Nove anos depois da descoberta do primeiro planeta extra-solar, mais de 120 exoplanetas são conhecidos, quase todos gigantes gasosos muito próximos da sua estrela, com massas centenas de vezes a massa da Terra. Esta semana, as duas principais equipas dedicadas à descoberta dos planetas extra-solares - uma equipa europeia e uma equipa norte-americana - anunciaram, independentemente, a detecção de exoplanetas do tamanho de Neptuno, com massas cerca de 10 a 20 vezes a massa da Terra. O método utilizado por ambas as equipas é o da velocidade radial: a variação da velocidade da estrela central é compatível com o efeito gravitacional de um objecto que a orbita; a curva da velocidade radial permite determinar o período e o raio orbital do objecto, e ainda impõe um limite inferior à massa do objecto.

A equipa americana, liderada por P. Butler (Instituto Carnegie de Washington) e G. Marcy (Universidade da Califórnia em Berkeley), submeteu dois artigos científicos, que serão publicados na revista Astrophysical Journal, em Dezembro, descrevendo cada uma das suas descobertas.

O primeiro dos pequenos exoplanetas foi descoberto no âmbito dum projecto de monitorização das velocidades radiais de 950 estrelas próximas com o Telescópio Keck, de 10 m, no Havai. 150 das estrelas são estrelas de pequena massa, relativamente frias, do tipo espectral M. As anãs M são extremamente comuns na nossa galáxia e excelentes candidatas a albergarem planetas, mas por serem pouco brilhantes, são difíceis de observar. Mas o esforço compensou quando, em Julho de 2003, os astrónomos repararam na variação da velocidade radial da estrela Gliese 436, uma estrela do tipo M localizada na constelação do Leão, a cerca de 33 anos-luz. Mais um ano de dados observacionais e os astrónomos puderam concluir que um planeta, com pelo menos 21 vezes a massa da Terra, orbita Gliese 436 em 2,64 dias, a uma distância 3% da distância Terra-Sol.

O outro pequeno exoplaneta descoberto orbita 55 Cancri, uma estrela amarela, do tipo do Sol, que se encontra a cerca de 41 anos-luz de nós, na direcção da constelação do Caranguejo. Em 2002, esta equipa tinha anunciado a descoberta de 3 planetas à volta de 55 Cancri, com base em observações realizadas no Observatório Lick. Mas as observações subsequentes sugeriram a presença de mais um planeta. Juntando estas observações a mais de 100 medições realizadas com o telescópio Hobby-Eberly, no Observatório MacDonald (Texas), os astrónomos confirmaram o facto da estrela ter um quarto planeta, com 18 vezes a massa da Terra, um período orbital de 2,81 dias e um raio orbital apenas 3,8% da órbita da Terra.

Nesta altura, pouco se pode dizer sobre a natureza destes planetas. Poderão ser gigantes gasosos, constituídos por uma esfera de hidrogénio e hélio, semelhantes a Júpiter e Saturno; ou talvez, como Neptuno, um envelope espesso de hidrogénio e hélio à volta de um núcleo de rocha e gelo; ou ainda, estando tão próximos do Sol, pode ser que sejam como Mercúrio, essencialmente rochosos.

Embora os planetas de pequena massa sejam mais difíceis de se detectarem, espera-se, estatisticamente, que sejam mais comuns do que os planetas de maior massa. Agora que a tecnologia começou a alcançar a detecção destes pequenos corpos, adivinha-se um período muito frutífero na detecção de planetas mais parecidos com a Terra.

Fonte da notícia: http://www.nasa.gov/vision/universe/newworlds/extrasolar-083104.html