Estudo de nuvens de gás na galáxia do Remoinho contribui para teoria sobre braços espirais

2004-07-12

A galáxia espiral M 51 no rádio (em cima) e no óptico (em baixo). Crédito: STScI, OVRO, IRAM.
A galáxia do Remoinho
M51 (NGC 5194) - Galáxia do Remoinho
M51, conhecida por Galáxia do Remoinho (Whirpool Galaxy), é uma galáxia espiral espectacular na constelação dos Cães de Caça, a uma distância de 15 milhões de anos-luz. Pensa-se que os braços espirais de NGC 5194 devam a sua forma espiral quase perfeita à interacção com a galáxia mais pequena. M 51 é composto, de facto, por duas galáxias: uma maior, também designada por NGC 5194, e outra mais pequena, designada NGC 5195. Pensa-se que os braços espirais de NGC 5194 devam a sua forma espiral quase perfeita à interacção com a galáxia mais pequena.
, também conhecida por M 51, encontra-se na constelação
constelação
Designa-se por constelação cada uma das 88 regiões em que se divide a abóbada celeste, por convenção de 1922.
dos Cães de Caça, a cerca de 31 milhões de anos-luz
ano-luz (al)
O ano-luz (al) é uma unidade de distância igual a 9,467305 x 1012 km, que corresponde à distância percorrida pela luz, no vácuo, durante um ano.
. A partir da Terra, esta conhecida galáxia
galáxia
Um vasto conjunto de estrelas, nebulosas, gás e poeira interestelar gravitacionalmente ligados. As galáxias classificam-se em três categorias principais: espirais, elípticas e irregulares.
é vista quase de frente, ou seja, com a “face” do disco virada para nós. Trata-se de uma das galáxias mais próximas de nós assim posicionada, e por isso, em vantagem para os astrónomos estudarem os seus braços espirais
braço espiral
Um braço espiral de uma galáxia é uma estrutura curva no disco de uma galáxia espiral (ou, em alguns casos, de uma galáxia irregular), constituída por estrelas jovens, aglomerados de estrelas, nebulosas, gás e poeiras.
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Uma equipa de astrónomos, liderada por E. Schinnerer (NRAO
National Radio Astronomy Observatory (NRAO)
O NRAO é o Observatório Nacional de Radioastronomia dos EUA e opera vários radiotelescópios, como o VLA, o VLBA, o GBT, o EVLA e o ALMA.
), analisou a emissão rádio
rádio
O rádio é a banda do espectro electromagnético de maior comprimento de onda (menor frequência) e cobre a gama de comprimentos de onda superiores a 0,85 milímetros. O domínio do rádio divide-se no submilímetro, milímetro, microondas e rádio.
de moléculas
molécula
Uma molécula é a unidade mais pequena de um composto químico, sendo constituída por um ou mais átomos, ligados entre si pelas interacções dos seus electrões.
de monóxido de carbono (CO) em nuvens de gás gigantes, ao longo dos braços espirais de M 51. Utilizando radiotelescópios no Observatório de Rádio de Owens Valley (Caltech) e o radiotelescópio de 30 m do IRAM, os investigadores conseguiram determinar as temperaturas e medir a turbulência dentro das nuvens. Relacionando estas medições com a localização das nuvens nos braços espirais, os investigadores apresentam um forte argumento a favor da teoria da onda de densidade
densidade
Em Astrofísica, densidade é o mesmo que massa volúmica: é a massa por unidade de volume.
para os braços espirais.

A teoria da onda de densidade para a formação dos braços espirais, proposta por Frank Shu e C. C. Lin em 1964, diz que o padrão espiral de uma galáxia resulta de uma onda de maior densidade que revolve à volta da galáxia a uma velocidade diferente da velocidade do gás e estrelas
estrela
Uma estrela é um objecto celeste gasoso que gera energia no seu núcleo através de reacções de fusão nuclear. Para que tal possa suceder, é necessário que o objecto possua uma massa superior a 8% da massa do Sol. Existem vários tipos de estrelas, de acordo com as suas temperaturas efectivas, cores, idades e composição química.
da galáxia. As estrelas e as nuvens moleculares
nuvem molecular
As nuvens moleculares são nebulosas constituídas predominantemente por hidrogénio molecular.
nas cristas das ondas orbitam mais lentamente do que as estrelas e nuvens moleculares que se encontram entre as cristas das ondas, ou seja, os braços espirais rodam à volta do centro galáctico mais lentamente do que as estrelas e nuvens moleculares. No fundo, os braços espirais são um engarrafamento para as estrelas e as nuvens moleculares, que ao entrarem na borda traseira do braço espiral abrandam, deslocam-se lentamente até à borda dianteira do braço espiral, para depois aumentarem a sua velocidade.

Esta teoria explica porque é que os braços espirais persistem numa galáxia por milhares de milhões de anos, sem se enrolarem até desaparecerem. Também prevê que a formação de estrelas ocorra preferencialmente nos braços espirais: as nuvens moleculares, ao entrarem no braço espiral, o seu bordo dianteiro abranda antes do seu bordo traseiro, de forma que a nuvem molecular é comprimida, condição favorável para provocar a formação de estrelas.

Schinnerer e os seus colaboradores estudaram uma região num dos braços espirais de M 51 que presumivelmente acabou de atravessar a onda de densidade. Os dados observacionais indicam que gás no bordo traseiro do braço espiral é mais quente e mais turbulento do que gás no bordo dianteiro do braço espiral. Este resultado é esperado pela teoria proposta por Shu e Lin, pois o gás que passou primeiro pela onda de densidade já teve tempo para arrefecer e perder a turbulência causada pela passagem.

O próximo passo neste estudo é observar outras galáxias espirais e ver se um padrão semelhante está presente. Mas esse tipo de observações é ainda muito limitado, pois a emissão rádio das moléculas de CO que fornece informação sobre a temperatura e a turbulência do gás é muito fraca e difícil de detectar. Provavelmente, um grande avanço neste campo ocorrerá com a entrada em funcionamento do ALMA
Atacama Large Millimeter Array (ALMA)
O ALMA é um interferómetro no domínio do rádio, mais precisamente, do milímetro e submilímetro. O instrumento, ainda em construção, situa-se a 5000 metros de altitude na planície de Chajnantor, em plenos Andes chilenos, e será constituído por 64 antenas de 12 m de diâmetro. A sua função principal será observar regiões frias do Universo, que são opticamente opacas. O ALMA é uma parceria da Europa com a América do Norte, em cooperação com o Chile.
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Fonte de notícia: http://www.nrao.edu/pr/2004/m51co/