Universo envelhecido ainda possui juventude

2004-12-29

Seis das trinta e seis galáxias luminosas no ultravioleta, descobertas pelo Galaxy Evolution Explorer no nosso cantinho do Universo. Estas galáxias assemelham-se às galáxias jovens que eram comuns no Universo jovem. Crédito: NASA/JPL-Caltech/Johns Hopkins.
Uma equipa de astrónomos, liderada por T. Heckman (Universidade Johns Hopkins, EUA), descobriu trinta e seis galáxias
galáxia
Um vasto conjunto de estrelas, nebulosas, gás e poeira interestelar gravitacionalmente ligados. As galáxias classificam-se em três categorias principais: espirais, elípticas e irregulares.
brilhantes e compactas, utilizando o telescópio espacial GALEX - Galaxy Evolution Explorer (NASA
National Aeronautics and Space Administration (NASA)
Entidade norte-americana, fundada em 1958, que gere e executa os programas espaciais dos Estados Unidos da América.
). Estas galáxias assemelham-se muito com as galáxias jovens de massa
massa
A massa é uma medida da quantidade de matéria de um dado corpo.
elevada que existiam no Universo há mais de 10 mil milhões de anos. Só que as galáxias agora descobertas estão relativamente próximas de nós, entre dois e quatro mil milhões de anos-luz
ano-luz (al)
O ano-luz (al) é uma unidade de distância igual a 9,467305 x 1012 km, que corresponde à distância percorrida pela luz, no vácuo, durante um ano.
de distância, e podem ser jovens, com idades compreendidas entre cem milhões e mil milhões de anos. Compare-se com a nossa Via Láctea
Via Láctea
A Via Láctea é a galáxia de que faz parte o nosso Sistema Solar. Trata-se de uma galáxia espiral gigante, com um diâmetro de cerca de 160 mil anos-luz e uma massa da ordem de 100 mil milhões de vezes a massa do Sol.
, que tem aproximadamente 10 mil milhões de anos!

As trinta e seis galáxias luminosas no ultravioleta
ultravioleta
O ultravioleta á a banda do espectro electromagnético que cobre a gama de comprimentos de onda entre os 91,2 e os 350 nanómetros. Esta radiação é largamente bloqueada pela atmosfera terrestre.
foram descobertas depois do GALEX ter observado, com os seus detectores de ultravioleta de alta sensibilidade, milhares de galáxias numa grande porção do céu. As novas galáxias são cerca de 10 vezes mais brilhantes no ultravioleta do que a Via Láctea, o que indica que possuem regiões de formação de estrelas
estrela
Uma estrela é um objecto celeste gasoso que gera energia no seu núcleo através de reacções de fusão nuclear. Para que tal possa suceder, é necessário que o objecto possua uma massa superior a 8% da massa do Sol. Existem vários tipos de estrelas, de acordo com as suas temperaturas efectivas, cores, idades e composição química.
muito activas e numerosas explosões de supernova
supernova
Uma supernova é a explosão de uma estrela no final da sua vida. As explosões de supernova são de tal forma violentas e luminosas que o seu brilho pode ultrapassar o brilho de uma galáxia inteira. Existem dois tipos principais de supernova: as supernovas Tipo Ia, que resultam da explosão duma estrela anã branca que, no seio de um sistema binário, rouba matéria da estrela companheira até a sua massa atingir o limite de Chandrasekhar e então colapsa; e as supernovas Tipo II, que resultam da explosão de uma estrela isolada de massa elevada (com massa superior a cerca de 4 vezes a massa do Sol) que esgotou o seu combustível nuclear e expeliu as suas camadas externas, restando apenas um objecto compacto (uma estrela de neutrões ou um buraco negro).
, características de galáxias jovens.

Sabe-se que no início da história do Universo existiam galáxias jovens de massa elevada, que hoje são galáxias velhas, como a nossa Via Láctea. A taxa de formação de galáxias no Universo foi baixando ao longo do tempo, de forma que os astrónomos julgavam que hoje em dia já não se formavam galáxias de massa elevada. A descoberta do GALEX surpreendeu os astrónomos, pois sugere que o nosso Universo envelhecido, afinal ainda está cheio de juventude. Também oferece aos astrónomos a primeira oportunidade de ver, de perto, como a nossa galáxia talvez tenha sido na sua infância.

Este estudo, assim como vários resultados obtidos com observações realizadas pelo Galaxy Evolution Explorer, serão publicados numa edição especial da revista científica Astrophysical Journal Letters.

Fonte da notícia: http://www.jpl.nasa.gov/news/news.cfm?release=2004-294