Abalos sísmicos apagaram pequenas crateras no asteróide Eros

2004-12-15

Esta vista espectacular do hemisfério norte de Eros foi conseguida através de um mosaico de seis imagens, obtidas pela missão NEAR, em Fevereiro de 2000. A sonda localizava-se a 200 km do asteróide. Em baixo, à direita, pode ver-se a cavidade em forma de sela e a cratera, no topo, tem 5,3 km de diâmetro. Crédito: NASA/Johns Hopkins University Applied Physics Lab.
Quando a missão Near Earth Asteroid Rendezvous- NEAR (NASA
National Aeronautics and Space Administration (NASA)
Entidade norte-americana, fundada em 1958, que gere e executa os programas espaciais dos Estados Unidos da América.
/JHUAPL) entrou em órbita
órbita
A órbita de um corpo em movimento é a trajectória que o corpo percorre no espaço.
do asteróide
asteróide
Um asteróide é um pequeno corpo rochoso que orbita em torno do Sol, com uma dimensão que pode ir desde os 100 m até aos 1000 km. A maioria dos asteróides encontra-se entre as órbitas de Marte e de Júpiter. Também são designados por planetas menores.
Eros, onde permaneceu de Fevereiro de 2000 a Fevereiro de 2001, revelou que a sua superfície era coberta por rególito – detritos rochosos, como gravilha e poeira – e cravada por numerosas rochas gigantescas. A missão também encontrou áreas por onde o rególito tinha aparentemente resvalado, deixando expostos os estratos inferiores. Mas, contrariando as expectativas dos cientistas, a NEAR não descobriu o número previsto de pequenas crateras, resultante da grande quantidade de pequenos impactos que a superfície do asteróide foi sofrendo ao longo dos tempos. Esperavam-se cerca de 400 crateras por quilómetro quadrado, rondando os 20 metros de diâmetro, mas a média aponta para apenas 40 crateras deste tipo.

Este facto parece dever-se à existência de abalos sísmicos em Eros, que suprimem cerca de 90 % das crateras com menos de 100 metros de diâmetro. Estas vibrações sísmicas acontecem quando Eros colide com fragmentos de rocha existentes no espaço.

O asteróide Eros tem apenas 33 quilómetros de comprimento por 13 de largura. O seu volume é muito pequeno e a sua gravidade diminuta. Basta que um objecto com dimensões de 1 por 2 metros, ou ligeiramente maior, atinja a sua superfície, para que se desencadeie uma vibração sísmica global, que facilmente destabilizará o rególito. Como consequência, as camadas de detritos e poeira deslizam pelos taludes e sofrem pequenos arremessos. Tudo isto acontece muito lentamente, uma vez que a fraca gravidade não permite embates fortes. Desta forma, as crateras vão sendo preenchidas com detritos e acabam por desaparecer.

As crateras existentes na superfície de objectos de grandes dimensões provenientes da Cintura de Asteróides
Cintura de Asteróides
A Cintura de Asteróides é a região do Sistema Solar situada entre Marte (1,5 UA) e Júpiter (5,2 UA), no plano da eclíptica, onde se encontra a maior parte dos asteróides.
, onde Eros passou grande parte da sua vida, estão directamente relacionadas com o tamanho e a população dos asteróides mais pequenos desta Cintura. No entanto, devido à sua estrutura interna, facilmente propensa a desencadear vibrações sísmicas, Eros vai acabando por apagar muitos dos vestígios dos pequenos impactos que sofreu. O mesmo deverá acontecer com outros asteróides de características semelhantes.

Eros é provavelmente um monólito fracturado por grandes impactos, mantido coeso pela gravidade. A sua superfície mostra, em toda a sua extensão, uma série de sulcos e estrias. Algumas dessas fracturas vão até ao núcleo, mas outras são apenas superficiais. Pode mesmo estabelecer-se uma analogia entre a superfície deste asteróide e a crusta da nossa Lua
Lua
A Lua é o único satélite natural da Terra.
. Foi isso o que os cientistas fizeram para perceberem melhor a propagação da energia sísmica em Eros. No futuro próximo, como resultado dos abalos sísmicos, Eros será mais compacto, apresentando-se menos poroso e com um rególito cada vez mais coeso.

O estudo da estrutura interna de asteróides como Eros é fundamental na eventualidade de se enviar um satélite para estudar a população de asteróides próximos da Terra, ou de ser necessário deflectir a trajectória de um asteróide em potencial rota de colisão com a Terra.

Estas conclusões resultam da análise de modelos efectuada no Laboratório Lunar e Planetário da Universidade do Arizona pelos Professores James E. Richardson Jr. e Richard Greenberg. Os resultados foram publicados a 26 de Novembro na Science.

Fonte da notícia: http://uanews.org/cgi-bin/WebObjects/UANews.woa/6/wa/SRStoryDetails?ArticleID=10176