Astrónomos observam a estrela mais luminosa e de maior massa de sempre
2004-01-20
Ilustração comparando LBV 1806-20, que talvez seja a estrela mais luminosa e de maior massa que se conhece, com o Sol. Os astrónomos determinaram que LBV 1806-20 tem pelo menos 150 vezes a massa do Sol e a sua luminosidade é 5 milhões de vezes a do Sol. Crédito: University of Florida/Meghan Kennedy.
estrela
Uma estrela é um objecto celeste gasoso que gera energia no seu núcleo através de reacções de fusão nuclear. Para que tal possa suceder, é necessário que o objecto possua uma massa superior a 8% da massa do Sol. Existem vários tipos de estrelas, de acordo com as suas temperaturas efectivas, cores, idades e composição química.
LBV 1806-20 é entre 5 milhões a 40 milhões de vezes mais luminosa do que o SolUma estrela é um objecto celeste gasoso que gera energia no seu núcleo através de reacções de fusão nuclear. Para que tal possa suceder, é necessário que o objecto possua uma massa superior a 8% da massa do Sol. Existem vários tipos de estrelas, de acordo com as suas temperaturas efectivas, cores, idades e composição química.
Sol
O Sol é a estrela nossa vizinha, que se encontra no centro do Sistema Solar. Trata-se de uma estrela anã adulta (dita da sequência principal) de classe espectral G. A temperatura na sua superfície é aproximadamente 5800 graus centígrados e o seu raio atinge os 700 mil quilómetros.
. Até agora, a estrela considerada a mais luminosa era a estrela Pistola, que é 5 a 6 milhões de vezes mais luminosa do que o Sol.
O Sol é a estrela nossa vizinha, que se encontra no centro do Sistema Solar. Trata-se de uma estrela anã adulta (dita da sequência principal) de classe espectral G. A temperatura na sua superfície é aproximadamente 5800 graus centígrados e o seu raio atinge os 700 mil quilómetros.
Embora seja extremamente luminosa, LBV 1806-20 não é facilmente observável, pois encontra-se a 45000 anos-luz
ano-luz (al)
O ano-luz (al) é uma unidade de distância igual a 9,467305 x 1012 km, que corresponde à distância percorrida pela luz, no vácuo, durante um ano.
de distância de nós, do outro lado da GaláxiaO ano-luz (al) é uma unidade de distância igual a 9,467305 x 1012 km, que corresponde à distância percorrida pela luz, no vácuo, durante um ano.
Via Láctea
A Via Láctea é a galáxia de que faz parte o nosso Sistema Solar. Trata-se de uma galáxia espiral gigante, com um diâmetro de cerca de 160 mil anos-luz e uma massa da ordem de 100 mil milhões de vezes a massa do Sol.
, e a luz que emite é absorvida pelo material interestelar que nos separa – a sua detecção foi feita com observações no infravermelhoA Via Láctea é a galáxia de que faz parte o nosso Sistema Solar. Trata-se de uma galáxia espiral gigante, com um diâmetro de cerca de 160 mil anos-luz e uma massa da ordem de 100 mil milhões de vezes a massa do Sol.
infravermelho
Região do espectro electromagnético compreendida entre os comprimentos de onda de 0,7 e 350 mícrones. Esta banda permite observar astros, fenómenos, ou processos físicos com temperaturas entre 10 e 5200 graus Kelvin.
, que é uma região do espectro electromagnéticoRegião do espectro electromagnético compreendida entre os comprimentos de onda de 0,7 e 350 mícrones. Esta banda permite observar astros, fenómenos, ou processos físicos com temperaturas entre 10 e 5200 graus Kelvin.
espectro electromagnético
O espectro electromagnético é a gama completa de comprimentos de onda da radiação electromagnética. Divide-se usualmente nas bandas dos raios gama, raios-X, ultravioleta, visível, infravermelho, submilímetro, milímetro, microondas (comprimentos de onda da ordem do centímetro) e rádio (comprimentos de onda superiores ao metro).
que penetra mais profundamente a poeira interestelarO espectro electromagnético é a gama completa de comprimentos de onda da radiação electromagnética. Divide-se usualmente nas bandas dos raios gama, raios-X, ultravioleta, visível, infravermelho, submilímetro, milímetro, microondas (comprimentos de onda da ordem do centímetro) e rádio (comprimentos de onda superiores ao metro).
poeira interestelar
A poeira interestelar é constituído por minúsculas partículas sólidas, com diâmetros da ordem dos mícrones, existentes no meio interestelar.
