Deep Impact lançada com sucesso

2005-01-17

Ilustração da missão Deep Impact, constituída por duas partes: a sonda e o impactor. A sonda possui dois instrumentos: o HRI (High Resolution Instrument), que providenciará as imagens de maior resolução combinando uma câmara de luz visível, um espectrómetro de infravermelhos e um módulo especial; e o MRI (Medium Resolution Instrument), apropriada para a observação do núcleo do cometa. O impactor leva o telescópio ITS, semelhante ao MRI. A antena de alto ganho (HGA – High Gain Antenna) transmite imagens para a Terra. Crédito: NASA.
A missão da NASA
National Aeronautics and Space Administration (NASA)
Entidade norte-americana, fundada em 1958, que gere e executa os programas espaciais dos Estados Unidos da América.
Deep Impact já se encontra a caminho do seu encontro com o cometa
cometa
Os cometas são pequenos corpos irregulares, compostos por gelos (de água e outros) e poeiras. Os cometas têm órbitas de grande excentricidade à volta do Sol. As estruturas mais importantes dos cometas são o núcleo, a cabeleira e as caudas.
Tempel 1, que ocorrerá a 4 de Julho, e que a tornará na primeira sonda a observar o interior de um cometa. Lançada a partir do Cabo Canaveral (Florida, EUA) na quarta-feira passada (dia 12 de Janeiro), os dados recebidos indicam que se encontra em bom funcionamento e que alcançou a esperada orientação no espaço.

A Deep Impact é composta por duas partes: uma sonda, que se aproximará do cometa Tempel 1, e um “impactor”, que será libertado de forma a colidir com o cometa. A cratera produzida pelo impactor na superfície do cometa será do tamanho de um estádio de futebol e com uma profundidade entre 2 e 14 andares. O impacto ejectará gelo e poeira, revelando o material sob a superfície do cometa. Não será só a sonda a observar os efeitos da colisão - o Telescópio Espacial Hubble
Hubble Space Telescope (HST)
O Telescópio Espacial Hubble é um telescópio espacial que foi colocado em órbita da Terra em 1990 pela NASA, em colaboração com a ESA. A sua posição acima da atmosfera terrestre permite-lhe observar os objectos astronómicos com uma qualidade ímpar.
, o Chandra
Chandra X-ray Observatory
O observatório de raios-X Chandra, lançado em 1999, faz parte do projecto dos Grandes Observatórios Espaciais da NASA. O seu nome homenageia Subrahmanyan Chandrasekhar, Prémio Nobel da Física em 1983. O Chandra detecta fontes de raios-X a milhares de milhões de anos-luz de nós. Observar em raios-X é a única forma de observar matéria muito quente, a milhões de graus Célsius. O Chandra detecta raios-X de regiões de alta energia, como por exemplo remanescentes de supernovas.
e o Telescópio Espacial Spitzer
Spitzer Space Telescope
O Telescópio Espacial Spitzer é um telescópio de infravermelhos colocado em órbita pela NASA a 25 de Agosto de 2003. Este telescópio, anteriormente designado por Space InfraRed Telescope Facility (SIRTF), foi re-baptizado em homenagem a Lyman Spitzer, Jr. (1914-1997), um dos grandes astrofísicos norte-americanos do século XX. Espera-se que este observatório espacial contribua grandemente em diversos campos da Astrofísica, como por exemplo na procura de anãs castanhas e planetas gigantes, na descoberta e estudo de discos protoplanetários à volta de estrelas próximas, no estudo de galáxias ultraluminosas no infravermelho e de núcleos de galáxias activas, e no estudo do Universo primitivo.
, assim como outros telescópios em Terra, também estarão atentos e os dados combinados das diferentes observações permitirão um estudo mais completo do cometa.

O impactor a bordo do Deep Impact, com 370 kg e bateria suficiente para apenas um dia, é um impactor inteligente, pois após ser libertado, tomará conta da sua própria navegação e manobrará de modo a colidir com o cometa. Até segundos antes da colisão, uma câmara no impactor capturará imagens do núcleo do cometa
núcleo de um cometa
O núcleo de um cometa é a parte sólida e gelada, localizada no centro da cabeça do cometa e é constituído por poeiras e gases gelados. O diâmetro dos núcleos cometários tem tipicamente entre 10 e 20 km.
.

A sonda começará por obter imagens detalhadas do cometa antes da colisão. Após libertar o impactor, a sonda manobrará para uma nova trajectória, cuja maior aproximação ao cometa é de 500 km. A sonda observará e registará a colisão, o material ejectado por esta, e a estrutura e composição do interior da cratera formada. Outras observações incluem a obtenção de dados adicionais do outro lado do núcleo e a monitorização de forma a detectar alterações na actividade do cometa.

O cometa Tempel 1, descoberto por Wilhelm Tempel em 1867, já efectuou muitas passagens pelo Sistema Solar
Sistema Solar
O Sistema Solar é constituído pelo Sol e por todos os objectos que lhe estão gravitacionalmente ligados: planetas e suas luas, asteróides, cometas, material interplanetário.
interior e orbita o Sol
Sol
O Sol é a estrela nossa vizinha, que se encontra no centro do Sistema Solar. Trata-se de uma estrela anã adulta (dita da sequência principal) de classe espectral G. A temperatura na sua superfície é aproximadamente 5800 graus centígrados e o seu raio atinge os 700 mil quilómetros.
com um período de 5,5 anos. Este facto torna este cometa um bom alvo para o estudo de alterações evolutivas no manto. A experiência da cratera provocada na superfície do cometa permitirá aos cientistas conhecerem melhor a estrutura do interior do cometa e as suas diferenças da superfície.

Os cometas possuem informação sobre a formação e evolução do Sistema Solar. São compostos por gelo e poeira que sobraram das regiões distantes e frias onde se formou o Sistema Solar, há 4,5 mil milhões de anos. A Deep Impact será a primeira missão espacial a sondar debaixo da superfície de um cometa e a revelar segredos do seu interior.

Fonte da notícia: http://www.nasa.gov/mission_pages/deepimpact/media/2005-016.html