Cassini entrou em órbita de Saturno e já observou Titã

2004-07-06

Imagens de Titã obtidas pelo espectrómetro da Cassini. Em cima: imagens a 2 µm, 2,8 µm e 5 µm. Em baixo: combinação das três imagens de cima. As áreas amarelas correspondem às regiões ricas em hidrocarbonetos, enquanto as áreas verdes são regiões de gelo. A nuvem de metano é branca. No Norte, distingue-se uma forma circular, que pode ser uma cratera. Crédito: NASA/JPL/University of Arizona.
Após sete anos de viagem, a sonda Cassini-Huygens
Cassini-Huygens (NASA/ESA)
A missão Cassini-Huygens é uma missão conjunta da NASA e da ESA dedicada a Saturno que foi lançada no dia 13 de Outubro de 1997. Esta missão é composta por duas sondas: a sonda Cassini cujo objectivo principal é o estudo de Saturno, da sua atmosfera e do seu campo magnético, e a sonda Huygens cujo objectivo é o estudo da atmosfera do maior satélite de Saturno, Titã. O ponto alto desta missão será sem dúvida o pouso da sonda Huygens na superfície de Titã.
(NASA
National Aeronautics and Space Administration (NASA)
Entidade norte-americana, fundada em 1958, que gere e executa os programas espaciais dos Estados Unidos da América.
/ESA
European Space Agency (ESA)
A Agência Espacial Europeia foi fundada em 1975 e actualmente conta com 15 países membros, incluindo Portugal.
/ASI) entrou em órbita
órbita
A órbita de um corpo em movimento é a trajectória que o corpo percorre no espaço.
de Saturno
Saturno
Saturno é o sexto planeta do Sistema Solar, a contar do Sol. Com um diâmetro cerca de 10 vezes o da Terra, é o segundo maior planeta do Sistema Solar. A sua característica mais marcante são os belos anéis que o rodeiam.
no passado dia 30 de Junho. A inserção na órbita de Saturno foi a última manobra realizada pela nave e a mais crítica: se falhasse, passaria por Saturno e rumaria para o Sistema Solar
Sistema Solar
O Sistema Solar é constituído pelo Sol e por todos os objectos que lhe estão gravitacionalmente ligados: planetas e suas luas, asteróides, cometas, material interplanetário.
exterior.

A Cassini aproximou-se de Saturno por baixo do plano dos famosos anéis, atravessando-o na separação entre o anel F e o anel G, a cerca de 158 000 km do centro de Saturno. Um prato de antena de alto ganho protegeu-a de eventuais impactos com poeiras. Um dos seus motores foi então utilizado para realizar a manobra final - o sinal de confirmação de ignição do motor demorou 84 minutos a chegar à Terra (ou seja, a percorrer 1500 milhões de quilómetros).

A Cassini foi diminuindo a sua velocidade relativa a Saturno até ser capturada pela força gravitacional do planeta
planeta
Um planeta é um objecto que se forma no disco que circunda uma estrela em formação e cuja massa é superior à de Plutão (1/500 da massa da Terra) e inferior a 10 vezes a massa de Júpiter. Ao contrário das estrelas, os planetas não produzem luz, apenas reflectem a luz da estrela que orbitam.
. Passou a apenas 19000 km das nuvens mais altas do planeta gigante. A sonda obteve imagens detalhadas dos anéis, numa oportunidade única para tentar discriminar componentes individuais, pois esta deverá ser a maior aproximação da sonda aos anéis, a poucos milhares de quilómetros. Uma segunda travessia pelo plano dos anéis ocorreu quase quatro horas depois da primeira.

O orbitador Cassini encontra-se agora pronto para iniciar a sua missão de quatro anos de estudo de Saturno e das suas luas, enquanto a sonda Huygens se prepara para ser lançada para Titã, em Dezembro deste ano.

Apresentamos a missão Cassini-Huygens na nossa secção das Missões:
http://www.portaldoastronomo.org/missoes/

As primeiras imagens da superfície de Titã recolhidas pela Cassini após a entrada em órbita de Saturno já foram divulgadas. O espectrómetro
espectrómetro
O espectrómetro é um instrumento cuja função é medir os comprimentos de onda de um determinado espectro de luz, permitindo identificar as espécies químicas responsáveis pelas riscas existentes nesse espectro.
mapeador obteve imagens em três bandas espectrais diferentes, apresentadas na figura ao lado, que revelam uma superfície exótica coberta por uma variedade de materiais no hemisfério Sul.

Na imagem da esquerda, obtida a 2 mícron
mícron (µm)
O mícron (µm), ou micrómetro, é uma unidade de comprimento que corresponde à milésima parte do milímetro: 1µm = 10-3mm = 10-6 m.
, as áreas escuras são, possivelmente, de gelo de água puro, e as regiões mais brilhantes devem conter uma quantidade muito maior de material não gelado, como por exemplo, hidrocarbonetos. Ao centro, a imagem a 2,8 mícron mostra uma superfície quase toda escura, tal como se espera de uma superfície de gelo de água e hidrocarbonetos. Finalmente, à direita, a imagem a 5 mícron é semelhante à imagem da esquerda, indicando regiões escuras de gelo e outras mais brilhantes, de material rico em hidrocarbonetos.

Uma nuvem brilhante de metano é visível nas três imagens, perto do pólo Sul. A sua persistência nos vários comprimentos de onda
comprimento de onda
Designa-se por comprimento de onda a distância entre dois pontos sucessivos de amplitude máxima (ou mínima) de uma onda.
indicam que as partículas que constituem a nuvem são grandes quando comparadas com as partículas típicas da neblina que envolve Titã, sugerindo uma atmosfera
atmosfera
1- Camada gasosa que envolva um planeta ou uma estrela. No caso das estrelas, entende-se por atmosfera as suas camadas mais exteriores. 2- A atmosfera (atm) é uma unidade de pressão equivalente a 101 325 Pa.
dinâmica perto do pólo Sul.

Em baixo, a imagem final, de falsa cor, é a combinação das três imagens de cima. As áreas amarelas correspondem às regiões ricas em hidrocarbonetos, enquanto as áreas verdes são regiões de gelo. A nuvem de metano é branca. No Norte, distingue-se uma forma circular, que pode ser uma cratera.

Fonte da notícia: http://www.esa.int/esaCP/SEMEDQL26WD_index_0.html