O espectro de alta-resolução da galáxia MS 1512-cB58, obtido pelo instrumento UVES do ESO-VLT, permitiu realizar um estudo extremamente detalhado da região circundante da galáxia. A MS 1512-cB58 encontra-se à distância de 12 mil milhões de anos-luz de nós -- a luz que detectamos foi emitida pela galáxia quando o Universo tinha apenas 3 mil milhões de anos. As observações mostram que nas imediações da MS 1512-cB58 existe uma grande concentração de hidrogénio, algo que é consistente com a presença de um enxame de protogaláxias.

Galáxias distantes como a MS 1512-cB58 constituem valiosas ferramentas astronómicas para o estudo de estruturas de larga escala: a análise da luz emitida permite não só conhecer as propriedades do objecto em questão, mas também investigar as propriedades do material que se encontre ao longo da linha de visão.

Este tipo de estudo é geralmente baseado na risca atómica Lyman-alfa do hidrogénio. A risca Lyman-alfa emitida por objectos distantes aparece frequentemente acompanhada por riscas de absorção Lyman-alfa em menores comprimentos de onda, e em elevado número, constituindo o que se designa por "Floresta Lyman-alfa". Sabemos hoje que esta "floresta" resulta da presença de nuvens de hidrogénio distribuídas ao longo da linha de visão entre a galáxia distante e a Terra, e que absorvem parte da radiação da longínqua galáxia. O facto de existirem riscas de absorção Lyman-alfa a diferentes comprimentos de onda revela que as nuvens se encontram a diferentes distâncias. Assim, o estudo das riscas de absorção da "floresta", permite "cartografar" a distribuição das nuvens de hidrogénio ao longo da linha de visão e estudar a densidade deste elemento.

O espectro de alta-resolução obtido pelo instrumento UVES da galáxia MS 1512-cB58 não só permitiu cartografar a distribuição das nuvens ao longo da linha de visão, mas também investigar com grande pormenor a região circundante da galáxia. Comparando a densidade de hidrogénio média detectada ao longo da linha de visão (entre a Terra e MS1512-cB58) com a densidade de hidrogénio detectada na região circundante da galáxia, verificou-se a existência de um excesso de cerca de 200% de hidrogénio nas imediações da galáxia.

A equipa de astrónomos envolvida neste trabalho interpreta este resultado como uma forte indicação de existência de um grande aglomerado de nuvens de hidrogénio, o tipo de aglomerado que se pensa dar origem às galáxias, isto é, uma região de protogaláxias. A revelar-se correcta esta hipótese, este é o mais jovem enxame de protogaláxias até hoje detectado, implicando que estructuras de larga escala podem ter sido formadas muito rapidamente após o Big Bang.

Fonte da notícia: http://www.eso.org/outreach/press-rel/pr-2002/pr-03-02.html