Stardust revela anatomia do cometa Wild 2

2004-07-20

Em cima: imagem obtida pela Stardust na sua aproximação ao cometa Wild 2 e respectivo diagrama da superfície. No meio: este anaglifo em estéreo mostra uma grande depressão no cometa Wild 2, na bacia de Shoemaker, com um pináculo iluminado pelo Sol no seu centro e uma grande mesa na borda oeste. Em baixo: este anaglifo em estéreo do cometa Wild 2 mostra claramente os jactos visíveis devido à reflexão da luz solar pelas partículas expelidas. Crédito: NASA.
A 2 de Janeiro deste ano, a sonda Stardust (NASA
National Aeronautics and Space Administration (NASA)
Entidade norte-americana, fundada em 1958, que gere e executa os programas espaciais dos Estados Unidos da América.
) voou a apenas 236 km do cometa
cometa
Os cometas são pequenos corpos irregulares, compostos por gelos (de água e outros) e poeiras. Os cometas têm órbitas de grande excentricidade à volta do Sol. As estruturas mais importantes dos cometas são o núcleo, a cabeleira e as caudas.
Wild 2 (ver notícia de 10/01/2004) e recolheu as imagens de mais alta resolução dum cometa alguma vez obtidas. Os astrónomos pensavam que o cometa Wild 2 seria como uma bola de neve suja e fofa, mas afinal, descobriu-se uma paisagem muito diversa, que inclui picos altos, fendas e crateras profundas, o que significa uma superfície coesa.

Ficou-se assim a saber que a superfície do Wild 2 foi esculpida por vários processos. Pode ser que este seja um cometa típico, mas a verdade é que é muito diferente de qualquer outro tipo de corpo conhecido do Sistema Solar
Sistema Solar
O Sistema Solar é constituído pelo Sol e por todos os objectos que lhe estão gravitacionalmente ligados: planetas e suas luas, asteróides, cometas, material interplanetário.
.

As imagens obtidas pela Stardust revelaram picos de 100 m de altura e crateras com mais de 150 m de profundidade. Algumas crateras têm um pináculo redondo central, rodeado por material ejectado; outras têm um chão liso e paredes direitas. O diâmetro da maior cratera, chamada “Pé Esquerdo”, é 1 km, quando o cometa inteiro tem 5 km de comprimento!

Outra grande surpresa foi a abundância e comportamento dos jactos de partículas que são lançadas para o espaço a partir da superfície do cometa. Esperava-se um par de jactos, mas só durante a aproximação da sonda ao cometa, foram observados mais de 20!

Os astrónomos previam que os jactos lançariam material para o espaço a uma distância curta e depois seriam dispersos para um halo à volta do cometa. Em vez disso, alguns jactos de alta velocidade permanecem intactos. De tal forma, que a Stardust teve de voar entre três jactos enormes que bombardearam a sonda com cerca de um milhão de partículas por segundo. Doze partículas, algumas maiores do que uma bala, penetraram a camada de cima do escudo protector.

Os jactos violentos podem formar-se quando o Sol
Sol
O Sol é a estrela nossa vizinha, que se encontra no centro do Sistema Solar. Trata-se de uma estrela anã adulta (dita da sequência principal) de classe espectral G. A temperatura na sua superfície é aproximadamente 5800 graus centígrados e o seu raio atinge os 700 mil quilómetros.
brilha nas áreas geladas perto da superfície do cometa. O gelo sólido transforma-se em gás sem passar por uma fase líquida e o material escapa para o vácuo do espaço, lançado a centenas de quilómetros por hora.

A equipa de investigadores responsável por este estudo, liderada por D. Brownlee (Universidade de Washington, EUA), teoriza que as diferentes estruturas da superfície podem ter sido criadas por sublimação e bombardeamento de objectos. Algumas destas estruturas podem ter sido formadas há milhares de milhões de anos, quando a vida começou na Terra. As partículas recolhidas no encontro da sonda com o cometa Wild 2 podem ajudar a desvendar os segredos da formação do Sistema Solar.

A Stardust foi lançada em 1999 e encontra-se de regresso à Terra com milhares de partículas capturadas pelo colector de aerogel durante a aproximação ao cometa Wild 2. A cápsula fará uma aterragem suave no deserto do Utah (EUA) em Janeiro de 2006. A análise das amostras certamente nos trará grandes novidades.

Os cometas são objectos que fascinaram o Homem desde sempre. Muitos cientistas acreditam que foram eles que deram o carbono e a água à Terra, elementos imprescindíveis para a Vida na Terra. Contudo, o seu potencial destrutivo é ilustrado, por exemplo, pela teoria de que foi um cometa, ou um asteróide
asteróide
Um asteróide é um pequeno corpo rochoso que orbita em torno do Sol, com uma dimensão que pode ir desde os 100 m até aos 1000 km. A maioria dos asteróides encontra-se entre as órbitas de Marte e de Júpiter. Também são designados por planetas menores.
, o responsável pela extinção dos dinossauros.

Fonte da notícia: http://stardust.jpl.nasa.gov/news/news100.html