Observações da galáxia activa NGC 1068 revelam pormenores da região próxima do buraco negro central
2004-06-16
A galáxia activa NGC 1068. Em cima: composição de imagens obtidas com o Telescópio Espacial Hubble (NASA/ESA), em que a luz estelar é azul, o oxigénio ionizado pelo núcleo activo é amarelo e o hidrogénio ionizado é vermelho. No meio: imagem obtida pelo MIDI no comprimento de onda de 8,7 µm, que penetra na nuvem de poeira e mostra as estruturas centrais com algum detalhe. Em baixo: diagrama das estruturas de poeria observadas na região central; a componente do centro é muito quente, pelo menos 500°C (amarelo) e é só marginalmente resolvida pelas observações na direcção Norte-Sul (na horizontal desta imagem); está rodeada por uma componente grande e quente, a cerca de 50°C (vermelho), que é bem resolvida na imagem; os vectores indicam as direcções de duas linhas de base do VLTI e as correspondentes resoluções no comprimento de onda central observado (10,5 µm). Crédito; ESO.
brilho
O brilho de um astro refere-se à quantidade de luz que dele provém, ou seja, a quantidade de energia por ele emitida por unidade de área por unidade de tempo. Dado que o brilho observado, ou medido, depende da distância ao objecto, distingue-se o brilho aparente (quando medido a uma determinada distância), do brilho intrínseco (conceptualmente medido na supefície do próprio astro).
se sobrepõe ao da galáxiaO brilho de um astro refere-se à quantidade de luz que dele provém, ou seja, a quantidade de energia por ele emitida por unidade de área por unidade de tempo. Dado que o brilho observado, ou medido, depende da distância ao objecto, distingue-se o brilho aparente (quando medido a uma determinada distância), do brilho intrínseco (conceptualmente medido na supefície do próprio astro).
galáxia
Um vasto conjunto de estrelas, nebulosas, gás e poeira interestelar gravitacionalmente ligados. As galáxias classificam-se em três categorias principais: espirais, elípticas e irregulares.
inteira que os alberga. Existem evidências de que a fonte de energia da actividade dos NGAs tem origem em buracos negrosUm vasto conjunto de estrelas, nebulosas, gás e poeira interestelar gravitacionalmente ligados. As galáxias classificam-se em três categorias principais: espirais, elípticas e irregulares.
buraco negro
Um buraco negro é um objecto cuja gravidade é tão forte que a sua velocidade de escape é superior à velocidade da luz. Em Astronomia, distinguem-se dois tipos de buraco negro: os buracos negros estelares, que resultam da morte de uma estrela de massa elevada, e os buracos negros galácticos, que existem no centro das galáxias activas.
de massaUm buraco negro é um objecto cuja gravidade é tão forte que a sua velocidade de escape é superior à velocidade da luz. Em Astronomia, distinguem-se dois tipos de buraco negro: os buracos negros estelares, que resultam da morte de uma estrela de massa elevada, e os buracos negros galácticos, que existem no centro das galáxias activas.
massa
A massa é uma medida da quantidade de matéria de um dado corpo.
elevadíssima, que podem alcançar milhares de milhões de vezes a massa do nosso SolA massa é uma medida da quantidade de matéria de um dado corpo.
Sol
O Sol é a estrela nossa vizinha, que se encontra no centro do Sistema Solar. Trata-se de uma estrela anã adulta (dita da sequência principal) de classe espectral G. A temperatura na sua superfície é aproximadamente 5800 graus centígrados e o seu raio atinge os 700 mil quilómetros.
(compare-se com o buraco negro do centro da Via LácteaO Sol é a estrela nossa vizinha, que se encontra no centro do Sistema Solar. Trata-se de uma estrela anã adulta (dita da sequência principal) de classe espectral G. A temperatura na sua superfície é aproximadamente 5800 graus centígrados e o seu raio atinge os 700 mil quilómetros.
Via Láctea
A Via Láctea é a galáxia de que faz parte o nosso Sistema Solar. Trata-se de uma galáxia espiral gigante, com um diâmetro de cerca de 160 mil anos-luz e uma massa da ordem de 100 mil milhões de vezes a massa do Sol.
