Membros do NUCLIO assistem a Eclipse Solar Total no Egipto

2006-04-03

Imagem 1: o amanhecer no acampamento em El-Sallum; Imagem 2: os elementos do NUCLIO preparam-se para a observação; Imagem 3: horizonte descoberto e limpo a sudoeste, direcção de chegada da sombra da Lua; Imagem 4: início da fase de totalidade do eclipse e clara diminuição da luminosidade; Imagem 5: fase de totalidade com o horizonte iluminado; Imagem 6: a coroa solar; Imagem 7: protuberância solares; Imagem 8: o anel de diamante; Imagem 9: o renascer do dia; Imagem 10: fotografia do grupo que se deslocou de Portugal a El-Sallum. Créditos: José Carlos Correia (imagens 1,2,3,4,5, 9 e 10), Pedro Ré (imagens 6 e 8), Mário Ramos (imagem 7).
No passado dia 29 de Março, quatro elementos do NUCLIO tiveram o privilégio de assistir no Egipto a um dos espectáculos naturais mais dramáticos e intensos que um ser humano pode presenciar: um eclipse solar
eclipse do Sol
Um eclipse do Sol é a ocultação total ou parcial do Sol pela Lua, quando observado da Terra.
total. A equipa do NUCLIO deslocou-se ao noroeste do Egipto, junto à fronteira com a Líbia, tendo estado bem junto da linha central da zona de totalidade deste eclipse
eclipse
Um eclipse é uma ocultação total ou parcial de um corpo celeste, quando outro corpo passa entre este e o observador.
, que só foi visto sob a forma parcial em Portugal. Os quatro elementos fizeram parte de um grupo de 15 portugueses e 2 franceses que se deslocou para a localidade egípcia de El-Sallum, a várias centenas de quilómetros do Cairo, junto ao Mediterrâneo. A chegada ao local registou-se ao início da noite do dia anterior ao eclipse após uma viagem de mais de 12h de autocarro a partir do Cairo, tendo a equipa ficado alojada no acampamento montado pelas autoridades egípcias e preparado para acolher as mais de 70000 pessoas que se deslocaram ao local vindas de todas as partes do mundo.

Ao raiar do dia (Imagem 1), a ansiedade aumentou devido ao intenso nevoeiro que se tinha instalado na zona durante a noite. Foi necessário esperar até cerca das 10h da manhã para que o nevoeiro se começasse a dissipar. Às 11h19, hora local, altura do início do eclipse (primeiro contacto), já o nevoeiro se tinha dissipado completamente e já o sol surgia bem alto no céu azul do deserto egípcio. Em conjunto com os restantes milhares de pessoas presentes no local, incluindo o presidente Mubarak do Egipto, chegado à zona de helicóptero breves instantes antes do início do evento, os elementos do NUCLIO prepararam-se para o ponto alto do acontecimento, os quase 4 minutos de eclipse total, partilhando já um ambiente de festa e expectativa, em antecipação do que viria a ser um momento de extraordinária beleza e excitação (Imagem 2).

Com o decorrer do tempo, foi sendo notória a diminuição da intensidade da luz. O terreno envolvente foi adquirindo um tom castanho-avermelhado, criando assim um ambiente quase marciano (Imagens 3 e 4). Um breve e ligeiro vento soprou momentos antes da sombra da Lua
Lua
A Lua é o único satélite natural da Terra.
ter varrido a zona e ter feito mergulhar os presentes na zona de totalidade (imagem 5). Às 12h40, a Lua interpôs-se completamente entre a Terra e o Sol
Sol
O Sol é a estrela nossa vizinha, que se encontra no centro do Sistema Solar. Trata-se de uma estrela anã adulta (dita da sequência principal) de classe espectral G. A temperatura na sua superfície é aproximadamente 5800 graus centígrados e o seu raio atinge os 700 mil quilómetros.
, fazendo surgir aos olhos de todos a magnífica coroa solar
coroa solar
A coroa solar é a região mais exterior da atmosfera do Sol, imediatamente acima da cromosfera. É composta por gás pouco denso, a uma temperatura acima de um milhão de graus (1-2x106 K). Este gás estende-se por milhares de quilómetros acima da superfície solar e pode ser observado na luz visível durante os eclipses solares, ou com o auxílio de aparelhos especiais, os coronógrafos.
(Imagem 6). Este foi o momento esperado por todos. O horizonte manteve-se iluminado, em tons amarelo-avermelhados, não permitindo assim que a zona ficasse mergulhada na total escuridão. De repente, os presentes identificaram Vénus
Vénus
É o segundo planeta mais próximo do Sol. Em termos de dimensões e massa é muito semelhante à Terra. A sua caracteristica mais marcante é possuir uma atmosfera de CO2 muito densa e um efeito de estufa muito intenso.
e depois Mercúrio
Mercúrio
Mercúrio é o planeta mais próximo do Sol. É o mais pequeno dos planetas rochosos, com um diâmetro cerca de 40% menor do que o da Terra.
. Mais tarde, houve quem tivesse relatado a visualização de Marte
Marte
Marte é o quarto planeta do Sistema Solar, a contar do Sol. É o último dos chamados planetas interiores. O seu diâmetro é cerca de 50% mais pequeno do que o da Terra e possui uma superfície avermelhada, sendo também conhecido como planeta vermelho.
e Júpiter
Júpiter
Júpiter é o quinto planeta mais próximo do Sol. Com um diâmetro cerca de 11 vezes maior do que a Terra e uma massa mais de 300 vezes superior, é o maior planeta do Sistema Solar e o primeiro dos planetas gigantes gasosos.
. A diminuição da intensidade luminosa produziu um arrefecimento gradual, tendo-se registado, nos últimos 45 minutos que antecederam a totalidade, uma diminuição da temperatura de 20ºC para 15ºC.

Os quase quatro minutos de totalidade foram passados por muitos a registar em fotografia o magnífico espectáculo, tendo outros aproveitado para simplesmente observar o fenómeno, quer a olho nu, quer através de binóculos e telescópios, tendo sido possível identificar e registar várias protuberâncias solares (Imagem 7). O fim da totalidade chegou rapidamente, não sem antes os presentes terem sido brindados com o famoso "anel de diamante", um "flash" de luz a marcar o fim da totalidade (Imagem 8). O dia "voltou então a nascer" (Imagem 9), deixando transparecer na cara dos presentes a emoção do momento acabado de viver. Sorrisos e abraços foram trocados, houve até quem tivesse vertido algumas lágrimas de emoção. Tinha chegado ao fim um dos mais espectaculares fenómenos naturais que um ser humano pode presenciar. Era tempo de arrumar bagagens e equipamento e rumar ao Cairo e a Portugal de seguida. A viagem de regresso foi depois passada a trocar impressões e emoções sobre o que tinha sido vivido, tendo havido quem tivesse começado a fazer já planos para observar o próximo eclipse solar total. Quem o quiser fazer terá de se deslocar à China em 2008. Quem o não puder fazer, pode sempre esperar por 2026, altura em que os habitantes da Peninsula Ibérica terão a oportunidade de presenciar um eclipse solar total, um acontecimento que fica para sempre registado na memória de quem tem a oportunidade de o viver.