Glaciar da Gronelândia avança rapidamente

2004-12-21

Avanço do glaciar Jakobshavn Isbrae na Gronelândia. É bem visível a diferença no avanço do glaciar entre 2001 e 2002, e entre 2002 e 2003. Crédito: NASA/USGS.
O estudo dos glaciares e da sua evolução com o tempo é uma questão que actualmente preocupa muito os cientistas no âmbito do aquecimento global e do consequente problema da subida do nível médio da água do mar. É pois crucial compreender os glaciares e os processos físicos que os transformam. Contudo, este tipo de estudo exige medições precisas e prolongadas já que o avanço dos glaciares é em si mesmo um fenómeno lento.

O glaciar Jakobshavn Isbrae é o maior glaciar da Gronelândia, escoando cerca de 6,5% do gelo existente na crosta gelada da Gronelândia. O avanço deste gelo para o oceano tem provocado um aumento de cerca de 0,06 milímetros por ano no ritmo de subida do nível do mar, isto é, aproximadamente 4% do ritmo de subida do nível do mar em todo o século XX.

Usando imagens e medições LASER
Light Amplification by Stimulated Emission of Radiation (LASER)
A palavra LASER designa uma amplificação de luz por emissão estimulada de radiação. O princípio físico por trás deste fenómeno é a emissão estimulada: sob certas condições, um fotão atinge um átomo excitado e provoca a emissão de um fotão. O átomo emite dois fotões: o fotão estimulador, que passa incólume, e o fotão estimulado, que tem o mesmo comprimento de onda, a mesma fase, a mesma polarização e a mesma direcção de propagação que o fotão estimulador. Se cada um destes fotões estimular mais átomos, o feixe inicial de fotões é assim amplificado.
obtidas por satélite entre 1997 e 2003, combinadas com outros dados obtidos entre 1985 e 1997, os cientistas descobriram que este glaciar avança cada mais rapidamente, tendo nos últimos anos duplicado a rapidez com que se desloca. Entre 1985 e 1992, o avanço do glaciar parece ter sido travado, passando de uma velocidade de 6,7 km/ano para 5,7 km/ano. Esta velocidade parece ter-se mantido até 1997. Contudo, em meados do ano 2000 a velocidade era já de 9,4 km/ano, e na primavera de 2003 atingiu o valor de 12,6 km/ano!

Descobriu-se ainda que o rápido avanço do glaciar é acompanhado de um igualmente rápido processo de desgaste, verificando-se que a espessura do glaciar diminuiu, desde 1997, a uma taxa de cerca de 15 metros por ano! Além disto, a língua de gelo espesso que se estendia pelo oceano, e que começou a retroceder no ano 2000, foi quase completamente quebrada em Maio de 2003. Os cientistas calculam que a quantidade de gelo derretido que flui para o oceano a partir deste glaciar é mais do dobro daquilo que se estima através dos modelos climáticos tradicionais. O que parece indicar que os glaciares na Terra são muito mais sensíveis a alterações climáticas do que se pensava anteriormente.

Em muitos dos modelos climáticos parte-se do princípio de que os glaciares respondem lentamente às alterações climáticas. Este estudo parece precisamente indicar que esta premissa é errada, e que os glaciares podem sofrer rápidas alterações. De facto, medições baseadas em altimetria LASER da elevação da superfície do glaciar Jakobshavn Isbrae mostraram que a camada de gelo se tornou mais espessa entre 1991 e 1997, período coincidente com o período de desaceleração do glaciar. Analogamente, o glaciar começou a tornar-se mais fino à medida que acelerou entre 1997 e 2003.

Dado que se tem verificado que a espessura de outros glaciares tem sido reduzida em mais de 1 m/ano, os cientistas julgam que tal não pode ser devido exclusivamente ao derretimento do gelo devido ao aumento de temperatura, mas que haverá um efeito dinâmico no qual os glaciares são acelerados
aceleração
A aceleração é a taxa de variação da velocidade de um corpo com o tempo.
devido ao aquecimento global. E é esta aceleração dos glaciares que provoca o desgaste na camada de gelo que assim se torna progressivamente mais fina.

Fonte da notícia: http://www.nasa.gov/centers/goddard/earthandsun/jakobshavn.html