, cuja massa é equivalente a cerca de 3 milhões de vezes a massa do SolA Via Láctea é a galáxia de que faz parte o nosso Sistema Solar. Trata-se de uma galáxia espiral gigante, com um diâmetro de cerca de 160 mil anos-luz e uma massa da ordem de 100 mil milhões de vezes a massa do Sol.
massa solar
Massa solar é a quantidade de massa existente no Sol e, simultaneamente, a unidade na qual os astrónomos exprimem as massas das estrelas, nebulosas e galáxias. Uma massa solar é igual a 1,989x1030 kg.
). Acredita-se que o buraco negro é alimentado a partir de um disco de acreçãoMassa solar é a quantidade de massa existente no Sol e, simultaneamente, a unidade na qual os astrónomos exprimem as massas das estrelas, nebulosas e galáxias. Uma massa solar é igual a 1,989x1030 kg.
disco de acreção
Disco composto por gás e poeira interestelares que pode circundar buracos negros, estrelas de neutrões, variáveis cataclísmicas, ou estrelas em formação.
de gás e poeira. A matéria que cai para o buraco negro é comprimida e aquecida a temperaturas elevadíssimas, o que a faz emitir grandes quantidades de radiaçãoDisco composto por gás e poeira interestelares que pode circundar buracos negros, estrelas de neutrões, variáveis cataclísmicas, ou estrelas em formação.
radiação electromagnética
A radiação electromagnética, ou luz, pode ser considerada como composta por partículas (os fotões) ou ondas. As suas propriedades dependem do comprimento de onda: ondas ou fotões com comprimentos de onda mais longos traduzem radiação menos energética. A radiação electromagnética, ou luz, é usualmente descrita como um conjunto de bandas de radiação, como por exemplo o infravermelho, o rádio ou os raios-X.
– daí os Núcleos Galácticos Activos brilharem tanto.
A radiação electromagnética, ou luz, pode ser considerada como composta por partículas (os fotões) ou ondas. As suas propriedades dependem do comprimento de onda: ondas ou fotões com comprimentos de onda mais longos traduzem radiação menos energética. A radiação electromagnética, ou luz, é usualmente descrita como um conjunto de bandas de radiação, como por exemplo o infravermelho, o rádio ou os raios-X.
NGC 1068, também conhecida por M 77, é uma das galáxias activas
galáxia activa
Uma galáxia diz-se activa quando emite quantidades excepcionalmente elevadas de energia. São exemplo de galáxias activas as galáxias Seyfert, as radiogaláxias, os quasares e as galáxias com surtos de formação de estrelas (starburst galaxies).
mais brilhantes e mais próximas de nós. Encontra-se na constelaçãoUma galáxia diz-se activa quando emite quantidades excepcionalmente elevadas de energia. São exemplo de galáxias activas as galáxias Seyfert, as radiogaláxias, os quasares e as galáxias com surtos de formação de estrelas (starburst galaxies).
constelação
Designa-se por constelação cada uma das 88 regiões em que se divide a abóbada celeste, por convenção de 1922.
da Baleia, a uma distância aproximada de 50 milhões de anos-luzDesigna-se por constelação cada uma das 88 regiões em que se divide a abóbada celeste, por convenção de 1922.
ano-luz (al)
O ano-luz (al) é uma unidade de distância igual a 9,467305 x 1012 km, que corresponde à distância percorrida pela luz, no vácuo, durante um ano.
. Embora pareça uma galáxia espiral com barra normal, o centro desta galáxia é muito luminoso, não só no óptico, mas também no ultravioletaO ano-luz (al) é uma unidade de distância igual a 9,467305 x 1012 km, que corresponde à distância percorrida pela luz, no vácuo, durante um ano.
ultravioleta
O ultravioleta á a banda do espectro electromagnético que cobre a gama de comprimentos de onda entre os 91,2 e os 350 nanómetros. Esta radiação é largamente bloqueada pela atmosfera terrestre.
e nos raios-XO ultravioleta á a banda do espectro electromagnético que cobre a gama de comprimentos de onda entre os 91,2 e os 350 nanómetros. Esta radiação é largamente bloqueada pela atmosfera terrestre.
raios-X
A radiação X é a radiação electromagnética cujo comprimento de onda está compreendido entre o ultravioleta e os raios gama, ou seja, pertence ao intervalo de aproximadamente 0,1 Å a 100 Å. Descobertos em 1895, os raios-X tambêm são, por vezes, chamados de raios de Röntgen em homenagem ao seu descobridor. A radiação X é altamente penetrante, o que a torna muito útil, por exemplo, para obter radiografias.
