O regresso da missão Stardust

2006-01-13

Em cima: uma ilustração do encontro entre a Stardust e o cometa Wild 2. Em baixo: O cometa Wild 2, numa imagem obtida pela Stardust, durante a sua maior aproximação, a 2 de Janeiro de 2004. A imagem foi obtida a uma distância de 500 quilómetros do núcleo do cometa, com uma exposição de 10 milissegundos. Durante a aproximação da sonda ao cometa, foram obtidas 72 imagens. Crédito: NASA/JPL.
A cápsula de retorno da sonda Stardust irá reentrar na atmosfera terrestre
atmosfera terrestre
A atmosfera terrestre é composta por um conjunto de camadas gasosas que envolvem a Terra. Estas camadas são designadas por Troposfera (da superfície da Terra até cerca de 10 km de altitude), Estratosfera (10 - 50 km), Mesosfera (50 - 100 km), Termosfera (100 - 400 km) e Exosfera (acima dos 400 km).
e será recolhida no Test and Training Range do Utah, às 0h:12m (hora de Lisboa) do dia 15 de Janeiro de 2005. A missão Stardust (NASA
National Aeronautics and Space Administration (NASA)
Entidade norte-americana, fundada em 1958, que gere e executa os programas espaciais dos Estados Unidos da América.
) foi lançada a 7 de Fevereiro de 1999, a partir do Cabo Canaveral, Florida, a bordo do foguetão Delta II. O seu principal objectivo era a recolha de amostras de poeiras e de partículas de base carbónica, durante um encontro com o cometa
cometa
Os cometas são pequenos corpos irregulares, compostos por gelos (de água e outros) e poeiras. Os cometas têm órbitas de grande excentricidade à volta do Sol. As estruturas mais importantes dos cometas são o núcleo, a cabeleira e as caudas.
Wild 2. Este encontro ocorreu da melhor forma, a 2 de Janeiro de 2004, depois de quase quatro anos de viagem. Após uma jornada de 4,63 mil milhões de quilómetros, a missão regressa agora à Terra, transportando consigo uma preciosa bagagem.

A Stardust foi a primeira missão de recolha de amostras de partículas de um cometa levada a cabo pela NASA. Desde que foi lançada, a sonda viajou 3,22 mil milhões de quilómetros até que, na sua segunda volta em torno do Sol
Sol
O Sol é a estrela nossa vizinha, que se encontra no centro do Sistema Solar. Trata-se de uma estrela anã adulta (dita da sequência principal) de classe espectral G. A temperatura na sua superfície é aproximadamente 5800 graus centígrados e o seu raio atinge os 700 mil quilómetros.
, encontrou o cometa Wild 2 e ultrapassou um importante desafio ao navegar com sucesso através da sua cauda de partículas e gás. Este feito foi possível graças à particularidade de a Stardust possuir mecanismos de protecção contra colisão, capazes de dispersar, durante o impacto, partículas ejectadas a alta velocidade pelo cometa. Durante esta árdua travessia, a sonda voou a 240 quilómetros do cometa, recolhendo amostras das suas partículas e obtendo também imagens bastante detalhadas da sua superfície. A bordo, existiam dispositivos capazes de realizar a contagem de partículas e de analisar a sua composição em tempo real. Usando uma substância denominada aerogel, a Stardust capturou amostras de materiais e guardou-as num dispositivo denominado Aerogel Collector Grid, desenhado para as conservar durante a longa viagem de regresso à Terra.

A recolha de poeira interestelar
poeira interestelar
A poeira interestelar é constituído por minúsculas partículas sólidas, com diâmetros da ordem dos mícrones, existentes no meio interestelar.
era outro dos objectivos da missão, incluindo a poeira oriunda de um fluxo que entra no Sistema Solar
Sistema Solar
O Sistema Solar é constituído pelo Sol e por todos os objectos que lhe estão gravitacionalmente ligados: planetas e suas luas, asteróides, cometas, material interplanetário.
, proveniente da direcção de Sagitário. Acredita-se que este fluxo consiste em grãos de poeira pré-solares e que inclui restos da formação do Sistema Solar. A Stardust recolheu, pela primeira vez, amostras de poeira interestelar entre Fevereiro e Março de 2001 e voltou a recolher novas amostras entre Agosto e Dezembro de 2002.

Os cientistas acreditam que a análise das amostras recolhidas pela Stardust irá revelar muito acerca dos cometas e principalmente acerca da história primitiva do Sistema Solar. A informação física e química que as partículas guardam pode permitir que sejam ultrapassadas barreiras importantes no conhecimento da formação dos planetas
planeta
Um planeta é um objecto que se forma no disco que circunda uma estrela em formação e cuja massa é superior à de Plutão (1/500 da massa da Terra) e inferior a 10 vezes a massa de Júpiter. Ao contrário das estrelas, os planetas não produzem luz, apenas reflectem a luz da estrela que orbitam.
e dos materiais que lhes dão origem. Por tudo isto, aguardamos com expectativa o regresso da Stardust e esperamos que tudo ocorra da melhor maneira.

Fonte da notícia: http://www.nasa.gov/mission_pages/stardust/main/index.html