A sonda Cassini realizou duas órbitas próximas em torno da lua gelada de Saturno, Encélado, e descobriu que esta lua tem uma atmosfera significativa, constituída essencialmente por vapor de água. O estudos dos dados obtidos pelo magnetómetro da Cassini levam os cientistas a pensar que a origem da atmosfera pode estar relacionada com vulcanismo, géisers, ou gases que se escapam da superfície, ou mesmo do interior da lua.

Quando a Cassini teve o seu primeiro encontro com Encélado, uma das luas de Saturno, a 17 de Fevereiro de 2005 e a uma altitude de 1167 quilómetros, o seu magnetómetro detectou uma característica significativa no campo magnético que sugeria a presença de atmosfera. A 9 de Março a sonda aproximou-se a uma distância de 500 quilómetros da superfície da lua e obteve evidências adicionais. As observações mostraram uma curvatura no campo magnético, com o plasma da magnetosfera de Saturno a ser retardado e deflectido pela lua. Adicionalmente, foram notadas oscilações no campo magnético, o que acontece quando moléculas carregadas electricamente (ionizadas) interagem com ele, entrando numa espiral em torno da linha de campo. Estas oscilações têm frequências específicas, que podem ser utilizadas para identificar o tipo de molécula presente. Os cientistas acreditam que, neste caso, se trata de moléculas de vapor de água.

Segundo o Dr. Michele Dougherty, investigador principal do magnetómetro da Cassini e professor no Imperial College (Londres), estes resultados podem constituir a primeira prova da existência de gases com origem na superfície de Encélado e possivelmente também no seu interior. Em 1981, a Voyager (NASA) passou a uma distância de 90000 quilómetros de Encélado, sem ter detectado a existência de qualquer atmosfera. É provável que este tipo de detecção estivesse para além das possibilidades da Voyager, ou então alguma coisa mudou desde essa altura.

A Cassini entrou na órbita de Saturno no Verão passado e esta é a primeira vez que uma atmosfera é detectada numa das suas luas, sem contar com Titã. Encélado é uma lua relativamente pequena e a gravidade que pode exercer não é suficiente para manter uma atmosfera durante muito tempo. O que leva os cientistas a considerarem que deve haver uma fonte a sustentá-la, de uma forma contínua e intensa, e encaram a possibilidade de existência de erupções, tais como vulcões e géisers. Se assim for, Encélado fará parte de um grupo de luas activas, como Io, em Júpiter, e Tritão, em Neptuno. Desde a passagem da Voyager que os cientistas suspeitam que esta lua é geologicamente activa e que deve ser a fonte do anel E, um anel de gelo de Saturno.

O diâmetro de Encélado é de cerca de 500 quilómetros. Não obstante as suas pequenas dimensões, esta lua exibe uma das superfícies mais interessantes dos satélites de gelo e é o objecto mais reflectivo do Sistema Solar, reflectindo cerca de 90% da luz solar que o atinge. Se possuir vulcões de gelo, a grande reflectividade da sua superfície pode resultar do depósito contínuo de partículas de gelo provenientes dos vulcões.

Fonte da notícia: http://www.jpl.nasa.gov/news/news.cfm?release=2005-046