. Estima-se que seja necessário um buraco negro de massa equivalente a cerca de 100 milhões de vezes a massa do nosso Sol para dar conta da actividade nuclear em NGC 1068.
A radiação X é a radiação electromagnética cujo comprimento de onda está compreendido entre o ultravioleta e os raios gama, ou seja, pertence ao intervalo de aproximadamente 0,1 Å a 100 Å. Descobertos em 1895, os raios-X tambêm são, por vezes, chamados de raios de Röntgen em homenagem ao seu descobridor. A radiação X é altamente penetrante, o que a torna muito útil, por exemplo, para obter radiografias.
Em Junho de 2003, durante o período de verificação do potencial científico do recentemente instalado instrumento MIDI no VLTI (ESO
European Southern Observatory (ESO)
O Observatório Europeu do Sul é uma organização europeia de Astronomia para o estudo do céu austral fundada em 1962. Conta actualmente com a participação de 10 países europeus e ainda do Chile. Portugal tornou-se membro do ESO em 1 de Janeiro de 2001, no seguimento de um acordo de cooperação que durou cerca de 10 anos.
), uma equipa de astrónomos europeus observou NGC 1068 (ver notícia de 08/07/2003). Os resultados foram encorajadores, pois foi possível ver detalhes perto do centro deste objecto, o que levou a equipa a utilizar o mesmo instrumento para realizar novas observações de NGC 1068, em Novembro de 2003.
O Observatório Europeu do Sul é uma organização europeia de Astronomia para o estudo do céu austral fundada em 1962. Conta actualmente com a participação de 10 países europeus e ainda do Chile. Portugal tornou-se membro do ESO em 1 de Janeiro de 2001, no seguimento de um acordo de cooperação que durou cerca de 10 anos.
O MIDI é sensível a radiação de comprimento de onda
comprimento de onda
Designa-se por comprimento de onda a distância entre dois pontos sucessivos de amplitude máxima (ou mínima) de uma onda.
perto dos 10 µm, ou seja, na região espectral do chamado infravermelho térmicoDesigna-se por comprimento de onda a distância entre dois pontos sucessivos de amplitude máxima (ou mínima) de uma onda.
infravermelho intermédio
Região do espectro electromagnético compreendida entre os comprimentos de onda de 5 e 40 mícrones. Esta banda permite observar astros ou fenómenos com temperaturas entre 92 e 740 graus Kelvin.
. Ora o material nas regiões mais obscurecidas perto do buraco negro central é aquecido pela radiação ultravioleta e visível. A energia absorvida pelos grãos de poeira é reemitida em comprimentos de onda mais compridos, na região espectral do infravermelhoRegião do espectro electromagnético compreendida entre os comprimentos de onda de 5 e 40 mícrones. Esta banda permite observar astros ou fenómenos com temperaturas entre 92 e 740 graus Kelvin.
infravermelho
Região do espectro electromagnético compreendida entre os comprimentos de onda de 0,7 e 350 mícrones. Esta banda permite observar astros, fenómenos, ou processos físicos com temperaturas entre 10 e 5200 graus Kelvin.
térmico entre os 5 e 100 µm, detectável pelo MIDI.
Região do espectro electromagnético compreendida entre os comprimentos de onda de 0,7 e 350 mícrones. Esta banda permite observar astros, fenómenos, ou processos físicos com temperaturas entre 10 e 5200 graus Kelvin.
A distância entre os dois telescópios de 8,2 m que contribuíram para o interferómetro do VLTI (chamada linha de base) nas observações de Novembro de 2003 foi de 42 m, o que permitiu alcançar uma resolução angular máxima de 0,013 segundos de arco
segundo de arco (")
O segundo de arco (") é uma unidade de medida de ângulos, ou arcos de circunferência, correspondente a 1/60 de minuto de arco, ou seja, 1/3600 de grau.
, que corresponde, à distância a que NGC 1068 se encontra, a cerca de 3 anos-luz. A análise cuidada de todos os dados, incluindo os de Junho de 2003, a resolução espacial conseguida e os espectros obtidos permitiram um estudo pormenorizado da estrutura da região central de NGC 1068, publicado na revista científica Nature.
