Uma equipa internacional de cientistas, liderada pela NASA, anunciou a observação de uma colisão frontal de dois enxames de galáxias próximos. Os enxames misturaram-se de uma forma brutal, destruindo milhares de galáxias e triliões de estrelas, num dos eventos cósmicos mais violentos jamais observados e que, em termos de libertação de energia, apenas terá sido superado pelo Big Bang.

Este fenómeno foi captado pelo satélite de observação XMM-Newton (ESA), que mostrou algo de similar a uma tempestade cósmica: os enxames de galáxias colidindo tal como duas superfícies frontais terrestres, dando origem a condições semelhantes às de um furacão, arremessando galáxias para fora dos seus trajectos e desencadeando um turbilhão de ondas de choque, contendo gás à temperatura de 100 milhões de graus, através do espaço intergaláctico.

Uma observação deste tipo não tem precedentes e ajuda a fundamentar a ideia de que o universo constrói a sua magnífica estrutura hierárquica fundindo pequenas galáxias e pequenos enxames de galáxias em outros de maiores dimensões. A Via Láctea faz parte de um pequeno grupo que se desloca na direcção do enxame da Virgem e, também ela, está destinada a sofrer uma colisão, dentro de alguns biliões de anos.

O enxame Abell 754 é conhecido há décadas pelos astrónomos e situa-se a uma distância de 800 milhões de anos-luz, na constelação de Hidra. Pela primeira vez, foi possível elaborar um mapa com informação detalhada a seu respeito que, tal como uma carta de superfície em meteorologia, permite fazer previsões. Este mapa contém dados sobre a temperatura, a pressão e a densidade do enxame.

Como seria de esperar, grande parte da matéria do enxame é constituída pelo gás existente entre as galáxias. Este gás intergaláctico está a ser acelerado a grandes velocidades pelas forças intensas resultantes da fusão, dando origem a ondas de choque que elevam a sua temperatura a valores muito elevados, de tal forma que emite radiação no comprimento de onda dos raios-X. Agora que a pior parte da tempestade já passou, o prognóstico é de acalmia. Ainda assim, o fenómeno da fusão só estará totalmente concluído dentro de alguns milhares de milhões de anos.

Os dados observacionais mostram que as estruturas de larga escala existentes no universo ainda estão em fase de formação. A energia escura parece ser responsável pelo acelerar da expansão do universo, o que significa que os objectos se estão a afastar uns dos outros a velocidades cada vez maiores e, eventualmente, um dia os enxames deixarão de ter a oportunidade de colidir.

Fonte da notícia: http://www.gsfc.nasa.gov/topstory/2004/0831galaxymerger.html