Resolvido enigma do desvio da calote do pólo Sul de Marte

2005-05-18

Em cima: imagem da calote do pólo Sul de Marte, no Verão marciano de 2000, obtida pela câmara MOC da Mars Global Survey. No Verão, a calote polar diminui até atingir o seu tamanho mínimo, cerca de 240 km da esquerda até à direita na imagem. Mas apesar de ser Verão, o gelo polar consiste em dióxido de carbono – o dióxido de carbono gela a temperaturas perto dos –125°C. Em baixo: imagem da calote do pólo Sul de Marte na Primavera marciana de 2001, obtida pela câmara MOC da Mars Global Survey. A área brilhante no centro da imagem é a calote permanente – aquela que se mantém durante o Verão. As áreas brilhantes à volta do centro formam a calote sazonal, que foi depositada durante o Inverno. A área escura à direita deve-se a dois fenómenos: o gelo sazonal está a sublimar muito mais rapidamente nesta região; e a área é escura porque está mais próxima do lado da noite do planeta. Na zona da esquerda, decorre uma tarde de nuvens e nevoeiro. O gelo polar consiste em água e dióxido de carbono. Crédito: MOC/MGS, NASA.
A constatação de que a calote do pólo Sul de Marte
Marte
Marte é o quarto planeta do Sistema Solar, a contar do Sol. É o último dos chamados planetas interiores. O seu diâmetro é cerca de 50% mais pequeno do que o da Terra e possui uma superfície avermelhada, sendo também conhecido como planeta vermelho.
está desviada do pólo Sul geográfico remonta às primeiras observações de Marte com telescópios. Mas só agora se saba explicar porquê. Uma equipa de cientistas da NASA
National Aeronautics and Space Administration (NASA)
Entidade norte-americana, fundada em 1958, que gere e executa os programas espaciais dos Estados Unidos da América.
descobriu que o desvio, de cerca de 150 km, resulta de dois climas regionais marcianos, que estão de cada lado do pólo Sul.

O estudo baseia-se em observações, que incluem imagens da sonda Mars Global Surveyor (NASA), e em modelos climáticos computacionais, que identificam os mecanismos que controlam a posição da calote de gelo do pólo Sul. As conclusões a que esta equipa de investigação chegou, liderada por A. Colaprete (NASA), encontram-se publicadas na revista Nature de 12 de Maio.

Os cientistas descobriram que é a localização de duas crateras gigantes no hemisfério Sul de Marte que dá origem a um clima num lado do pólo distinto do clima do outro lado. A paisagem criada pelas duas crateras forma ventos que estabelecem uma região de baixa pressão sobre a calote de gelo no hemisfério Oeste. Tal como na Terra, os sistemas de baixa pressão estão associados a tempo frio, de tempestades e de neve. Em Marte, as crateras causam o sistema de baixa pressão que domina a calote de gelo polar e retêm-no nessa localização.

Segundo os cientistas, o sistema de baixa pressão dá origem a neve branca, que aparece muito brilhante por cima da calote de gelo. Em contraste, observa-se gelo escuro no hemisfério Este, onde o céu marciano está relativamente limpo e quente.

O hemisfério Este da região do pólo Sul recebe muito menos neve. O gelo escuro forma-se quando a superfície do planeta
planeta
Um planeta é um objecto que se forma no disco que circunda uma estrela em formação e cuja massa é superior à de Plutão (1/500 da massa da Terra) e inferior a 10 vezes a massa de Júpiter. Ao contrário das estrelas, os planetas não produzem luz, apenas reflectem a luz da estrela que orbitam.
arrefece e a atmosfera
atmosfera
1- Camada gasosa que envolva um planeta ou uma estrela. No caso das estrelas, entende-se por atmosfera as suas camadas mais exteriores. 2- A atmosfera (atm) é uma unidade de pressão equivalente a 101 325 Pa.
ainda está relativamente quente – é o mesmo processo que leva a formar-se gelo escuro nas auto-estradas.

Fonte da notícia:
http://www.nasa.gov/centers/ames/news/releases/2005/05_30AR.html