O segundo de arco (") é uma unidade de medida de ângulos, ou arcos de circunferência, correspondente a 1/60 de minuto de arco, ou seja, 1/3600 de grau.
Os astrónomos detectaram, no centro, a presença de uma nuvem de poeira quente, a cerca de 500°C, com um diâmetro igual, ou menor, à resolução da imagem (aproximadamente 3 anos-luz). À sua volta encontra-se uma região de poeira mais fria, a uma temperatura perto dos 50°C, que mede 11 anos-luz de diâmetro e cerca de 7 anos-luz de espessura. Trata-se, provavelmente, do toro de gás e poeira previsto teoricamente – uma nuvem em forma de disco, que roda à volta do buraco negro. A espessura desta estrutura observada é aproximadamente 65% do seu diâmetro, o que é relevante, pois só pode permanecer estável se sujeita a uma contínua injecção de energia cinética. No entanto, nenhum dos actuais modelos de regiões centrais das galáxias activas providencia uma explicação convincente para este fenómeno.
Os espectros obtidos com o MIDI cobrem o intervalo de comprimentos de onda de 8 a 13,5 µm e providenciam informação sobre a possível composição dos grãos de poeira. O constituinte mais provável é o silicato de cálcio e alumínio (Ca2Al2SiO7), uma espécie que existe em ambientes de temperatura elevada e que também se encontra nas camadas externas da atmosfera
atmosfera
1- Camada gasosa que envolva um planeta ou uma estrela. No caso das estrelas, entende-se por atmosfera as suas camadas mais exteriores. 2- A atmosfera (atm) é uma unidade de pressão equivalente a 101 325 Pa.
de algumas estrelas1- Camada gasosa que envolva um planeta ou uma estrela. No caso das estrelas, entende-se por atmosfera as suas camadas mais exteriores. 2- A atmosfera (atm) é uma unidade de pressão equivalente a 101 325 Pa.
estrela
Uma estrela é um objecto celeste gasoso que gera energia no seu núcleo através de reacções de fusão nuclear. Para que tal possa suceder, é necessário que o objecto possua uma massa superior a 8% da massa do Sol. Existem vários tipos de estrelas, de acordo com as suas temperaturas efectivas, cores, idades e composição química.
supergigantes. Contudo, estas primeiras observações não eliminam conclusivamente outros tipos de poeira sem olivina.
Uma estrela é um objecto celeste gasoso que gera energia no seu núcleo através de reacções de fusão nuclear. Para que tal possa suceder, é necessário que o objecto possua uma massa superior a 8% da massa do Sol. Existem vários tipos de estrelas, de acordo com as suas temperaturas efectivas, cores, idades e composição química.
Estas são as primeiras imagens e espectros obtidos no infravermelho térmico com interferometria
interferometria
A interferometria é uma técnica de observação baseada em padrões de interferência causados pela combinação de ondas electromagnéticas: quando duas ondas estão em fase, o sinal é mais forte e diz-se que a interferência é construtiva; quando as duas ondas estão exactamente fora de fase, a interferência é destrutiva e não há sinal.
de longa linha de base, de um objecto extragalácticoA interferometria é uma técnica de observação baseada em padrões de interferência causados pela combinação de ondas electromagnéticas: quando duas ondas estão em fase, o sinal é mais forte e diz-se que a interferência é construtiva; quando as duas ondas estão exactamente fora de fase, a interferência é destrutiva e não há sinal.
extragaláctico
Em Astrofísica, qualquer domínio de investigação que envolva o estudo de objectos celestes que se encontram para além da nossa própria galáxia é designado por extragaláctico.
. Revelaram-se essenciais para o estudo das estruturas de gás e poeira que circundam e alimentam os buracos negros de massa elevada. Segundo W. Jaffe (Observatório de Leiden), primeiro autor do artigo sobre as observações realizadas com o MIDI, estes primeiros resultados mostram que ainda estamos longe de compreender o que se passa perto do centro destes núcleos activos.
Em Astrofísica, qualquer domínio de investigação que envolva o estudo de objectos celestes que se encontram para além da nossa própria galáxia é designado por extragaláctico.
Fonte da notícia: http://www.eso.org/outreach/press-rel/pr-2004/pr-10-04.html