Azoto molecular detectado fora do Sistema Solar pela primeira vez

2004-06-23

Lançamento do FUSE. Crédito: NASA.
Investigadores utilizaram dados do satélite de ultravioletas
ultravioleta
O ultravioleta á a banda do espectro electromagnético que cobre a gama de comprimentos de onda entre os 91,2 e os 350 nanómetros. Esta radiação é largamente bloqueada pela atmosfera terrestre.
FUSE (NASA
National Aeronautics and Space Administration (NASA)
Entidade norte-americana, fundada em 1958, que gere e executa os programas espaciais dos Estados Unidos da América.
) para detectar, pela primeira vez, azoto molecular no espaço interstelar. O azoto (N) é o quinto elemento mais abundante no Universo e o mais abundante na atmosfera da Terra
atmosfera terrestre
A atmosfera terrestre é composta por um conjunto de camadas gasosas que envolvem a Terra. Estas camadas são designadas por Troposfera (da superfície da Terra até cerca de 10 km de altitude), Estratosfera (10 - 50 km), Mesosfera (50 - 100 km), Termosfera (100 - 400 km) e Exosfera (acima dos 400 km).
. A sua forma molecular, N2, consiste na combinação de dois átomos
átomo
O átomo é a menor partícula de um dado elemento que tem as propriedades químicas que caracterizam esse mesmo elemento. Os átomos são formados por electrões à volta de um núcleo constituído por protões e neutrões.
de azoto. A detecção de azoto molecular no meio interestelar
meio interestelar
O meio interestelar é constituído por toda a matéria existente no espaço entre as estrelas. Cerca de 99% da matéria interestelar é composta por gás, sendo os restantes 1% dominados pela poeira. A massa total do gás e da poeira do meio interestelar é cerca de 15% da massa total da matéria observável da nossa galáxia, a Via Láctea. A matéria do meio interestelar existe em diferentes regimes de densidade e temperatura, como por exemplo as nuvens moleculares (frias e densas) ou o gás ionizado (quente e ténue).
é vital para compreendermos a química interstelar e, consequentemente, a formação de estrelas
estrela
Uma estrela é um objecto celeste gasoso que gera energia no seu núcleo através de reacções de fusão nuclear. Para que tal possa suceder, é necessário que o objecto possua uma massa superior a 8% da massa do Sol. Existem vários tipos de estrelas, de acordo com as suas temperaturas efectivas, cores, idades e composição química.
e planetas
planeta
Um planeta é um objecto que se forma no disco que circunda uma estrela em formação e cuja massa é superior à de Plutão (1/500 da massa da Terra) e inferior a 10 vezes a massa de Júpiter. Ao contrário das estrelas, os planetas não produzem luz, apenas reflectem a luz da estrela que orbitam.
, já que estes se formam a partir da matéria interstelar.

D. Knauth e B-G Andersson, ambos da Universidade Johns Hopkins (EUA), descrevem o seu trabalho num artigo da Nature. O seu estudo é a continuação da investigação iniciada nos anos 70 com os dados do satélite Copernicus (NASA), que permitiu aos astrónomos sondarem as nuvens interstelares densas onde se espera que o azoto molecular seja dominante.

A detecção do azoto molecular não é fácil, pois é preciso perscrutar através de nuvens de poeira interstelares, muito densas, que bloqueiam grande parte da luz estelar que a tenta atravessar. Os investigadores confrontaram-se ainda com o facto de que só as estrelas mais brilhantes emitem luz suficiente para que o FUSE possa detectar a presença de azoto molecular, mas muitas dessas estrelas são tão brilhantes que ameaçam estragar os detectores do satélite, altamente sensíveis.

HD 124314 é uma estrela moderadamente vermelha, na constelação
constelação
Designa-se por constelação cada uma das 88 regiões em que se divide a abóbada celeste, por convenção de 1922.
austral do Centauro, e acabou por ser na sua direcção que os investigadores puderam verificar a presença de azoto molecular. A maioria dos modelos prevê que o azoto deve estar na sua maioria sob a forma de N2. Os investigadores pretendem continuar a tentar detectar azoto molecular noutros locais, de forma a inferir a sua quantidade e a sua variação em ambientes diferentes.

Fonte da notícia: http://www.jhu.edu/news_info/news/home04/jun04/nitrogen.html