Descoberta a galáxia satélite mais próxima da Via Láctea
2003-11-17
Em cima: Ilustração do efeito gravitacional da nossa Galáxia na galáxia anã do Cão Maior. As forças de maré da Via Láctea vão desfazendo, a pouco e pouco, a galáxia anã do Cão Maior (mostrada aqui a vermelho), arrancando estrelas que formam um anel gigante à volta da Galáxia. Em baixo: A galáxia anã do Cão Maior (a vermelho) vista a partir da Terra. Esta galáxia vizinha encontra-se actualmente abaixo do disco da Via Láctea (a azul) e as suas estrelas confundem-se com as estrelas distantes do disco galáctico. Na verdade, o disco galáctico é mais espesso do que é mostrado aqui e a grande quantidade de poeira nesta direcção esconde a pequena galáxia anã. Crédito: Nicolas Martin & Rodrigo Ibata, Observatoire de Strasbourg, 2003.
galáxia
Um vasto conjunto de estrelas, nebulosas, gás e poeira interestelar gravitacionalmente ligados. As galáxias classificam-se em três categorias principais: espirais, elípticas e irregulares.
a colidir com a nossa Via LácteaUm vasto conjunto de estrelas, nebulosas, gás e poeira interestelar gravitacionalmente ligados. As galáxias classificam-se em três categorias principais: espirais, elípticas e irregulares.
Via Láctea
A Via Láctea é a galáxia de que faz parte o nosso Sistema Solar. Trata-se de uma galáxia espiral gigante, com um diâmetro de cerca de 160 mil anos-luz e uma massa da ordem de 100 mil milhões de vezes a massa do Sol.
. Chamada galáxia anã do Cão Maior por se encontrar na constelaçãoA Via Láctea é a galáxia de que faz parte o nosso Sistema Solar. Trata-se de uma galáxia espiral gigante, com um diâmetro de cerca de 160 mil anos-luz e uma massa da ordem de 100 mil milhões de vezes a massa do Sol.
constelação
Designa-se por constelação cada uma das 88 regiões em que se divide a abóbada celeste, por convenção de 1922.
do Cão Maior, a galáxia recém-descoberta dista cerca de 25000 anos-luzDesigna-se por constelação cada uma das 88 regiões em que se divide a abóbada celeste, por convenção de 1922.
ano-luz (al)
O ano-luz (al) é uma unidade de distância igual a 9,467305 x 1012 km, que corresponde à distância percorrida pela luz, no vácuo, durante um ano.
do Sistema SolarO ano-luz (al) é uma unidade de distância igual a 9,467305 x 1012 km, que corresponde à distância percorrida pela luz, no vácuo, durante um ano.
Sistema Solar
O Sistema Solar é constituído pelo Sol e por todos os objectos que lhe estão gravitacionalmente ligados: planetas e suas luas, asteróides, cometas, material interplanetário.
e 42000 anos-luz do centro da Via Láctea. A anã do Cão Maior é agora a galáxia mais próxima da nossa Galáxia que se conhece, destronando a galáxia anã do Sagitário, uma galáxia descoberta em 1994 que também se encontra em colisão com a Via Láctea.
O Sistema Solar é constituído pelo Sol e por todos os objectos que lhe estão gravitacionalmente ligados: planetas e suas luas, asteróides, cometas, material interplanetário.
A descoberta da galáxia anã do Cão Maior baseou-se nas observações do recente levantamento do céu no infravermelho
infravermelho
Região do espectro electromagnético compreendida entre os comprimentos de onda de 0,7 e 350 mícrones. Esta banda permite observar astros, fenómenos, ou processos físicos com temperaturas entre 10 e 5200 graus Kelvin.
2MASS (Two-Micron All Sky Survey). A galáxia anã ainda não tinha sido detectada por se encontrar por detrás do disco da Via Láctea. Mas observando a comprimentos de ondaRegião do espectro electromagnético compreendida entre os comprimentos de onda de 0,7 e 350 mícrones. Esta banda permite observar astros, fenómenos, ou processos físicos com temperaturas entre 10 e 5200 graus Kelvin.
comprimento de onda
Designa-se por comprimento de onda a distância entre dois pontos sucessivos de amplitude máxima (ou mínima) de uma onda.
do infravermelho, os astrónomos conseguem olhar para além das nuvens de poeira do disco na Via Láctea.
Designa-se por comprimento de onda a distância entre dois pontos sucessivos de amplitude máxima (ou mínima) de uma onda.
