmentos apenas três eram ainda visíveis: o fragmento C (o de maiores dimensões) e os fragmentos B e E. Aparentemente, durante esta aproximação não houve mais segmentações.
O brilho de um astro refere-se à quantidade de luz que dele provém, ou seja, a quantidade de energia por ele emitida por unidade de área por unidade de tempo. Dado que o brilho observado, ou medido, depende da distância ao objecto, distingue-se o brilho aparente (quando medido a uma determinada distância), do brilho intrínseco (conceptualmente medido na supefície do próprio astro).
O cometa voltou a aproximar-se do Sol (e da Terra) e, no início de Março de 2006, foram então observados sete fragmentos. O fragmento C, o mais brilhante, tinha agora magnitude 12 (isto é, apresentava um brilho 250 vezes mais fraco que aquele que um observador pode ver à vista desarmada), enquanto que o fragmento B ainda se apresentava 10 vezes menos brilhante. No decurso de Março, ainda foram avistados 6 novos fragmentos.
No início de Abril, o fragmento B exibiu uma fulguração
fulguração
Uma fulguração é uma libertação de energia de forma explosiva da qual resulta um aumento rápido do brilho do astro no qual ocorre. São exemplo deste tipo de fenómenos as fulgurações solares, associadas às manchas solares, bem como as fulgurações de raios-X, que ocorrem em estrelas de neutrões, e de raios gama, que se sabe estarem relacionadas com as explosões de supernova.
, aumentado 10 vezes de brilho e, no dia 7, foram descobertos seis novos fragmentos, confirmando-se assim o alto nível de fragmentação que este cometa está a sofrer. A 12 de Abril, o fragmento B apresentava-se tão brilhante como o fragmento C principal, com uma magnitude à volta de 9. O fragmento B parece ter-se segmentado mais uma vez, crescendo o número total de fragmentos para um valor próximo dos 40, alguns provavelmente com dimensões muito pequenas, consistido em objectos irregulares e com pouco tempo de actividade.
Uma fulguração é uma libertação de energia de forma explosiva da qual resulta um aumento rápido do brilho do astro no qual ocorre. São exemplo deste tipo de fenómenos as fulgurações solares, associadas às manchas solares, bem como as fulgurações de raios-X, que ocorrem em estrelas de neutrões, e de raios gama, que se sabe estarem relacionadas com as explosões de supernova.
As observações mais recentes revelam que este novo pequeno fragmento já se voltou a dividir! Uma das imagens mostra claramente que, por baixo do fragmento B principal, há um pequeno fragmento que se partiu em dois e uma análise cuidadosa mostra 5 novos pequeníssimos pedaços quase alinhados. Há assim 7 fragmentos visíveis na imagem e o cometa parece estar a gerar uma série de mini-cometas.
Os astrónomos perguntam-se até quando irá durar o processo. Continuarão a formar-se mais e mais fragmentos e o cometa desintegrar-se-á? Que brilho terão os fragmentos quando o cometa estiver mais próximo da Terra, entre 11 e 14 de Maio, e quantos novos pedaços se terão formado quando o cometa atingir a sua maior aproximação ao Sol, por volta de 7 de Junho?
A 11 de Maio, o fragmento C estará mais próximo da Terra, a uma distância de cerca de 12 milhões de quilómetros, enquanto que o fragmento B se encontrará tão próximo como 10 milhões de quilómetros, no dia 14 de Maio. Esta será a menor distância a que alguma vez um cometa esteve da Terra, mas, mesmo assim, é 26 vezes a distância da Terra à Lua
Lua
A Lua é o único satélite natural da Terra.
e, por isso, não existe algum risco de o nosso planeta ser atingido.
A Lua é o único satélite natural da Terra.
Se não acontecer mais nada entretanto, o fragmento B será visível a olho nu durante a sua maior aproximação, pelo menos para os observadores mais experimentados. Será, no entanto, um alvo fácil de observar com binóculos. Se tivermos sorte e se o fragmento B apresentar uma nova fulguração, então tornar-se-á uma visão magnífica no céu nocturno. Por outro lado, ele pode simplesmente dissipar-se no vazio. No entanto, o fragmento C principal deverá ser visível, possivelmente até a olho nu.
Os telescópios do ESO irão observar o cometa em grande detalhe no final do mês de Maio, quando ele se tornar mais brilhante para a região do Chile. Estas observações terão como objectivo a obtenção de um conjunto de informações da maior importância, especialmente devido ao facto do processo de fragmentação revelar o material intacto que se encontra escondido por debaixo da crusta do cometa. Tais observações serão o complemento ideal das realizadas para o cometa Tempel 1, aquando da colisão Deep Impact, em Julho de 2005.
Fonte da notícia: http://eso.org/outreach/press-rel/pr-2006/pr-15-06.html