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A poeira interestelar é constituído por minúsculas partículas sólidas, com diâmetros da ordem dos mícrones, existentes no meio interestelar.
Os astrónomos conhecem LBV 1806-20 desde 1990, quando foi identificada como um estrela variável azul luminosa – um tipo de estrela relativamente raro, caracterizada por ser uma estrela muito quente (daí ser azul) e luminosa, de massa
massa
A massa é uma medida da quantidade de matéria de um dado corpo.
elevada e que exibe variabilidade. LBV 1806-20 tem, provavelmente, mais de 150 vezes a massa do SolA massa é uma medida da quantidade de matéria de um dado corpo.
massa solar
Massa solar é a quantidade de massa existente no Sol e, simultaneamente, a unidade na qual os astrónomos exprimem as massas das estrelas, nebulosas e galáxias. Uma massa solar é igual a 1,989x1030 kg.
e a sua idade estima-se em 2 milhões de anos; compare-se com o Sol, por exemplo, que tem 5 mil milhões de anos.
Massa solar é a quantidade de massa existente no Sol e, simultaneamente, a unidade na qual os astrónomos exprimem as massas das estrelas, nebulosas e galáxias. Uma massa solar é igual a 1,989x1030 kg.
A equipa utilizou imagens obtidas com a câmara de infravermelhos no Telescópio Hale (Caltech) de 5 m, no Monte Palomar (EUA), para determinar a massa e a luminosidade
luminosidade
A luminosidade (L) é a quantidade de energia que um objecto celeste emite por unidade de tempo e em determinado comprimento de onda, ou em determinada banda de comprimentos de onda.
da estrela. Com observações adicionais realizadas com o Telescópio Blanco de 4 metros (NOAOA luminosidade (L) é a quantidade de energia que um objecto celeste emite por unidade de tempo e em determinado comprimento de onda, ou em determinada banda de comprimentos de onda.
National Optical Astronomy Observatory (NOAO)
O Observatório Nacional de Astronomia no Óptico norte-americano (NOAO) foi formado em 1982 para consolidar os observatórios nacionais de Kitt Peak (Arizona), de Cerro Tololo (Chile) e Solar (Arizona). Mais recentemente, o Observatório Nacional Solar tornou-se independente. O NOAO é também o representante norte-americano no projecto internacional do Observatório Gemini. O NOAO é financiado pela NSF e operado pela AURA.
/AURA), no Observatório de Cerro Tololo (Chile), determinaram ainda a distância a LBV 1806-20, a sua temperatura à superfície e a extinção da luz infravermelha emitida por LBV 1806-20 provocada pelo meio interestelarO Observatório Nacional de Astronomia no Óptico norte-americano (NOAO) foi formado em 1982 para consolidar os observatórios nacionais de Kitt Peak (Arizona), de Cerro Tololo (Chile) e Solar (Arizona). Mais recentemente, o Observatório Nacional Solar tornou-se independente. O NOAO é também o representante norte-americano no projecto internacional do Observatório Gemini. O NOAO é financiado pela NSF e operado pela AURA.
meio interestelar
O meio interestelar é constituído por toda a matéria existente no espaço entre as estrelas. Cerca de 99% da matéria interestelar é composta por gás, sendo os restantes 1% dominados pela poeira. A massa total do gás e da poeira do meio interestelar é cerca de 15% da massa total da matéria observável da nossa galáxia, a Via Láctea. A matéria do meio interestelar existe em diferentes regimes de densidade e temperatura, como por exemplo as nuvens moleculares (frias e densas) ou o gás ionizado (quente e ténue).
. Todas estas medições contribuíram para determinar a luminosidade da estrela.
O meio interestelar é constituído por toda a matéria existente no espaço entre as estrelas. Cerca de 99% da matéria interestelar é composta por gás, sendo os restantes 1% dominados pela poeira. A massa total do gás e da poeira do meio interestelar é cerca de 15% da massa total da matéria observável da nossa galáxia, a Via Láctea. A matéria do meio interestelar existe em diferentes regimes de densidade e temperatura, como por exemplo as nuvens moleculares (frias e densas) ou o gás ionizado (quente e ténue).
