Espectáculo de luzes produzido por SN 1987A

2004-04-08

SN 1987A observada 17 anos após a explosão de supernova. A imagem foi obtida pela câmara ACS do telescópio Espacial Hubble. Crédito: NASA, P. Challis, R. Kirshner (Harvard-Smithsonian Center for Astrophysics) and B. Sugerman (STScI).
A 23 de Fevereiro de 1987 foi detectada a explosão de uma supernova
supernova
Uma supernova é a explosão de uma estrela no final da sua vida. As explosões de supernova são de tal forma violentas e luminosas que o seu brilho pode ultrapassar o brilho de uma galáxia inteira. Existem dois tipos principais de supernova: as supernovas Tipo Ia, que resultam da explosão duma estrela anã branca que, no seio de um sistema binário, rouba matéria da estrela companheira até a sua massa atingir o limite de Chandrasekhar e então colapsa; e as supernovas Tipo II, que resultam da explosão de uma estrela isolada de massa elevada (com massa superior a cerca de 4 vezes a massa do Sol) que esgotou o seu combustível nuclear e expeliu as suas camadas externas, restando apenas um objecto compacto (uma estrela de neutrões ou um buraco negro).
na Grande Nuvem de Magalhães
Grande Nuvem de Magalhães
A Grande Nuvem de Magalhães é uma galáxia irregular que orbita a Via Láctea, a uma distância aproximada de 180 mil anos-luz. Juntamente com a Pequena Nuvem de Magalhães, é um objecto celeste do céu austral bem visível à vista desarmada, na constelação do Dorado (Espadarte). Conhecida desde 964 D.C., quando foi mencionada pelo astrónomo Persa Al Sufi, foi redescoberta por Fernão de Magalhães em 1519. Esta galáxia contém inúmeros objectos interessantes, entre os quais a Nebulosa da Tarântula (NGC 2070).
, que recebeu o nome de SN 1987A. Devido à sua proximidade, esta é a supernova mais estudada desde sempre. Durante meses, SN 1987A brilhou com a potência de 100 000 000 de sóis, sendo a supernova mais brilhante observada desde a supernova de Kepler, há 400 anos. O brilho
brilho
O brilho de um astro refere-se à quantidade de luz que dele provém, ou seja, a quantidade de energia por ele emitida por unidade de área por unidade de tempo. Dado que o brilho observado, ou medido, depende da distância ao objecto, distingue-se o brilho aparente (quando medido a uma determinada distância), do brilho intrínseco (conceptualmente medido na supefície do próprio astro).
de SN 1987A teve o seu máximo em Maio de 1987, tendo vindo desde então a diminuir, sendo hoje um milhão de vezes menos brilhante do que há 17 anos.

A 28 de Novembro de 2003, o Telescópio Espacial Hubble
Hubble Space Telescope (HST)
O Telescópio Espacial Hubble é um telescópio espacial que foi colocado em órbita da Terra em 1990 pela NASA, em colaboração com a ESA. A sua posição acima da atmosfera terrestre permite-lhe observar os objectos astronómicos com uma qualidade ímpar.
(NASA
National Aeronautics and Space Administration (NASA)
Entidade norte-americana, fundada em 1958, que gere e executa os programas espaciais dos Estados Unidos da América.
/ESA
European Space Agency (ESA)
A Agência Espacial Europeia foi fundada em 1975 e actualmente conta com 15 países membros, incluindo Portugal.
) obteve com a sua câmara ACS a imagem que apresentamos aqui ao lado. Distinguem-se muitos pontos brilhantes ao longo de um anel de gás, lembrando as pérolas de um colar. Estas pérolas cósmicas estão a ser produzidas à medida que uma onda de choque
onda de choque
Uma onda de choque é uma variação brusca da pressão, temperatura e densidade de um fluído, que se desenvolve quando a velocidade de deslocação do fluído excede a velocidade de propagação do som.
supersónica, libertada durante a explosão da supernova, vai de encontro ao anel de gás, a mais de 1,5 milhões de quilómetros por hora. A colisão aquece o gás do anel, o que leva as regiões mais interiores a brilharem, dando origem aos “pontos quentes”.

Os astrónomos detectaram o primeiro “ponto quente” em 1996, mas agora são visíveis dezenas deles ao longo do anel. A sua temperatura vai desde alguns milhares até um milhão de graus. Durante os próximos anos, à medida que o gás absorve toda a força do impacto da onda de choque, aparecerão mais pontos quentes. Quando o anel se encontrar todo a brilhar, o espaço à volta do que resta da estrela
estrela
Uma estrela é um objecto celeste gasoso que gera energia no seu núcleo através de reacções de fusão nuclear. Para que tal possa suceder, é necessário que o objecto possua uma massa superior a 8% da massa do Sol. Existem vários tipos de estrelas, de acordo com as suas temperaturas efectivas, cores, idades e composição química.
central ficará iluminado, permitindo aos astrónomos estudar o material ejectado pela estrela antes da explosão.

No centro do anel, distingue-se um objecto alongado e em expansão. Trata-se dos restos da explosão da supernova, que brilha por estar a ser aquecido por elementos químicos
elemento químico
Elemento composto por um único tipo de átomos. Os elementos químicos constituem a Tabela Periódica.
radioactivos, principalmente titânio 44, que foram criados durante a explosão da supernova.

O anel, com cerca de um ano-luz
ano-luz (al)
O ano-luz (al) é uma unidade de distância igual a 9,467305 x 1012 km, que corresponde à distância percorrida pela luz, no vácuo, durante um ano.
de diâmetro, já existia quando a estrela explodiu. Os astrónomos acreditam que a estrela ejectou o material que formou o anel cerca de 20000 anos antes de explodir como supernova.

Desde o seu lançamento em 1990 que o Telescópio Espacial Hubble tem acompanhado o desenrolar do drama desta supernova.

Fonte da notícia: http://hubblesite.org/newscenter/newsdesk/archive/releases/2004/09/image/a