A nova galáxia anã foi detectada pelas suas estrelas gigantes
estrela gigante
Uma estrela gigante é uma estrela que terminou o processo de fusão de hidrogénio no seu núcleo e, por isso, arrefeceu e expandiu-se. As estrelas gigantes são o estado evoluído das estrelas anãs. Terminada a fusão de hidrogénio em hélio no núcleo, pode ocorrer um dos seguintes processos, ou os dois: a fusão de hidrogénio em hélio numa camada à volta do núcleo, ou a fusão de hélio em carbono e oxigénio no núcleo. As estrelas gigantes são muito luminosas: num diagrama Hertzsprung-Russell, o ramo das estrelas gigantes é mais luminoso do que a sequência principal. Exemplo de estrelas gigantes próximas de nós: Aldebarã, Arturus e Capela.
do tipo espectral M – estrelasUma estrela gigante é uma estrela que terminou o processo de fusão de hidrogénio no seu núcleo e, por isso, arrefeceu e expandiu-se. As estrelas gigantes são o estado evoluído das estrelas anãs. Terminada a fusão de hidrogénio em hélio no núcleo, pode ocorrer um dos seguintes processos, ou os dois: a fusão de hidrogénio em hélio numa camada à volta do núcleo, ou a fusão de hélio em carbono e oxigénio no núcleo. As estrelas gigantes são muito luminosas: num diagrama Hertzsprung-Russell, o ramo das estrelas gigantes é mais luminoso do que a sequência principal. Exemplo de estrelas gigantes próximas de nós: Aldebarã, Arturus e Capela.
estrela
Uma estrela é um objecto celeste gasoso que gera energia no seu núcleo através de reacções de fusão nuclear. Para que tal possa suceder, é necessário que o objecto possua uma massa superior a 8% da massa do Sol. Existem vários tipos de estrelas, de acordo com as suas temperaturas efectivas, cores, idades e composição química.
gigantes frias, vermelhas, que brilham principalmente no infravermelho. Foi esta classe de estrelas que localizou e delineou a forma desta nova galáxia, pois as estrelas das outras classes espectrais, embora sejam numerosas, não são suficientemente brilhantes para serem detectadas nestes comprimentos de onda. As estrelas do tipo M são particularmente úteis por se conseguir medir a distância a que se encontram, permitindo o mapeamento da estrutura tridimensional das regiões longínquas do disco da Via Láctea.
Uma estrela é um objecto celeste gasoso que gera energia no seu núcleo através de reacções de fusão nuclear. Para que tal possa suceder, é necessário que o objecto possua uma massa superior a 8% da massa do Sol. Existem vários tipos de estrelas, de acordo com as suas temperaturas efectivas, cores, idades e composição química.
Os investigadores detectaram o corpo principal da galáxia anã no Cão Maior e longas torrentes de estrelas ligadas ao corpo principal, como se pode ver na figura. A galáxia anã do Cão Maior possui apenas o equivalente a alguns mil milhões de sóis. É pouco provável que consiga se manter coesa por muito mais tempo, pois está a ser puxada e empurrada pela colossal força da gravidade da Via Láctea, que lhe vai progressivamente roubando estrelas e desfazendo-a. Parece que estas torrentes de estrelas que foram arrancadas à galáxia do Cão Maior podem, não só contribuir com estrelas para a região mais longínqua do disco da Via Láctea, mas também para a vizinhança do Sol
Sol
O Sol é a estrela nossa vizinha, que se encontra no centro do Sistema Solar. Trata-se de uma estrela anã adulta (dita da sequência principal) de classe espectral G. A temperatura na sua superfície é aproximadamente 5800 graus centígrados e o seu raio atinge os 700 mil quilómetros.
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O Sol é a estrela nossa vizinha, que se encontra no centro do Sistema Solar. Trata-se de uma estrela anã adulta (dita da sequência principal) de classe espectral G. A temperatura na sua superfície é aproximadamente 5800 graus centígrados e o seu raio atinge os 700 mil quilómetros.
Actualmente acredita-se que as grandes galáxias como a Via Láctea cresceram até às suas majestosas proporções por consumirem galáxias vizinhas menores. As galáxias que são canibalizadas contribuem com estrelas para os enormes halos das grandes galáxias. Contudo, até agora, não era evidente que até os discos das galáxias podem crescer desta forma. Simulações computacionais mostram agora que a Via Láctea tem vindo a roubar estrelas da galáxia anã do Cão Maior e a acrescentá-las ao seu próprio disco – e assim continuará a fazê-lo!
A galáxia anã do Cão Maior poderá ter acrescentado até 1% de massa
massa
A massa é uma medida da quantidade de matéria de um dado corpo.
à nossa Galáxia. Este resultado demonstra que a Via Láctea não está ainda na meia idade, pois ainda se encontra em formação. Interacções deste tipo que ocorreram no passado poderão ser responsáveis por algumas das características bizarras que observamos hoje na estrutura da Galáxia.
A massa é uma medida da quantidade de matéria de um dado corpo.
Um artigo descrevendo este trabalho de investigação liderado por Rodrigo Ibata (Observatório de Estrasburgo, França) será publicado na revista Monthly Notices of the Royal Astronomical Society este mês.
Fonte da notícia: http://astro.u-strasbg.fr/images_ri/canm-e.html