Vaivém Espacial Discovery volta a voar

2005-07-29

Imagens do tanque exterior obtidas pela tripulação do Discovery. A segunda imagem é uma ampliação da primeira, assim como a quarta imagem é uma ampliação da terceira. A análise destas e outras imagens levam a concluir que um pedaço grande de espuma do isolamento do tanque exterior desprendeu-se no lançamento, não se registando danos no orbitador. Estima-se que este pedaço tenha entre 60 e 85 cm de comprimento, 25 a 33 cm de largura e 6 a 20 cm de espessura. Até se compreender como é que um pedaço tão grande de isolamento se solta do tanque estão canceladas todas as missões do Vaivém Espacial. Crédito: NASA.
O Vaivém Espacial Discovery (NASA
National Aeronautics and Space Administration (NASA)
Entidade norte-americana, fundada em 1958, que gere e executa os programas espaciais dos Estados Unidos da América.
) descolou na terça-feira (26 de Julho), pelas 15:39 (hora de Lisboa), do Centro Espacial Kennedy, no Cabo Canaveral (Florida). A data inicial para o lançamento era 13 de Julho, mas já durante o período de contagem decrescente, foi detectada uma falha num sensor de baixo combustível de hidrogénio líquido no tanque externo do vaivém, o que fez adiar a primeira tentativa de lançamento.

Este é o primeiro voo do Vaivém Espacial desde o acidente ocorrido em 1 de Fevereiro de 2003, no qual o Vaivém Columbia ardeu na reentrada da atmosfera
atmosfera
1- Camada gasosa que envolva um planeta ou uma estrela. No caso das estrelas, entende-se por atmosfera as suas camadas mais exteriores. 2- A atmosfera (atm) é uma unidade de pressão equivalente a 101 325 Pa.
, matando toda a tripulação (ver notícia de 2/2/2003). A causa do acidente é atribuída a danos no sistema de protecção térmica do orbitador causados por partes da espuma do isolamento do tanque exterior que se soltaram no lançamento e atingiram a cápsula.

Dois anos e meio depois, a subida do Discovery foi monitorizada detalhadamente por um sistema de novas câmaras posicionadas em Terra, sistemas de radar e câmaras a bordo de aviões a alta altitude. Imagens adicionais são obtidas pelo próprio vaivém, através de câmaras, sistemas laser
Light Amplification by Stimulated Emission of Radiation (LASER)
A palavra LASER designa uma amplificação de luz por emissão estimulada de radiação. O princípio físico por trás deste fenómeno é a emissão estimulada: sob certas condições, um fotão atinge um átomo excitado e provoca a emissão de um fotão. O átomo emite dois fotões: o fotão estimulador, que passa incólume, e o fotão estimulado, que tem o mesmo comprimento de onda, a mesma fase, a mesma polarização e a mesma direcção de propagação que o fotão estimulador. Se cada um destes fotões estimular mais átomos, o feixe inicial de fotões é assim amplificado.
na extensão do braço robótico e sensores nas asas.

Uma câmara montada no tanque externo fotografou um fragmento de telha que se deve ter soltado da face inferior do Discovery - as telhas, de carbono-carbono e carbono-silício, protegem o interior do orbitador de sobreaquecimento.

Uma imagem mais tardia, logo após a separação do Solid Rocket Booster, mostrou uma peça não identificada que se desprendeu do tanque exterior - tal como tinha acontecido com o Columbia. Mas felizmente, até agora não há indicação de que a peça tenha danificado o Discovery. Após a análise das imagens, pensa-se que se trata um bocado de espuma do isolamento, com dimensões aproximadas de 60 a 85 cm de comprimento, 25 a 33 cm de largura e 6 a 20 cm de espessura. Uma equipa de cerca de 200 pessoas está a analisar cuidadosamente todas as imagens já obtidas e as que continuam a chegar. A própria tripulação procederá a uma série de inspecções do exterior do orbitador.

Os responsáveis pelo programa do Vaivém Espacial decidiram que a causa da perda de bocados do isolamento tem de ser compreendida antes de haver mais voos espaciais e por isso cancelaram todos os programas de lançamento do vaivém num futuro próximo.

Esta missão do Discovery, com duração de 12 dias, tem como destino uma visita à Estação Espacial Internacional (SSI), onde entregarão equipamento, mantimentos e efectuarão alguns arranjos na Estação Espacial. Também serão testadas novas técnicas e equipamentos concebidos para melhorar a segurança do vaivém.

Quinta-feira, dois dias após o lançamento, pelas 12:18 (hora de Lisboa), o vaivém atracou na Estação Espacial Internacional, após uma manobra especial que permitiu à tripulação obter mais imagens do sistema de protecção térmica do veículo.

Esta manhã a tripulação já efectuou as tarefas previstas, incluindo a instalação, utilizando o braço robótico da ISS, de um módulo que trouxeram a bordo. Ainda hoje utilizarão o braço para conduzir uma inspecção do exterior do Discovery. Durante o fim-de-semana ocorrerão os passeios no espaço que incluem testar técnicas de reparação do sistema de protecção térmica.

O sistema do Vaivém Espacial é composto por três componentes principais:
- dois Solid Rocket Boosters (SRB), que providenciam 80% do impulso para o lançamento;
- um tanque externo, com o combustível para os três motores principais do vaivém durante o lançamento;
- e o orbitador propriamente dito, que é o local onde se encontra a tripulação e que está equipado de forma a poder atracar à Estação Espacial Internacional.

Após o acidente do Columbia, o Vaivém Espacial sofreu vários melhoramentos especialmente no que diz respeito ao tanque externo, de forma a reduzir o risco de espuma e gelo do isolamento que se desprendam atingam o orbitador durante o levantamento.

Outra alteração significativa foi a aposta na monitorização e registo detalhado do lançamento do vaivém utilizando um extenso sistema de captura de imagens que inclui câmaras em Terra, no ar e a bordo.

A tripulação do Discovery é constituída pelo comandante Eileen Collins, o piloto James Kelly, e os especialistas Charlie Camarda, Wendy Lawrence, Soichi Noguchi, Stephen Robinson e Andy Thomas.

Fonte da notícia: http://www.nasa.gov/returntoflight/