Nebulosa Olho de Gato: estrela moribunda cria escultura de gás e poeira

2004-09-27

Nebulosa planetária Olho de Gato (NGC 6543). Imagem obtida pelo Hubble com a câmara ACS. Crédito: NASA,ESA,HEIC & The Hubble Heritage Team (STScI/AURA).
A nebulosa
nebulosa
Uma nebulosa é uma nuvem de gás e poeira interestelares.
Olho de Gato (NGC 6543) foi uma das primeiras nebulosas planetárias
nebulosa planetária
As nebulosas planetárias são nebulosas formadas por camadas de gás expelido por estrelas de pequena massa, que terminaram a sua fase de estrela gigante vermelha e se encontram no fim da sua vida. No centro da nebulosa planetária, a estrela transforma-se numa anã branca quente e é a radiação que emite que faz a nebulosa brilhar. As nebulosas planetárias não têm nada a ver com planetas, mas obtiveram o seu nome porque quando observadas através de um pequeno telescópio, se assemelham a um disco de um planeta.
a serem descobertas e permanece uma das mais complexas nebulosas que se conhecem. Em 1994, o Telescópio Espacial Hubble
Hubble Space Telescope (HST)
O Telescópio Espacial Hubble é um telescópio espacial que foi colocado em órbita da Terra em 1990 pela NASA, em colaboração com a ESA. A sua posição acima da atmosfera terrestre permite-lhe observar os objectos astronómicos com uma qualidade ímpar.
(NASA
National Aeronautics and Space Administration (NASA)
Entidade norte-americana, fundada em 1958, que gere e executa os programas espaciais dos Estados Unidos da América.
/ESA
European Space Agency (ESA)
A Agência Espacial Europeia foi fundada em 1975 e actualmente conta com 15 países membros, incluindo Portugal.
) observou a nebulosa Olho de Gato e revelou estruturas complexas, tais como camadas concêntricas de gás e poeira, jactos de gás a alta velocidade e concentrações de gás induzidas por choque.

Agora, novas imagens obtidas pelo Hubble, ainda mais pormenorizadas, mostram pelo menos onze anéis concêntricos à volta do Olho de Gato. Cada anel é, na verdade, o bordo de uma bolha esférica projectada no céu.

As novas observações sugerem que a estrela
estrela
Uma estrela é um objecto celeste gasoso que gera energia no seu núcleo através de reacções de fusão nuclear. Para que tal possa suceder, é necessário que o objecto possua uma massa superior a 8% da massa do Sol. Existem vários tipos de estrelas, de acordo com as suas temperaturas efectivas, cores, idades e composição química.
ejectou a sua massa
massa
A massa é uma medida da quantidade de matéria de um dado corpo.
numa série de convulsões intervaladas de 1500 anos. Cada convulsão criou uma bolha de poeira contendo tanta massa como a soma da massa de todos os planetas
planeta
Um planeta é um objecto que se forma no disco que circunda uma estrela em formação e cuja massa é superior à de Plutão (1/500 da massa da Terra) e inferior a 10 vezes a massa de Júpiter. Ao contrário das estrelas, os planetas não produzem luz, apenas reflectem a luz da estrela que orbitam.
do nosso Sistema Solar
Sistema Solar
O Sistema Solar é constituído pelo Sol e por todos os objectos que lhe estão gravitacionalmente ligados: planetas e suas luas, asteróides, cometas, material interplanetário.
(cerca de 1% da massa do Sol
massa solar
Massa solar é a quantidade de massa existente no Sol e, simultaneamente, a unidade na qual os astrónomos exprimem as massas das estrelas, nebulosas e galáxias. Uma massa solar é igual a 1,989x1030 kg.
). A série de bolhas concêntricas formou a estrutura em camadas à volta da estrela moribunda, que lembra a estrutura de uma cebola. O Hubble observa como se visse a “cebola” cortada ao meio, de forma que cada camada é discernível.

Há aproximadamente 1000 anos, o padrão de perda de massa da estrela central do Olho de Gato mudou e a nebulosa começou a formar-se dentro das camadas de poeira. A comparação das imagens obtidas em 1994, 1997, 2000 e 2002 mostra que a nebulosa tem estado a expandir-se desde que se formou.

Até recentemente pensava-se que a estrutura em camadas à volta das nebulosas planetárias era um fenómeno raro. Contudo, um artigo publicado em Abril deste ano na revista científica Astronomy and Astrophysics mostrou que, pelo contrário, a formação destas bolhas concêntricas é provavelmente a regra e não a excepção.

Explicar porque é que uma estrela no fim da sua vida repete episódios de perda de massa a cada 1500 anos não é óbvio. Alguns astrónomos sugerem que pode fazer parte de um ciclo de actividade magnética, ou talvez seja a acção de uma companheira a orbitar a estrela moribunda, ou ainda, pode dever-se a pulsações estelares. Outra escola de pensamento considera a hipótese do material ser ejectado suavemente da estrela e os anéis serem criados mais tarde, devido à formação de ondas no material em expansão pelo espaço. Serão necessárias mais observações e estudos teóricos para compreender o que se passa.

Fonte da notícia: http://hubblesite.org/newscenter/newsdesk/archive/releases/2004/27/image/a