Estaremos sós no Universo? Na ausência, até à data, de sinais rádio provenientes de outras civilizações, como poderemos nós saber se mundos distantes albergam alguma forma de vida? A descoberta de mais de 70 planetas fora do nosso sistema solar em menos de uma década não só nos trouxe um novo olhar sobre a questão da busca de vida no Universo, como a tornou numa questão imediata.

Os cientistas acreditam que a melhor aposta será a de construir instrumentos capazes de detectar a assinatura química da presença de vida. De entre as espécies químicas que constituem uma assinatura da existência de vida, encontramos o oxigénio que, aqui na Terra, resulta do processo de fotosíntese. Contudo, as moléculas de oxigénio não permanecem muito tempo na atmosfera pois, sendo o oxigénio extremamente reactivo, combinam-se rapidamente com outras moléculas, num processo designado por oxidação. O ozono, sendo um resultado deste tipo de processos, é talvez um indicador da presença de vida ainda mais importante que o oxigénio pois é mais fácil de detectar. No entanto, no caso da Terra, a molécula de ozono é destruída pela radiação ultravioleta do Sol. Assim, um planeta com uma atmosfera rica em oxigénio ou ozono implica necessariamente que haja um ciclo permanente de reabastecimento destas moléculas na sua atmosfera, sendo a existência de vida um excelente candidato.

No entanto, apesar de constituir um bom indicador, uma atmosfera rica em oxigénio ou ozono não é suficiente para concluirmos que existe vida num planeta. De facto, outros processos não biológicos podem também gerar atmosferas ricas em oxigénio, como acontece por exemplo com o efeito de estufa na atmosfera de Vénus. Por outro lado, sabemos também que gases como metano ou óxido nítrico são produzidos por organismos vivos: o gás metano é produzido por bactérias nos solos pobres em oxigénio, mas também pelos intestinos de vacas e ovelhas. O óxido nítrico é produzido por bactérias no oceano e nos solos pobres em oxigénio. Os cientistas julgam que o indício mais forte da existência de vida noutro planeta seria a detecção da presença simultânea de oxigénio, ozono, juntamente com metano ou óxido nítrico.

Claro que existe ainda a possibilidade de planetas sem oxigénio também possuírem vida. É possível que nesse planeta possa ocorrer um processo de fotossíntese simplesmente baseada noutro elemento químico, por exemplo o enxofre, que desempenharia o papel do oxigénio. Mas um tal processo significaria uma química da vida diferente daquela que conhecemos. Assim, na busca de vida no Universo, devemos pois ter bem presentes todas as suposições que colocamos acerca do significado de estar vivo.

O "Terrestrial Planet Finder" (TPF), uma missão do Jet Propulsion Laboratory (JPL, NASA) a ser lançada em 2014, consiste num conjunto de telescópios que usará técnicas de interferometria no infravermelho para detectar planetas terrestres, sendo capaz de detectar eventuais sinais de vida nas atmosferas desses planetas. Os sistemas planetários mais próximos de nós encontram-se a vários anos luz de distância mas, apesar disso, a ténue luz emitida pelos planetas, quando separada nas suas diferentes frequências, pode proporcionar uma grande quantidade de informação. Pelo estudo da radiação infravermelha detectada pelo TPF, os astrónomos poderão procurar gases atmosféricos tais como dióxido de carbono, vapor de água, e ozono.

Os melhores candidatos para um estudo mais aprofundado serão naturalmente aqueles planetas localizados na chamada "zona habitável", isto é, a zona em torno da estrela central na qual pode existir água no estado líquido (que é considerado uma condição necessária para o surgimento de vida). Se o planeta for demasiado quente, a água evapora-se podendo então existir apenas na forma de vapor, e se for demasiado frio, a água só poderá existir na forma de gelo. No caso do nosso sistema solar, a Terra encontra-se obviamente na zona habitável, que começa para lá da órbita de Vénus e não chega a atingir a órbita de Marte. Ou seja, a zona habitável no nosso sistema solar é relativamente estreita. Isto pode significar que a detecção de planetas extasolares em zonas habitávéis não será de todo trivial.

Fonte da notícia: http://www.jpl.nasa.gov/stars_galaxies/features/light_imprint.html