Spitzer detecta discos planetários em torno de anãs castanhas
2005-10-26
Este gráfico mostra os espectros dos discos de poeira à volta das anãs castanhas Cha Hα 1, Cha 726, Cha Hα 2 e Cha Hα 6. Para comparação, em cima encontra-se um espectro da poeira interstelar, e em baixo, um espectro do cometa Hale-Bopp, constituído por cristais de silicatos. As bandas verdes verticais indicam a localização, no espectro, das riscas características do mineral olivina. Verifica-se que três das quatro anãs castanhas, para além do cometa, possuem este mineral. Quanto mais largas são estas riscas, maior o tamanho dos grãos de silicatos – os objectos estão por ordem crescente do tamanho dos grãos. Estas características dos espectros levam os astrónomos a pensar que a poeira à volta destas anãs castanhas está a cristalizar e a formar grumos, que com o tempo, poderá formar planetas. Crédito: NASA/JPL-Caltech/D. Apai (University of Arizona).
Spitzer Space Telescope
O Telescópio Espacial Spitzer é um telescópio de infravermelhos colocado em órbita pela NASA a 25 de Agosto de 2003. Este telescópio, anteriormente designado por Space InfraRed Telescope Facility (SIRTF), foi re-baptizado em homenagem a Lyman Spitzer, Jr. (1914-1997), um dos grandes astrofísicos norte-americanos do século XX. Espera-se que este observatório espacial contribua grandemente em diversos campos da Astrofísica, como por exemplo na procura de anãs castanhas e planetas gigantes, na descoberta e estudo de discos protoplanetários à volta de estrelas próximas, no estudo de galáxias ultraluminosas no infravermelho e de núcleos de galáxias activas, e no estudo do Universo primitivo.
(NASAO Telescópio Espacial Spitzer é um telescópio de infravermelhos colocado em órbita pela NASA a 25 de Agosto de 2003. Este telescópio, anteriormente designado por Space InfraRed Telescope Facility (SIRTF), foi re-baptizado em homenagem a Lyman Spitzer, Jr. (1914-1997), um dos grandes astrofísicos norte-americanos do século XX. Espera-se que este observatório espacial contribua grandemente em diversos campos da Astrofísica, como por exemplo na procura de anãs castanhas e planetas gigantes, na descoberta e estudo de discos protoplanetários à volta de estrelas próximas, no estudo de galáxias ultraluminosas no infravermelho e de núcleos de galáxias activas, e no estudo do Universo primitivo.
National Aeronautics and Space Administration (NASA)
Entidade norte-americana, fundada em 1958, que gere e executa os programas espaciais dos Estados Unidos da América.
) explora o Universo observando no infravermelhoEntidade norte-americana, fundada em 1958, que gere e executa os programas espaciais dos Estados Unidos da América.
infravermelho
Região do espectro electromagnético compreendida entre os comprimentos de onda de 0,7 e 350 mícrones. Esta banda permite observar astros, fenómenos, ou processos físicos com temperaturas entre 10 e 5200 graus Kelvin.
. Trata-se de um telescópio essencial para o estudo de formação de estrelasRegião do espectro electromagnético compreendida entre os comprimentos de onda de 0,7 e 350 mícrones. Esta banda permite observar astros, fenómenos, ou processos físicos com temperaturas entre 10 e 5200 graus Kelvin.
estrela
Uma estrela é um objecto celeste gasoso que gera energia no seu núcleo através de reacções de fusão nuclear. Para que tal possa suceder, é necessário que o objecto possua uma massa superior a 8% da massa do Sol. Existem vários tipos de estrelas, de acordo com as suas temperaturas efectivas, cores, idades e composição química.
, pois pode ver através das nuvens de poeira que envolvem as estrelas recém-nascidas. Igualmente importante é a sua capacidade para detectar material à volta de estrelas muito jovens, em discos circunstelares, material esse que pode vir a formar exoplanetasUma estrela é um objecto celeste gasoso que gera energia no seu núcleo através de reacções de fusão nuclear. Para que tal possa suceder, é necessário que o objecto possua uma massa superior a 8% da massa do Sol. Existem vários tipos de estrelas, de acordo com as suas temperaturas efectivas, cores, idades e composição química.
planeta extra-solar
Um planeta extra-solar é um planeta que não orbita o nosso Sol.
. Desta vez, o Spitzer apontou, não para estrelas jovens “normais”, mas sim para anãs castanhasUm planeta extra-solar é um planeta que não orbita o nosso Sol.
anã castanha
A anã castanha é uma estrela falhada cuja massa é insuficiente para permitir a fusão nuclear do hidrogénio em hélio no seu centro. No início das suas vidas, as anãs castanhas têm a fusão de deutério no seu núcleo central. Mesmo depois de esgotarem o deutério, as anãs castanhas radiam por conversão de energia potencial gravítica em calor e, como tal, emitem fortemente no domínio do infravermelho. De acordo com modelos, a massa máxima que uma anã castanha pode ter é de 0,08 massas solares (ou 80 massas de Júpiter). Estes objectos representam o elo que falta entre as estrelas de pequena massa e os planetas gasosos gigantes como Júpiter.
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A anã castanha é uma estrela falhada cuja massa é insuficiente para permitir a fusão nuclear do hidrogénio em hélio no seu centro. No início das suas vidas, as anãs castanhas têm a fusão de deutério no seu núcleo central. Mesmo depois de esgotarem o deutério, as anãs castanhas radiam por conversão de energia potencial gravítica em calor e, como tal, emitem fortemente no domínio do infravermelho. De acordo com modelos, a massa máxima que uma anã castanha pode ter é de 0,08 massas solares (ou 80 massas de Júpiter). Estes objectos representam o elo que falta entre as estrelas de pequena massa e os planetas gasosos gigantes como Júpiter.
