As Plêiades (M 45), um dos objectos celestes mais famosos do céu nocturno, é um enxame aberto de estrelas na constelação do Touro, que se estende por uma área 3 vezes maior do que a Lua Cheia. Das milhares de estrelas que constituem este enxame, são conhecidas desde a Antiguidade as estrelas Atlas, a sua “esposa” Pleione e as suas sete filhas, que dão origem ao nome pelo qual o enxame também é designado: “As Sete Irmãs”. Na edição de 22 de Janeiro da revista científica Nature, um grupo de astrónomos do Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caltech) e do Laboratório de Propulsão a Jacto (JPL), liderado por Xiao Pei Pan (JPL), anunciou que determinou a distância a Atlas, um sistema binário de estrelas pertencente a M 45, com a maior precisão de sempre: Atlas situa-se entre 434 e 446 anos-luz da Terra.

O novo resultado é extremamente útil para o melhoramento da escala de distância cósmica, assim como para resolver uma controvérsia causada pela determinação da distância a este enxame pela missão Hipparcos (ESA). O Hipparcos obteve uma distância às Plêiades muito menor do que a que anteriormente se assumia, a ponto de pôr em causa os modelos teóricos do ciclo de vida das estrelas. Esta contradição deve-se à relação das leis da física entre a luminosidade e a distância: uma lâmpada de 100 watt, a um quilómetro de distância, é tão brilhante quanto um lâmpada de 25 watt, a meio quilómetro de distância. Ou seja, para decifrar a potência de um lâmpada que se encontra a uma certa distância, precisamos de medir essa distância. Da mesma forma, também temos de saber a distância a uma estrela para determinar a sua luminosidade (o equivalente à potência da estrela). Ora, os modelos teóricos da estrutura interna das estrelas e das reacções nucleares de estrelas de massa conhecida também prevêem a luminosidade das estrelas, de modo que a teoria e as medições podem ser confrontadas.

Acontece que a distância calculada com os dados observacionais do Hipparcos, de 400 anos-luz, era menor do que a assumida nos modelos teóricos, sugerindo que, ou as medições do Hipparcos estavam erradas, ou havia algo de errado com os modelos teóricos do ciclo de vida das estrelas. Agora, os novos resultados vêm dar razão aos modelos de evolução estelar. Claro que este resultado não põe em causa a missão Hipparcos

Hipparcos
O Hipparcos foi uma missão da Agência Espacial Europeia (ESA), lançada em Agosto de 1989 e terminada em Agosto de 1993. Esta foi a primeira missão espacial astrométrica, isto é, para medir posições, distâncias, movimentos, luminosidades e cores das estrelas. O Hipparcos observou mais de 100000 estrelas com uma grande precisão, influenciando todos os ramos da Astronomia. O producto mais directo da missão é um conjunto de catálogos estelares - o Catálogo de Hipparcos e o Catálogo de Tycho - publicados pela ESA em 1997.

, mas alerta para eventuais problemas.

A medição da distância obtida neste estudo deriva de observações cuidadosas da órbita de Atlas e da sua companheira – uma relação binária que só foi conclusivamente demonstrada em 1974. Utilizando os dados do interferómetro ISI (Observatório do Monte Wilson, EUA) e do interferómetro PTI (Observatório de Palomar, EUA), a equipa determinou com precisão a órbita do sistema binário. Conhecendo o período orbital e utilizando as leis da mecânica, os astrónomos inferiram a distância entre os dois corpos e, com esta informação, calcularam a distância do sistema binário à Terra.

Fonte da notícia: http://sulaco.caltech.edu/emp/Media/Press_Releases/PR12480.html