Contudo, um dos problemas em determinar a massa e a luminosidade de estrelas muito luminosas que se encontram a grandes distâncias é a dificuldade em confirmar que se trata apenas de uma estrela isolada e não de um sistema múltiplo. As observações, embora de altíssima resolução, deixam ainda em aberto a possibilidade de se tratar de uma colecção de algumas estrelas numa órbita
órbita
A órbita de um corpo em movimento é a trajectória que o corpo percorre no espaço.
apertada, sendo necessárias mais observações para estabelecer a singularidade da estrela.
A órbita de um corpo em movimento é a trajectória que o corpo percorre no espaço.
Tomando-a como estrela única, um dos mistérios de LBV 1806-20 é o processo pelo qual conseguiu formar-se com uma massa tão elevada. Actualmente as teorias de formação de estrelas sugerem que as estrelas devem estar limitadas até cerca de 120 massas solares, pois o calor
calor
O calor é energia em trânsito entre dois corpos ou sistemas.
e a pressão do centro destas estrelas enormes afastam a matéria da sua superfície, impedindo a acreçãoO calor é energia em trânsito entre dois corpos ou sistemas.
acreção
Designa-se por acreção a acumulação de matéria (gás e poeira) para um astro central, como por exemplo um buraco negro, uma estrela, uma galáxia, ou um planeta.
de mais massa. Uma possibilidade é LBV 1806-20 ter sido formada a partir de um processo chamado de "formação de estrelas por choque induzido", que ocorre quando uma supernovaDesigna-se por acreção a acumulação de matéria (gás e poeira) para um astro central, como por exemplo um buraco negro, uma estrela, uma galáxia, ou um planeta.
supernova
Uma supernova é a explosão de uma estrela no final da sua vida. As explosões de supernova são de tal forma violentas e luminosas que o seu brilho pode ultrapassar o brilho de uma galáxia inteira. Existem dois tipos principais de supernova: as supernovas Tipo Ia, que resultam da explosão duma estrela anã branca que, no seio de um sistema binário, rouba matéria da estrela companheira até a sua massa atingir o limite de Chandrasekhar e então colapsa; e as supernovas Tipo II, que resultam da explosão de uma estrela isolada de massa elevada (com massa superior a cerca de 4 vezes a massa do Sol) que esgotou o seu combustível nuclear e expeliu as suas camadas externas, restando apenas um objecto compacto (uma estrela de neutrões ou um buraco negro).
explode e induz a formação de uma ou mais estrelas de massa elevada numa nuvem molecularUma supernova é a explosão de uma estrela no final da sua vida. As explosões de supernova são de tal forma violentas e luminosas que o seu brilho pode ultrapassar o brilho de uma galáxia inteira. Existem dois tipos principais de supernova: as supernovas Tipo Ia, que resultam da explosão duma estrela anã branca que, no seio de um sistema binário, rouba matéria da estrela companheira até a sua massa atingir o limite de Chandrasekhar e então colapsa; e as supernovas Tipo II, que resultam da explosão de uma estrela isolada de massa elevada (com massa superior a cerca de 4 vezes a massa do Sol) que esgotou o seu combustível nuclear e expeliu as suas camadas externas, restando apenas um objecto compacto (uma estrela de neutrões ou um buraco negro).
nuvem molecular
As nuvens moleculares são nebulosas constituídas predominantemente por hidrogénio molecular.
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As nuvens moleculares são nebulosas constituídas predominantemente por hidrogénio molecular.