As observações realizadas pelo Spitzer permitiram descobrir acumulações de grãos de poeira microscópicos e pequenos cristais a orbitarem cinco anãs castanhas. Os cientistas pensam que estes grumos e estes cristais colidem entre si, “colam-se” uns aos outros, crescem, e talvez cheguem a formar planetas
planeta
Um planeta é um objecto que se forma no disco que circunda uma estrela em formação e cuja massa é superior à de Plutão (1/500 da massa da Terra) e inferior a 10 vezes a massa de Júpiter. Ao contrário das estrelas, os planetas não produzem luz, apenas reflectem a luz da estrela que orbitam.
. Já se tem observado este cenário em regiões de formação de planetas em torno de estrelas, mas é a primeira vez que se detecta à volta de anãs castanhas.
Um planeta é um objecto que se forma no disco que circunda uma estrela em formação e cuja massa é superior à de Plutão (1/500 da massa da Terra) e inferior a 10 vezes a massa de Júpiter. Ao contrário das estrelas, os planetas não produzem luz, apenas reflectem a luz da estrela que orbitam.
As anãs castanhas diferem das estrelas por terem menos massa
massa
A massa é uma medida da quantidade de matéria de um dado corpo.
e, consequentemente, depois da fusãoA massa é uma medida da quantidade de matéria de um dado corpo.
fusão
1- passagem do estado sólido ao líquido, por efeito do calor; 2- junção, união.
do deutério1- passagem do estado sólido ao líquido, por efeito do calor; 2- junção, união.
deutério (D)
O deutério, também chamado de hidrogénio pesado, é o isótopo do hidrogénio com número de massa igual a dois (2H), cujo núcleo é constituído por um protão e um neutrão.
no seu núcleo central, não são capazes de iniciar a fusão nuclear do hidrogénioO deutério, também chamado de hidrogénio pesado, é o isótopo do hidrogénio com número de massa igual a dois (2H), cujo núcleo é constituído por um protão e um neutrão.
combustão de hidrogénio
Designa-se por combustão, ou queima, de hidrogénio o processo de fusão nuclear no qual núcleos de hidrogénio colidem para formar núcleos de hélio. O termo "combustão" é, neste contexto, um abuso de linguagem introduzido pelos astrónomos profissionais. Todas as estrelas que nascem com massa superior a 0,08 vezes a massa do Sol queimam hidrogénio.
em hélio. Por isso, as anãs castanhas são muitas vezes referidas como estrelas falhadas. Até agora, tudo indica que a sua formação é semelhante à das estrelas, nascendo a partir da contracção de nuvens de gás e poeira, e desenvolvendo discos à sua volta.
Designa-se por combustão, ou queima, de hidrogénio o processo de fusão nuclear no qual núcleos de hidrogénio colidem para formar núcleos de hélio. O termo "combustão" é, neste contexto, um abuso de linguagem introduzido pelos astrónomos profissionais. Todas as estrelas que nascem com massa superior a 0,08 vezes a massa do Sol queimam hidrogénio.
Este estudo permite concluir que as anãs castanhas, apesar de serem mais frias e menos luminosas do que as estrelas, passam pelos mesmos primeiros passos do processo de formação de planetas.
O Spitzer observou seis anãs castanhas jovens, localizadas a 520 anos-luz
ano-luz (al)
O ano-luz (al) é uma unidade de distância igual a 9,467305 x 1012 km, que corresponde à distância percorrida pela luz, no vácuo, durante um ano.
, na constelaçãoO ano-luz (al) é uma unidade de distância igual a 9,467305 x 1012 km, que corresponde à distância percorrida pela luz, no vácuo, durante um ano.
constelação
Designa-se por constelação cada uma das 88 regiões em que se divide a abóbada celeste, por convenção de 1922.
do Camaleão. Os seis objectos têm massas no intervalo entre 40 e 70 vezes a massa de JúpiterDesigna-se por constelação cada uma das 88 regiões em que se divide a abóbada celeste, por convenção de 1922.
Júpiter
Júpiter é o quinto planeta mais próximo do Sol. Com um diâmetro cerca de 11 vezes maior do que a Terra e uma massa mais de 300 vezes superior, é o maior planeta do Sistema Solar e o primeiro dos planetas gigantes gasosos.
, e têm entre 1 e 3 milhões de anos de idade.
Júpiter é o quinto planeta mais próximo do Sol. Com um diâmetro cerca de 11 vezes maior do que a Terra e uma massa mais de 300 vezes superior, é o maior planeta do Sistema Solar e o primeiro dos planetas gigantes gasosos.
Os astrónomos descobriram que cinco dos seis discos contêm partículas de poeira que cristalizaram e se agregaram, no que pode ser uma fase inicial na formação planetária. Encontraram grãos de poeira relativamente grandes e muitos cristais de olivina.
A equipa de investigação é constituída por J. Bouwman, T. Henning e C. Dullemond, do Instituto Max Planck para a Astronomia (Alemanha), por A. Natta, do Observatório Astrofísico de Arcetri (Itália), e por D. Apai, da Universidade do Arizona em Tucson (EUA) e do Instituto de Astrobiologia da NASA. O estudo encontra-se publicado na edição online da Science.
Fonte da notícia: http://www.spitzer.caltech.edu/Media/releases/ssc2005-21/release.shtml