A Teoria do Grande Impacto aplicada ao sistema Plutão-Caronte

2005-02-11

Plutão e Caronte pelo Telescópio Espacial Hubble. Crédito: Dr. R. Albrecht, ESA/ESO Space Telescope European Coordinating Facility; NASA.
A evolução de Plutão
Plutão
Plutão é, na maior parte do tempo, o nono e último planeta do Sistema Solar a contar do Sol, mas devido à sua órbita excêntrica, durante algum tempo aproxima-se mais do Sol do que Neptuno. É um planeta singular em muitos aspectos: é o mais pequeno (cerca de 1/500 o diâmetro da Terra), tem uma composição muito rica em gelos, possui a órbita mais excêntrica e inclinada em relação à eclíptica, e tem, tal como Úrano, o seu eixo de rotação muito inclinado (122º) em relação à eclíptica.
e da sua única lua, Caronte, pode ter algo em comum com a Terra e a nossa Lua
Lua
A Lua é o único satélite natural da Terra.
: um grande impacto no passado distante. R. Canup (Instituto Tecnológico da Califórnia/Instituto de Investigação do Sudoeste, EUA) argumenta, num artigo publicado na revista Science, que essa pode ser a origem para o par Plutão-Caronte.

Tanto no caso da Terra-Lua, como no de Plutão-Caronte, as simulações de hidrodinâmica das partículas efectuadas por Canup partem de uma grande colisão, oblíqua, quando o planeta
planeta
Um planeta é um objecto que se forma no disco que circunda uma estrela em formação e cuja massa é superior à de Plutão (1/500 da massa da Terra) e inferior a 10 vezes a massa de Júpiter. Ao contrário das estrelas, os planetas não produzem luz, apenas reflectem a luz da estrela que orbitam.
ainda está em crescimento, para produzir o respectivo satélite e fornecer ao sistema planeta-lua o seu momento angular actual.

Enquanto que a Lua tem apenas 1% da massa
massa
A massa é uma medida da quantidade de matéria de um dado corpo.
da Terra, Caronte tem entre 10 e 15% da massa de Plutão. As simulações sugerem que um objecto proporcionalmente muito maior – talvez tão grande quanto Plutão – foi responsável por Caronte e que o satélite formou-se como um resultado directo da colisão.

Segundo Canup, uma colisão na jovem Cintura de Kuiper
Cintura de Kuiper
A Cintura de Kuiper é uma região em forma de disco, localizada depois de Neptuno, entre 30 e 50 UA do Sol. É constituída por muitos pequenos corpos gelados, restos da formação do Sistema Solar, e é a fonte dos cometas de curto-período. O primeiro objecto da Cintura de Kuiper, 1992QB1, com 240 km de diâmetro, só foi descoberto em 1992, mas desde então já se conhecem centenas de objectos da Cintura de Kuiper (KBO, do inglês Kuiper Belt Object). Há astrónomos que consideram Plutão, e a sua lua Caronte, objectos da Cintura de Kuiper.
(a que se pensa que Plutão pertence) pode ter dado origem a um planeta e a um satélite com tamanhos relativos e características de rotação angular consistentes com o par Plutão-Caronte. Os objectos que colidiram teriam entre 1600 e 2000 km de diâmetro.

A Teoria do Grande Impacto foi primeiro proposta em meados de 70 para explicar a formação da Lua. De forma semelhante, foi proposta para a origem do sistema Plutão-Caronte no início da década de 80. As simulações de Canup são as primeiras a modelarem com sucesso o acontecimento para o par Plutão-Caronte.

Canup tem estudado extensivamente o cenário de uma enorme colisão para explicar a origem da nossa Lua. Simulações publicadas por Canup e colaboradores na revista Nature, em 2001, mostraram que um simples impacto por um objecto do tamanho de Marte
Marte
Marte é o quarto planeta do Sistema Solar, a contar do Sol. É o último dos chamados planetas interiores. O seu diâmetro é cerca de 50% mais pequeno do que o da Terra e possui uma superfície avermelhada, sendo também conhecido como planeta vermelho.
, nos últimos estágios de formação da Terra, podem reproduzir a falta de ferro na Lua, as massas e o momento angular do sistema Terra-Lua.

Fonte da notícia: http://www.swri.org/9what/releases/2005/Pluto.htm