Vega é a quinta estrela mais brilhante do céu e encontra-se a apenas 25 anos-luz do Sol na direcção da Lira. Estudos anteriores (ver, por exemplo, notícia de 18/01/2002 neste Portal) sugeriram um possível planeta à volta desta nossa vizinha. Mas agora, uma equipa de astrónomos do Centro de Tecnologia em Astronomia do Observatório Real de Edimburgo (PPARC), no Reino Unido, reuniu novas evidências que mostram que o sistema planetário à volta de Vega é o sistema até agora descoberto mais semelhante ao nosso Sistema Solar. Os mais de cem planetas extra-solares descobertos até hoje são planetas gigantes gasosos, do tipo Júpiter, que orbitam muito próximo da sua estrela central - um cenário bastante diferente do que se passa no nosso próprio Sistema Solar.

O novo estudo de Vega foi realizado utilizando novas técnicas de computação para modelar o disco de poeira que existe à volta de Vega. Os modelos, descritos num artigo publicado na revista científica The Astrophysical Journal, baseiam-se em observações obtidas com a câmara de submilímetro SCUBA (PPARC), operada no Telescópio James Clerk Maxwell, no Havai (EUA). A imagem do SCUBA mostra um disco de poeira muito fria, a uma temperatura de -180°C, em órbita à volta da estrela.

A modelação do disco de poeira de Vega mostrou que a estrutura observada é melhor explicada por um planeta do tipo Neptuno a orbitar Vega a uma distância semelhante à que Neptuno orbita o Sol. Esta órbita é suficientemente grande para que dentro dela se encontrem pequenos planetas terrestres semelhantes à Terra.

A forma irregular do disco de poeira é o indicador mais forte da existência de planetas à volta de Vega. Embora os planetas não sejam observados directamente, o seu movimento orbital cria zonas de maior densidade de poeira no disco. Os modelos sugerem que o planeta do tipo Neptuno formou-se mais próximo da estrela central do que ele se encontra actualmente, e que terá sido afastado para a posição em que se encontra num processo que terá durado cerca de 56 milhões de anos. Com ele, muitos cometas também terão sido varridos para órbitas mais afastadas, criando zonas de maior densidade de poeira no disco.

Pensa-se que esse mesmo processo terá acontecido no nosso Sistema Solar - Neptuno terá sido afastado do Sol devido à presença de Júpiter, que orbita mais próximo do Sol. Para além de possuir um planeta tipo Neptuno, Vega poderá também ter um planeta de maior massa, tipo Júpiter, numa órbita mais apertada.

Este modelo pode ser testado de duas maneiras. Por um lado, o modelo prevê que as zonas densas no disco de poeira rodem à volta da estrela uma vez em cada trezentos anos. Então, se voltarmos a observar dentro de alguns anos, deveremos detectar o movimento dessas zonas densas. Por outro lado, o modelo prevê a estrutura detalhada dessas zonas densas de poeira, que poderá ser confirmada com a próxima geração de telescópios e câmaras.

Paradoxalmente, Vega, facilmente visível a olho nu, quase não aparece na imagem de SCUBA porque é demasiado quente para ser detectada com este tipo de detector. Vega tem um diâmetro três vezes maior do que o Sol e é 58 vezes mais luminosa. Juntamente com Deneb e Altair, forma o triângulo de Verão.

Fonte da notícia: http://www.pparc.ac.uk/Nw/vega_planet.asp