Se é verdade que cometas que embatem na Terra podem provocar desastres ecológicos e trágicos, incluindo a extinção de espécies e alterações climáticas drásticas, também é possível que o mesmo embate disperse a Vida da Terra às mais distantes partes da Galáxia!

Segundo cientistas do Centro para a Astrobiologia da Universidade de Cardiff (Reino Unido), o impacto de um cometa suficientemente grande pode atirar material que contém microrganismos para fora da atmosfera terrestre. Parte desse material lançado para o espaço ficará esterilizado devido ao calor e à radiação, mas estes cientistas acreditam que uma fracção significativa sobreviverá. À medida que a Terra e o Sistema Solar rodam à volta da Galáxia, uma volta em cada 240 milhões de anos, este material enriquecido com bactérias poderá infectar centenas de milhões de sistemas planetários em formação que encontra pelo caminho. A transferência de Vida da Terra para a Galáxia torna-se assim inevitável.

Estas ideias são discutidas em dois artigos publicados pela revista da especialidade Monthly Notices of the Royal Astronomical Society, sendo um dos artigos da autoria de C. Wickramasinghe e M. Wallis, e o outro, de B. Napier.

Sabe-se que material contendo microrganismos, como pedras e seixos, pode ser arrancado da Terra e lançado para o espaço interplanetário devido ao impacto de um cometa. O estudo realizado por Napier concluiu que o material ejectado será rapidamente erodido para fragmentos muito menores devido a colisões com poeira interplanetária. Estes pequenos fragmentos que contêm a Vida podem ser encaminhados para fora do Sistema Solar ao fim de alguns anos pela pressão de radiação solar.

O Sistema Solar pode então estar envolto por um ?biodisco? em expansão, com 30 ou mais anos-luz de diâmetro, de microrganismos dormentes preservados em pequenos fragmentos de rocha. Durante o curso da história da Terra, poderá ter havido algumas dezenas de encontros com nebulosas de formação de estrelas, durante os quais os micróbios podem ter sido injectados directamente para os sistemas planetários jovens.

Se planetas capazes de sustentar Vida forem suficientemente comuns na Galáxia, estes estudos concluem que mais de 10000 milhões de planetas podem ter sido infectados por este mecanismo durante a vida da nossa Galáxia!

Wallis e Wickramasinghe também identificaram outra potencial via interstelar de transmissão de Vida. Se material fértil da Terra for ejectado para o espaço interplanetário devido a um impacto, pode agregar-se nas camadas superficiais dos cometas gelados, protegendo-se da radiação. Ora, a cintura de Edgeworth-Kuiper é o maior recipiente de cometas do nosso Sistema Solar e encontra-se perto dos limites externos deste. Gradualmente, alguns cometas podem escapar-se para o espaço interstelar e alcançar discos protoplanetários e nebulosas de formação de estrelas. Aí, os cometas serão destruídos por colisões e pela erosão, libertando os microrganismos que estiverem na superfície dos cometas e plantando a Vida em sistemas planetários.

As teorias sobre vias interstelares para a transmissão de microrganismos aceitam a ideia que a Vida pode não ter tido origem na Terra, mas tenha chegado à Terra vinda de outro lado, fortalecendo a Teoria da Panspermia, que Wickramasinghe e o falecido Sir Fred Hoyle têm desenvolvido desde 1974.

Fonte da notícia: http://www.cardiff.ac.uk/news/releases/0402/040209.html