Olivina indica que Marte possui atmosfera seca

2004-01-07

Composição da olivina detectada na região Nili Fossæ em Marte. Parece haver uma maior concentração de óxido de Ferro na olivina na região noroeste. A região destacada no quadrado possui uma largura de cerca de 280 km. Crédito: NASA/USGS.
De acordo com um novo estudo, publicado recentemente na revista Science, a existência de um mineral comum designado por olivina, de cor esverdeada, na superfície de Marte
Marte
Marte é o quarto planeta do Sistema Solar, a contar do Sol. É o último dos chamados planetas interiores. O seu diâmetro é cerca de 50% mais pequeno do que o da Terra e possui uma superfície avermelhada, sendo também conhecido como planeta vermelho.
sugere que a atmosfera
atmosfera
1- Camada gasosa que envolva um planeta ou uma estrela. No caso das estrelas, entende-se por atmosfera as suas camadas mais exteriores. 2- A atmosfera (atm) é uma unidade de pressão equivalente a 101 325 Pa.
do planeta
planeta
Um planeta é um objecto que se forma no disco que circunda uma estrela em formação e cuja massa é superior à de Plutão (1/500 da massa da Terra) e inferior a 10 vezes a massa de Júpiter. Ao contrário das estrelas, os planetas não produzem luz, apenas reflectem a luz da estrela que orbitam.
pode ter permanecido muito fria e seca nos últimos mil milhões de anos, altura em que o mineral terá sido exposto.

Todd Hoefen, um geofísico envolvido no U.S. Geological Survey (USGS), liderou uma equipa de investigadores do USGS, da Universidade Estatal do Arizona e da NASA
National Aeronautics and Space Administration (NASA)
Entidade norte-americana, fundada em 1958, que gere e executa os programas espaciais dos Estados Unidos da América.
, que encontrou grandes quantidades de olivina em determinados locais de Marte. Estes dados foram obtidos a partir do Thermal Emission Spectrometer (TES), ou Espectrómetro de Emissão Térmica, a bordo da sonda Mars Global Surveyor (MGS), da NASA.

A olivina, um mineral transparente de cor verde, observado em muitas rochas contendo magnésio e ferro, é fortemente susceptível ao processamento químico pelas condições climatéricas, transformando-se noutros minerais (hematite, serpentite, clorite, entre outros) na presença de água líquida. Contudo, com a excepção da hematite, que dá a cor avermelhada à superfície de Marte, nenhum dos outros minerais foi até hoje ali encontrado, em escalas da ordem do quilómetro.

A equipa de investigação detectou uma região com 30 mil quilómetros quadrados rica em olivina, na região Nili Fossæ, perfazendo cerca de 0,02% da área total da superfície de Marte. Nili Fossæ tem sido interpretada como sendo uma região de longas depressões entre falhas geológicas e fracturas relacionadas com a formação da bacia de impacto
bacia de impacto
Uma bacia é uma planície com uma depressão na qual se podem acumular por exemplo água, sedimentos, lava, ou gelos. Em Astronomia, uma bacia (dita de impacto) é uma cratera de impacto cujos bordos podem estar bem ou mal definidos.
Isidis, onde falhas provocadas pelo impacto terão provavelmente exposto a olivina aí existente de forma abundante. Também se encontraram pequenos depósitos de olivina um pouco por todo o planeta, o que indica que a superfície de Marte é, pelo menos regionalmente, dominada por processos vulcânicos.

O facto de tanta olivina ter sido exposta à superfície, na região Nili Fossæ, indica que ocorreu pouca ou nenhuma alteração devido à água, ou seja, não terão ocorrido reacções químicas entre água líquida e minerais. A idade absoluta da superfície é de certa forma incerta, mas é provavelmente superior a 3 mil milhões de anos, com base nas melhores estimativas actuais. Contudo, se tal superfície foi exposta mais recentemente, não seria de esperar que a olivina sofresse alterações químicas, dadas as actuais condições da atmosfera em Marte, muito fria e seca.

Este resultado será investigado com mais detalhe pela sonda Mars Reconnaissance Orbiter (NASA), que deverá partir para Marte em 2005.

Fonte da notícia: http://www.gsfc.nasa.gov/topstory/2003/1022olivine.html