A sua massa elevadíssima não é a única característica peculiar da estrela. LBV 1806-20 está localizada num pequeno enxame de estrelas onde se encontra uma estrela muito rara (só se conhecem quatro deste tipo em toda a Galáxia!): uma repetidora de raios gama
raios gama
Os raios gama são a componente mais energética e mais penetrante de toda a radiação electromagnética. Os fotões gama possuem energias elevadíssimas, tipicamente superiores a 10 keV, às quais correspondem comprimentos de onda inferiores a umas décimas do Ångstrom. Este tipo de radiação é, por exemplo, emitido espontaneamente por núcleos atómicos de algumas substâncias radioactivas.
molesOs raios gama são a componente mais energética e mais penetrante de toda a radiação electromagnética. Os fotões gama possuem energias elevadíssimas, tipicamente superiores a 10 keV, às quais correspondem comprimentos de onda inferiores a umas décimas do Ångstrom. Este tipo de radiação é, por exemplo, emitido espontaneamente por núcleos atómicos de algumas substâncias radioactivas.
mole (mol)
A mole (mol) é a unidade fundamental SI de quantidade de matéria e é equivalente à quantidade de matéria que contém tantas entidades elementares quantos os átomos que existem em 0,012 kg de carbono-12.
(soft gamma ray repeater), que é uma estrela de neutrõesA mole (mol) é a unidade fundamental SI de quantidade de matéria e é equivalente à quantidade de matéria que contém tantas entidades elementares quantos os átomos que existem em 0,012 kg de carbono-12.
estrela de neutrões
Uma estrela de neutrões é o remanescente de uma estrela de massa elevada que explodiu como supernova. Trata-se de um objecto muito compacto constituído essencialmente por neutrões, com apenas cerca de 10 a 20 km de diâmetro, uma densidade média entre 1013 e 1015 g/cm3, uma temperatura central de 109 graus e um intenso campo magnético de 1012 gauss.
magnética peculiar. Com um campo magnéticoUma estrela de neutrões é o remanescente de uma estrela de massa elevada que explodiu como supernova. Trata-se de um objecto muito compacto constituído essencialmente por neutrões, com apenas cerca de 10 a 20 km de diâmetro, uma densidade média entre 1013 e 1015 g/cm3, uma temperatura central de 109 graus e um intenso campo magnético de 1012 gauss.
campo magnético
O campo magnético é a região em torno de um corpo na qual é detectada uma força magnética. Os campos magnéticos actuam apenas em partículas electricamente carregadas. Campos magnéticos fracos são por exemplo gerados por efeito de dínamo no interior dos planetas e luas, enquanto que campos magnéticos mil milhões de vezes mais fortes podem ser gerados em estrelas e galáxias. Os campos magnéticos são capazes de controlar o movimento de gás ionizado e até moldar a forma dos corpos por eles actuados.
centenas de biliões de vezes mais intenso do que o campo magnético da Terra, esta estrela ganhou o seu nome de repetidora de raios gama moles devido às suas fulguraçõesO campo magnético é a região em torno de um corpo na qual é detectada uma força magnética. Os campos magnéticos actuam apenas em partículas electricamente carregadas. Campos magnéticos fracos são por exemplo gerados por efeito de dínamo no interior dos planetas e luas, enquanto que campos magnéticos mil milhões de vezes mais fortes podem ser gerados em estrelas e galáxias. Os campos magnéticos são capazes de controlar o movimento de gás ionizado e até moldar a forma dos corpos por eles actuados.
fulguração
Uma fulguração é uma libertação de energia de forma explosiva da qual resulta um aumento rápido do brilho do astro no qual ocorre. São exemplo deste tipo de fenómenos as fulgurações solares, associadas às manchas solares, bem como as fulgurações de raios-X, que ocorrem em estrelas de neutrões, e de raios gama, que se sabe estarem relacionadas com as explosões de supernova.
periódicas de raios gama. Pensa-se ainda que o enxame possui também uma estrela em formação, ou recentemente formada.
Uma fulguração é uma libertação de energia de forma explosiva da qual resulta um aumento rápido do brilho do astro no qual ocorre. São exemplo deste tipo de fenómenos as fulgurações solares, associadas às manchas solares, bem como as fulgurações de raios-X, que ocorrem em estrelas de neutrões, e de raios gama, que se sabe estarem relacionadas com as explosões de supernova.
A presença de estrelas tão diferentes como a variável azul luminosa, a repetidora de raios gama moles e uma estrela ainda em formação é um exemplo de que as estrelas num enxame não se formam todas ao mesmo tempo, nem mesmo num aglomerado pequeno.
Fonte da notícia: http://www.napa.ufl.edu/2004news/bigbrightstar.htm